Vigilância ativa, robótica e radioterapia de precisão: o que há de mais moderno para câncer de próstata

Em todo o mundo, a diminuição das consultas de rotina e prevenção foi um dos efeitos colaterais mais negativos da pandemia de Covid-19. No entanto, quando se fala do câncer de próstata, tipo de câncer mais comum entre os homens no Brasil, a falta de acompanhamento médico é um problema ainda mais antigo. Isso porque os tumores na próstata, em sua maioria, evoluem de forma lenta e assintomática, e o diagnóstico precoce continua sendo a arma mais importante para o tratamento e a cura.

A próstata é uma pequena glândula situada abaixo da bexiga, existente apenas nos homens, que é responsável pela produção da maior parte do sêmen, líquido liberado durante uma relação sexual. Em 2020, quase 66 mil brasileiros foram diagnosticados com câncer no local e 16 mil vieram a óbito. Segundo o Dr. José Carlos Truzzi, urologista do Hospital Santa Catarina – Paulista, a idade avançada é o principal fator de risco para a doença e as consultas periódicas com um especialista são recomendadas a partir dos 50 anos para o público em geral, e aos 45 anos para quem tem histórico familiar.

“Sempre que há a possibilidade de intervir em uma fase inicial do câncer de próstata, as sequelas decorrentes do tratamento serão menores. Em alguns casos, quando se sabe que o tumor é de baixa agressividade, fazemos a chamada ‘vigilância ativa’, em que não são necessários remédios ou tratamentos invasivos, apenas avaliações constantes com o auxílio de exames como a ressonância magnética e o teste de PSA, um antígeno específico dosado em um exame de sangue, e a repetição de biópsias para conferir o grau de agressividade da célula”, explica o médico. “Já no caso de um tumor pequeno e ainda restrito à próstata, é possível removê-lo por completo por meio da cirurgia robótica, com chances enormes de se preservar estruturas importantes para a manutenção da potência sexual e da continência urinária”, completa o Dr. Truzzi.

Robótica também auxilia na radioterapia

Enquanto tratamentos como a hormonioterapia podem ser complementares no enfrentamento ao câncer de próstata, a cirurgia e a radioterapia de precisão podem proporcionar a cura da doença. De acordo com o Dr. Lavoisier Fragoso de Albuquerque, radio-oncologista do Hospital Santa Catarina – Paulista, como a próstata fica situada profundamente na pelve, sua posição é constantemente alterada pelo conteúdo de urina da bexiga e os gases do aparelho digestivo. Por isso, no passado, órgãos como o reto e a bexiga podiam ser afetados durante a radioterapia, gerando sangramento e dores para o paciente.

“Hoje, com o auxílio de uma mesa robótica, é possível direcionar doses elevadas da radioterapia diretamente para a próstata e com menor toxicidade. Isso garante um tratamento mais rápido, podendo ser encurtado de 42 dias, como era tradicionalmente, para 10 ou até 5 dias”, explica o Dr. Lavoisier. “O equipamento disponível no Hospital Santa Catarina permite seis movimentos similares ao de um avião, em que se pode levantar a cabeceira, a cauda, inclinar para os lados, ajustar a altura ou a lateralidade e até realizar movimentos angulares. Usamos marcadores fiduciais na próstata e através deles e dos recursos da mesa robótica, o tratamento atinge a região mesmo que ela esteja sendo deslocada pela bexiga e o reto”, conclui.

A importância do acompanhamento

É importante lembrar que o câncer, em si, não causa a diminuição da potência sexual ou a esterilidade, mas os tratamentos podem aumentar as chances de disfunção erétil e infertilidade, embora esses inconvenientes tenham sido reduzidos com as tecnologias robóticas. Em todos os casos, o paciente deve discutir com o médico os riscos e benefícios de cada procedimento, levando em conta os efeitos colaterais.

“Nos últimos anos, temos observado uma maior procura dos homens pelo acompanhamento urológico, e temos realizado avaliações periódicas que permitem diagnosticar o câncer de próstata em fase favorável de tratamento. Infelizmente, por uma questão cultural, alguns homens ainda têm receio ou constrangimento, por vezes relacionados ao exame da próstata, que é realizado pelo toque retal. É sempre importante ressaltar que o procedimento é rápido, indolor e não tem efeitos colaterais. Isso pode fazer toda a diferença na sobrevida do paciente junto aos seus familiares e amigos queridos”, afirma o urologista José Carlos Ibanhez Truzzi.

Redação

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