O Instituto Nacional de Câncer estima que, para cada ano do triênio 2020-2022, surgirão cerca de 625 mil novos casos de câncer no Brasil. A doença é o maior problema de saúde pública no mundo e já está entre as quatro principais causas de morte prematura – antes dos 70 anos de idade – em grande parte dos países. Com isso, a busca por tratamentos eficazes contra esse mal tornou-se uma prioridade para a ciência ao longo dos últimos anos.
Em meio aos diversos estudos e pesquisas, as células-tronco ganharam destaque e conquistaram significantes resultados no combate ao câncer. “Por possuírem a habilidade de originar diversos tipos de tecidos, são capazes de criar, por exemplo, componentes do sangue humano e do sistema imunológico. Por meio delas, formam-se os glóbulos vermelhos, que levam o oxigênio aos tecidos; glóbulos brancos, responsáveis por combater infecções; e plaquetas, que atuam na coagulação”, comenta Dr. Nelson Tatsui, Diretor-Técnico do Grupo Criogênesis e Hematologista do HC-FMUSP.
Um estudo realizado em camundongos laboratoriais, demonstrou que, após a inserção de células-tronco em seus cérebros, o tamanho dos tumores nos animais diminuiu em 15 vezes, além de aumentar a sobrevida mediana em 133%.
Em 2016, cientistas da University of North Carolina, Lineberger Comprehensive Cancer Center e UNC Eshelman School of Pharmacy obtiveram resultados promissores em estudos iniciais com “células-tronco caçadoras de câncer”, desenvolvidas a partir de células da pele. Foi observado que esse material biológico é capaz de rastrear e entregar medicamento para destruir possíveis células cancerígenas escondidas após a cirurgia de retirada de um câncer.
O transplante de células-tronco possibilita a realização de rádio e quimioterapia em doses mais altas, levando ao alcance mais preciso e eficiente na eliminação de células tumorais, além de permitir que o paciente restaure sua imunidade mais rapidamente. “Contribui para uma recuperação mais vertiginosa, garantindo uma melhora do quadro geral, do estado psicoemocional e da qualidade de vida do paciente”, destaca o médico.
Segundo o especialista, atualmente existe mais entendimento sobre o assunto, o que leva a melhores resultados. “Hoje em dia é possível fazer uma seleção de doadores com uma taxa de compatibilidade muito maior. Estamos alcançando resultados extraordinários e, com certeza, o tratamento será ainda mais promissor no futuro”, finaliza.