O Ministério da Saúde anunciou a inclusão de crianças da faixa etária de 5 a 11 anos no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19 (PNO). Esse público, estimado em 20 milhões de crianças, aguarda apenas a chegada das doses para iniciar a vacinação.
Com o aumento da disseminação de notícias falsas, pais e cuidadores de pacientes pediátricos oncológicos questionam se devem vacinar os seus filhos. “Sim, a vacina é segura para todas as crianças, inclusive aquelas em tratamento oncológico (imunossuprimida), que tenha doença ativa ou não. É recomendado que os responsáveis pela criança conversem com o oncologista para saber o melhor momento da vacinação, para que a resposta imunológica proporcionada pela vacina seja a melhor possível”, explica a Dra. Anna Claudia Turdo, infectologista do A.C.Camargo Cancer Center.
A especialista explica que a vacina da Pfizer, autorizada pela ANVISA para ser ministrada em crianças, usa uma parte de RNA sintético, feito em laboratório. “Não usa o vírus inteiro. Por isso, é segura para qualquer tipo de criança, seja com a imunidade baixa, com outras doenças inflamatórias, crônicas, entre outras”, pontua.
Por questão de segurança e indicação, a prioridade são as crianças com algum tipo de doença e imunidade comprometida, pois elas têm um grande risco de contrair a forma grave da Covid-19 e a vacina ajuda a reduzir esse risco. “Crianças com o sistema imune muito debilitado, por exemplo, podem não aproveitar todo o potencial de imunização da vacina. Também vem sendo avaliado doses de reforço para essa população, devido à chance de falha de imunização com esquema convencional pela menor produção de anticorpos”, destaca.
Estudos indicam que uma pessoa imunizada tem menor tempo de transmissibilidade do vírus e menor carga viral. “Dessa forma, reduz a capacidade de infectar o próximo, sobretudo um paciente em terapia oncológica que não pode receber o imunizante”, aponta o Dr. Carlos Eduardo Ramos Fernandes, pediatra do A.C.Camargo Cancer Center.
Mesmo as infecções se mostrando menos letais do que na faixa etária dos adultos, foram registrados mais de 300 óbitos com idade pediátrica no Brasil. Com a vacinação para crianças a partir de 5 anos de idade, essa taxa de letalidade deve reduzir, sobretudo nos indivíduos imunossuprimidos que são os mais vulneráveis.
“Paciente imunizado tende a ter menor tempo de duração dos sintomas e maior chance de permanecer assintomático durante a infecção. Com isso, é possível reduzir tanto os atrasos nos tratamentos quanto a alteração de protocolos terapêuticos”, explica o especialista.
Ainda vale destacar que não há evidência de maior ocorrência ou maior intensidade dos efeitos colaterais dentre os relatados para paciente oncológico pediátrico. “Além de proteger a saúde dos pequenos, a vacinação em massa ajuda a parar a circulação do vírus, pois quanto maior o número de pessoas vacinadas, mais barreiras contra a circulação viral teremos. Também é uma proteção indireta para familiares considerados como grupo de risco”, finaliza a infectologista.