O uso da robótica pode ser bom para realizar uma cirurgia de tireoide?

Para o Dr. Flavio Hojaij, a resposta é não, pelo menos por enquanto! Na sua opinião, a inexistência da pequena cicatriz no pescoço – porém com uma incisão maior, a distância -, não justifica o uso de robô para a quase totalidade dos casos.

“Temos que ter parcimônia. Mesmo no caso de pessoas muito expostas, como atores, repórteres de TV ou modelos, na minha opinião, não vejo grande problema, pois, a cicatriz é muito pequena. Esse seria o único ponto positivo em usar um robô. Já os pontos negativos são muitos”, observa o especialista em cirurgia de cabeça e pescoço, Professor Livre Docente da Faculdade de Medicina da USP e Secretário da SBCCP (Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço).

As cirurgias robóticas aumentam o tamanho das incisões (que ficam internas), criam um descolamento anatômico e tecidual muito grande. No caso de retirada da tireoide, demoram mais e a recuperação do paciente pode levar mais tempo. Uma cirurgia convencional de tireoide, com pequeno corte no pescoço, dura de 40 minutos a uma hora e o pós cirúrgico é de 24 horas, com muito menos dano tecidual.

A polêmica sobre o uso da robótica surgiu porque o equipamento tem sido adquirido por alguns hospitais de São Paulo. Ele foi desenvolvido nos Estados Unidos para cirurgias abdominais e foi adaptado para cirurgias de cabeça e pescoço. Algumas cirurgias têm sido feitas por dentro da boca, outras pela região cervical (atrás do pescoço) e outras pela lateral do corpo, abaixo da clavícula.

“As abordagens cirúrgicas com o robô são muito invasivas, com cicatrizes internas grandes. O paciente toma anestesia para um período maior e, por isso pode ter uma recuperação demorada. Eu não pretendo operar uma tireoide com o auxílio de um robô, por dentro da boca”, afirma o Dr. Flavio Hojaij. Já para as ressecções trans orais, de tumores da faringe e laringe, ele acha que pode ser positivo.

Vale lembrar que a cirurgia robótica para tireoide ainda está em avaliação pelo FDA, dos Estados Unidos. Aqui no Brasil já existem grupos fazendo cirurgias com o robô e estudos devem ser finalizados e publicados brevemente.

Redação

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