Uma nova pesquisa sugere que os sintomas de ansiedade em adultos de meia-idade podem ser um indicador do estágio inicial da doença de Alzheimer.
O estudo, liderado pela Monash University Turner Institute for Brain and Mental Health, e os pesquisadores Stephanie Perin e o professor associado Yen Ying Lim, examinaram a relação entre os sintomas de depressão e ansiedade, memória e pensamento, em 2.657 adultos de meia-idade.
A ansiedade mais elevada está relacionada a uma atenção e memória insuficientes.
“A observação de que os sintomas de ansiedade estão relacionados à memória fraca, particularmente em adultos de meia-idade, sugere que a ansiedade também pode ser um indicador do estágio inicial da doença de Alzheimer, ou que pode estar relacionada ao desenvolvimento de demência em alguns caminhos”, disse o professor Lim.
O docente disse ainda que os indivíduos com sintomas depressivos e ansiosos também relataram mais preocupações com sua própria memória e pensamento.
“Isso sugere que as preocupações subjetivas sobre a própria memória e habilidades de pensamento podem estar relacionadas a sintomas psicológicos ou de humor, ao invés de disfunção verdadeira na memória ou pensamento, pelo menos em adultos de meia-idade”, disse o professor associado Lim.
O professor Lim disse que as descobertas sugerem que os sintomas de ansiedade na meia-idade podem aumentar o risco de uma pessoa desenvolver demência mais tarde na vida.
“A triagem para esses sintomas pode ser um meio de identificar as pessoas que experimentam ou estão em risco de declínio cognitivo”, disse Lim.
“Mais pesquisas são necessárias para entender exatamente o que está acontecendo no cérebro que liga os sintomas de depressão e ansiedade ao declínio cognitivo e, em última análise, ao desenvolvimento de demência”, finalizou.
Os resultados foram publicados no Journal of Affective Disorders.
Fonte: Stephanie Perin et al, Elucidating the association between depression, anxiety, and cognition in middle-aged adults: Application of dimensional and categorical approaches, Journal of Affective Disorders (2021). DOI: 10.1016/j.jad.2021.10.007
Rubens de Fraga Júnior é professor titular da disciplina de gerontologia da Faculdade Evangélica Mackenzie do Paraná. Médico especialista em geriatria e gerontologia pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG)