783 milhões de adultos viverão com diabetes até 2045, revela relatório

Novos números divulgados na 10ª edição do Atlas de Diabetes da Federação Internacional de Diabetes (IDF), lançado neste ano, revelam que 537 milhões de adultos estão vivendo com diabetes em todo o mundo – um crescimento alarmante de 16% desde as estimativas anteriores da IDF em 2019. O relatório ainda indica que, em 2045, um em cada oito adultos viverão com diabetes. Isso representa um aumento de 46%, mais que o dobro do crescimento populacional estimado (20%) no mesmo período.

A diabetes, assim como doenças cardiovasculares, doenças respiratórias crônicas (bronquite, asma, rinite), hipertensão, câncer e doenças metabólicas (obesidade, diabetes, dislipidemia) fazem parte do grupo das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs). Atrelado a isso, a má alimentação no início da vida pode levar a obesidade, que é um dos causadores da diabetes, levando em consideração que existem dois tipos da doença: a diabetes tipo 1, que é associada a predisposição genética e fatores hereditários e a tipo 2, que tem uma relação maior com a má alimentação e o sedentarismo.

De acordo com a diretora-presidente do Instituto Opy de Saúde, Flavia Antunes Michaud, embora a genética tenha realmente um peso grande no quesito das DCNTs, o ato de prevenir é de suma importância. “No caso da diabetes, os maiores fatores de risco ainda são a má alimentação atrelada ao sedentarismo e a baixa identificação de pessoas doentes, fator que, consequentemente, atrapalha o acompanhamento da doença.

As DCNTs também são responsáveis por um alto custo aos cofres públicos. Um estudo realizado pelo jornal britânico The Economist, de 2020, revelou que o gasto total com o tratamento da obesidade adulta, que é um dos principais fatores de risco para o diabetes, bateu US$ 19bn (R$ 103,69 bilhões) no Brasil. Os custos representaram 1,37% do PIB nominal e 13,69% dos gastos com a saúde brasileira.

“Crianças e adolescentes que vivem com obesidade têm maiores chances de desenvolver doenças não transmissíveis (DCNTs) na idade adulta, como diabetes tipo 2, acidente vascular cerebral, hipertensão, e doença cardíaca coronária. “Além de identificar as pessoas com diabetes, endereçar os determinantes sociais da saúde para prevenir o surgimento da doença é, também, uma das maneiras mais eficazes de evitar o desenvolvimento de outras comorbidades, reduzindo simultaneamente os gastos públicos que poderiam ser investidos em outras ações”, enfatiza Flavia.

Com o objetivo de colaborar no combate a diabetes e outras DCNTs, o Instituto Opy de Saúde está apoiando o desenvolvimento de uma plataforma digital e gratuita, direcionada aos gestores municipais que, entre outras ações, irá ajudar os municípios na identificação e manejo de pessoas com diabetes na atenção primária à saúde. “A plataforma, chamada Impulso Previne, é liderada pela organização ImpulsoGov e está prestes a ser oficialmente lançada. Trata-se de uma plataforma pública com informações atualizadas de todo o Brasil. O Instituto Opy acredita que o trabalho da Impulso será um passo importante no enfrentamento a diabetes e de outras DCNTs, ao fortalecer a atenção primária em saúde nos municípios, onde as DCNTs devem ser prevenidas”, finaliza a diretora.

Dia Mundial do Diabetes é celebrado em 14 de novembro

O Brasil é o 5º país em incidência de diabetes no mundo, com 16,8 milhões de doentes adultos (20 a 79 anos). Com estes valores, o país perde apenas para a China, Índia, Estados Unidos e Paquistão. De acordo com informações do Atlas do Diabetes da Federação Internacional de Diabetes (IDF), existe uma conjectura de que a doença chegue em 2030 a 21,5 milhões no Brasil.

Já segundo informações da 10º edição do IDF (Federação Internacional de Diabetes ), cerca de 537 milhões de adultos entre 20 e 79 anos de idade estão vivendo com diabetes no mundo e este valor pode chegar a 643 milhões até 2030 e 784 milhões em 2045.

Levando estes números em consideração, o Dia Mundial do Diabetes, celebrado em 14 de novembro, foi uma data escolhida pela Federação Internacional de Diabetes (IDF) e pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para reforçar a conscientização a respeito da doença

Para a médica endocrinologista e presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) Regional Bahia, Thaisa Guedes, muitos fatores explicam esse dado, entre eles a falta de acesso à informação, ao diagnóstico e o tratamento adequado por grande parte da população.

Outros fatores de risco para o diabetes são: obesidade ou sobrepeso, pressão alta, colesterol ou triglicerídeos altos, história de pré-diabetes, diabetes gestacional ou presença de diabetes na família.

“Além disso, o sedentarismo e a má alimentação de muitas pessoas, com alimentos ricos em carboidratos e gorduras também contribuem para o aumento da doença”, pontua Thaisa, que também é professora do curso de Medicina da Rede UniFTC.

Tipos de diabetes – Diabetes é uma doença causada pela produção insuficiente ou má absorção de insulina, hormônio que regula a glicose no sangue e garante energia para o organismo. A insulina é um hormônio que tem a função de quebrar as moléculas de glicose (açúcar), transformando-a em energia para manutenção das células do nosso organismo.

