Por atuarem diretamente na linha de frente, os profissionais da saúde são muito lembrados durante a pandemia. Nas redes sociais, o que não faltam são homenagens e mensagens de agradecimento aos médicos pelo empenho no combate à Covid-19. No entanto, é importante se lembrar de que eles não estão sozinhos. Afinal, o tratamento bem-sucedido da doença depende também da atuação de vários outros profissionais, das mais diversas especialidades.
Para a Gestora do Instituto de Saúde do Centro Universitário Newton Paiva, Marcela Unes Pereira Renno, a pandemia evidenciou a importância de se contar com uma equipe de saúde multidisciplinar. “Nenhuma formação é completa, cada profissão tem seu ponto forte e seu conhecimento. E quando existe integração entre esses saberes, todos ganham”, avalia.
No tratamento da Covid-19, especificamente, a vantagem de se ter múltiplos profissionais atuando é a diversidade de perspectivas e abordagens, considerando o ineditismo da doença. Marcela destaca ainda a dificuldade para identificar um padrão de sintomas, principalmente por conta das particularidades de cada caso.
“O trabalho cooperativo tem proporcionado mais chances de sucesso, segurança e efetividade. O Coronavírus não nos deu outra opção: fomos obrigados a trabalhar de forma multidisciplinar. Sem isso, seria impossível decifrar o enigma desse vírus e consequentemente termos elementos para combatê-los. Sabemos que ainda temos o que aprender, mas, sem dúvida, caminhamos muito”, destaca Marcela.
Enfermeiros
Para os pacientes graves da doença, um dos profissionais mais importantes são os de enfermagem. São eles que atuam de forma mais próxima na assistência, aplicando medicamentos, monitorando, higienizando e zelando pela manutenção do conforto durante a internação. Fazem parte desse grupo os enfermeiros, técnicos e auxiliares.
Apesar de extremamente importante para o processo de recuperação, a proximidade entre esses profissionais e os pacientes têm seus custos. Na capital mineira, por exemplo, os técnicos de enfermagem são os mais atingidos pela doença dentre todos os que atuam na linha de frente. A informação é do boletim epidemiológico da Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), divulgado em setembro.
Demais especialidades
Marcela chama atenção também para a atuação dos fisioterapeutas, cujo trabalho é decisivo em casos de insuficiência respiratória. “Eles são responsáveis pelo manejo dos respiradores, que são as ferramentas capazes de melhorar a mecânica pulmonar e favorecer maior expansão da caixa torácica”, explica a especialista.
Como o conceito de saúde definido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) vai muito além da ausência de doenças, o bem-estar psicológico e emocional dos pacientes também deve ser considerado no tratamento da Covid-19. Além de prestarem assistência aos pacientes, os psicólogos oferecem suporte emocional aos familiares e também aos profissionais que apresentam sinais de contaminação.
Além dos psicólogos, também é importante destacar os profissionais dos medicamentos. Quando se fala em combate à Covid-19, um dos maiores obstáculos é a desinformação, principalmente no que se refere às opções de tratamento. Desde o início da pandemia, surgiram inúmeras supostas soluções para a doença. Nesse contexto, o auxílio de um farmacêutico é fundamental para identificar o que é realmente pertinente.
“Este profissional é o mais indicado para esclarecer a respeito da aquisição, controle e distribuição de medicamentos, bem como oferecer orientações sobre os efeitos colaterais e interações medicamentosas”, afirma Marcela.
Além disso, o farmacêutico está envolvido nas pesquisas e em toda a cadeia produtiva dos medicamentos, e faz parte de uma categoria estratégica no desenvolvimento da vacina e de remédios que possam neutralizar a ação do Sars-Cov-2 no organismo humano.
“As farmácias, pela sua capilaridade, e o farmacêutico, pela sua competência e disponibilidade, representam a primeira possibilidade de acesso ao cuidado a pacientes potencialmente infectados. Esses profissionais podem realizar triagem clínica e testes rápidos em casos suspeitos, assim como nos contatos próximos a esses, e a partir dos resultados, fazer o direcionamento, de acordo com a gravidade e risco de complicações, para os serviços de saúde adequados”, finaliza a especialista.