A Coorte Jundiaí (SP) do Zika recebeu nesta sexta-feira (10) o equipamento de estudo aerodinâmico da parceria com a Fiocruz. Com esse novo equipamento, a Faculdade de Medicina de Jundiaí e o Ambulatório do Zika no Hospital Universitário (HU) se tornam um dos centros colaboradores para avaliar as sequelas urológicas relacionadas à síndrome congênita associada ao vírus Zika (SCZ).
De acordo com o professor da FMJ, pediatra do HU e pesquisador responsável pela Coorte Jundiaí do Zika, Saulo Duarte Passos, entre as sequelas relacionadas a Síndrome Congênita do Vírus Zika (SCVZ) está a bexiga neurogênica (BN), uma alteração grave no funcionamento da bexiga passível de tratamento, que quando é feito precocemente melhora o prognóstico da criança e reduz em até três vezes os riscos urodinâmicos que levam à lesão renal (Costa Monteiro, 2017). “Metade das crianças que tiveram zika vão apresentar problemas na bexiga. Com esse exame, vamos poder proporcionar um diagnóstico e evitar patologias mais sérias no futuro”.
“Recebemos todos os equipamentos, sem custo e inicialmente iremos atender as crianças do projeto Zika e depois a comunidade. Profissionais do ambulatório juntamente com os da urologia da Faculdade de Medicina de Jundiaí (FMJ) participaram do treinamento e realizaram o primeiro exame na Coorte Jundiaí. Somos os pioneiros no estado”, completou Sr. Saulo.
Pesquisa com resultados
Esta sequela foi confirmada através de uma pesquisa pioneira no mundo, realizada em parceria FIOCRUZ/CAPES/CNPq/DECIT (Costa Monteiro, 2018 e 2019). Cerca de 50% dos pacientes tratados já foram reavaliados, e estão respondendo ao tratamento, inclusive com regressão de alterações urológicas avançadas que estavam presentes antes de tratar.
Com estes resultados, duas parcerias foram concretizadas na região nordeste, a mais afetada do país, e permitiram expandir o alcance deste diagnóstico. As investigações realizadas nas coortes de Campina Grande/PB (IPesq) e de Macaíba/RN (ISD) confirmaram a sequela.
O diagnóstico da bexiga neurogênica (BN) é feito pela realização de um exame específico, a avaliação urodinâmica, que é essencial para confirmar se a sequela está presente ou não. No entanto, de acordo com as informações disponíveis, somente 7% do total de crianças com Síndrome Congênita do Vírus Zika (SCVZ) confirmadas no Brasil tiveram seu sistema urinário investigado.
O que está ocorrendo com o sistema urinário dos outros 93% permaneciam uma incógnita, e estes pacientes poderiam estar perdendo a janela de oportunidade de reverter sequelas urológicas e tendo negado o direito eticamente garantido de acesso aos benefícios gerados pelos resultados da pesquisa.
Esta segunda fase da pesquisa visa corrigir esta falha, e fortalecer o cuidado a estes pacientes no SUS.
Resumo
Título do projeto: Fortalecimento do cuidado às crianças com sequelas urológicas relacionadas à síndrome congênita associada ao vírus Zika (SCZ)
Coordenadora: Lucia Maria Costa Monteiro (IFF/FIOCRUZ)
Financiamento: CNPq e Decit, através da Chamada CNPq/MS-SCTIE-Decit Nº 22/2019 PESQUISAS SOBRE DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS E NEGLIGENCIADAS
Instituições participantes com centros colaboradores:
- Instituto Fernandes Figueira/Fiocruz, Rio de Janeiro (RJ)
- Instituto Professor Joaquim Amorim Neto (Ipesq), Campina Grande (PB)
- Instituto Santos Dumont (ISD), Macaíba (RN)
- Universidade de Pernambuco, Recife (PE)
- Universidade Federal do Maranhão, São Luís (MA)
- Faculdade de Medicina de Jundiaí, Ambulatório Zika Hospital Universitário, Jundiaí (SP)