O diabetes pode causar o aumento da glicemia e as altas taxas podem levar a complicações no coração, nas artérias, nos olhos, nos rins e nos nervos. Em casos mais graves, o diabetes pode levar à morte. Existem três tipos de diabetes: Tipo 1, Tipo 2 e Gestacional.

A diabetes Tipo 1, é uma doença crônica não transmissível e hereditária, que aparece geralmente na infância ou adolescência, mas pode ser diagnosticada em adultos também. Pessoas com parentes próximos que têm ou tiveram a doença devem fazer exames regularmente para acompanhar a glicose no sangue.

Já o Tipo 2, ocorre quando o corpo não aproveita adequadamente a insulina produzida. A causa do diabetes tipo 2 está diretamente relacionada ao sobrepeso, sedentarismo, triglicerídeos elevados, hipertensão e hábitos alimentares inadequados.

E a diabetes Gestacional ocorre temporariamente durante a gravidez. As taxas de açúcar no sangue ficam acima do normal, mas ainda abaixo do valor para ser classificada como diabetes tipo 2.

Prevenção – Para a médica Thaisa Guedes, a prevenção é feita com mudanças de estilo de vida, com uma alimentação balanceada, rica em verduras e legumes, prática regular de atividade física e controle de outras doenças pré-existentes como hipertensão ou colesterol alto.

Doença renal do diabetes é a segunda causa de ingresso na diálise no Brasil

Geralmente, lembrada por ser um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares, muitas pessoas não sabem que a diabetes também é uma das principais causas da doença renal crônica, que provoca lesões irreversíveis nos rins.

“A diabetes é a principal causa de doença renal crônica no mundo e a segunda causa de ingresso na terapia renal substitutiva no Brasil segundo o Censo da Sociedade Brasileira de Nefrologia de 2019, sendo responsável por 32% dos pacientes em diálise”, revela a nefrologista Dra. Luciana Soares Percegona, chefe do Serviço de Nefrologia e Transplante Renal do Hospital São Vicente Curitiba (PR).

Qualquer pessoa com diabetes pode desenvolver a doença renal do diabetes (também chamada de Nefropatia Diabética), que provoca lesões progressivas nos rins e pode evoluir para a doença renal crônica terminal. Em estágios avançados, pode ser necessário diálise ou transplante renal. “Não é obrigatório o paciente diabético estar em diálise para entrar na lista de espera para o transplante, mas precisa ter uma função renal menor que 15ml/min”, explica a nefrologista.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), o número de pessoas com doença renal crônica avançada é crescente – atualmente, são mais de 140 mil pacientes em diálise no país. A estimativa é de que em 2040 a doença renal crônica possa ser a 5ª maior causa de morte no mundo.

“Está ocorrendo um aumento da doença renal crônica devido ao envelhecimento da população e pelo aumento de casos de obesidade, diabetes e hipertensão arterial. A prevalência da doença renal crônica no mundo é de 7,2% para indivíduos acima de 30 anos e varia de 28% a 46% em indivíduos acima de 64 anos”, revela Dra. Luciana Soares Percegona.

Controle para um diagnóstico precoce

A nefrologista explica que quanto mais controlada estiver a glicemia, menor é a chance de o paciente evoluir para a doença renal crônica. “Não é apenas tomar a medicação, mas fazer o controle rigoroso com o médico assistente para verificar através do exame físico, o peso, a pressão arterial e alterações retiniana, e por meio de exames laboratoriais avaliar o controle da glicemia, do colesterol e da função renal”, detalha.

A presença de microalbuminúria, que pode ser detectada em um simples exame de urina, é um dos sinais iniciais de que existem lesões nos rins. “Nos pacientes portadores de diabetes tipo 1, a prevalência de microalbuminúria é de 22% após 5 anos do diagnóstico da doença. Entretanto 2,7% dos pacientes com diabete melito tipo 2 já têm microalbuminúria no momento do diagnóstico da diabetes”, pontua Dra. Luciana Soares Percegona.

Quando a doença renal crônica é diagnosticada de forma precoce, na maioria dos casos pode ter sua progressão controlada. Contudo, ela é silenciosa, por isso a importância do acompanhamento médico. “A progressão da doença renal crônica é lenta, permitindo que o organismo se adapte à perda da função renal e, em muitos casos, os sintomas só acontecem num estágio avançado da doença”, afirma a nefrologista.

Dra. Percegona ainda destaca que é necessário prestar atenção a alguns sinais que podem indicar a doença, como a noctúria (necessidade de se levantar várias vezes à noite para urinar), alteração no volume, cor ou presença de espuma na urina, inchaço nas pálpebras, nos tornozelos e pés, fraqueza, perda do apetite, náuseas e vômitos.

“Mas, a prevenção ainda é a melhor estratégia. Consultas periódicas, controle rigoroso da glicemia e da hipertensão, redução do peso, parar de fumar, além do controle dietético e atividade física são medidas fundamentais para prevenir ou reduzir a evolução para doença renal crônica terminal em um paciente diabético”, ressalta Dra. Luciana Soares Percegona.

Redação

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