O avanço tecnológico já traz grandes mudanças para a medicina. As tecnologias emergentes fornecem novas terapias e ferramentas de diagnóstico, sendo um dos principais focos oferecer qualidade de atendimento e redução de custos para usuários e empresas.
Alguns termos estão mais em alta como: metaverso, realidade virtual, realidade ampliada e realidade estendida. Apesar de parecer ficção científica, essas tecnologias já estão sendo utilizadas em diversas situações da medicina como, por exemplo:
Em procedimentos cirúrgicos. A realidade aumentada funciona como um navegador durante a realização do procedimento. Na aplicação prática, neurocirurgiões da Universidade Johns Hopkins já utilizaram a tecnologia em seus procedimentos médicos. As equipes usaram fones de ouvido da empresa israelense Augmedics, equipadas com um display que projeta imagens da anatomia interna do paciente, como ossos e outros tecidos, a partir de tomografias computadorizadas.
Localização de veias e válvulas. A AccuVein desenvolveu um scanner, de realidade aumentada, que se projeta sobre a pele e mostra para enfermeiras e médicos onde as veias e válvulas estão no corpo do paciente.
Treinamento de profissionais e estudantes. A Organização Mundial da Saúde (OMS) está usando realidade aumentada para treinar os envolvidos no tratamento da Covid-19. Um dos treinamentos envolve a técnica correta, a sequência da colocação e retirada do equipamento de proteção individual, por meio do smartphone. Já a empresa UConn Healt usa a tecnologia para treinar residentes de cirurgia ortopédica. Os médicos residentes e internos de medicina podem realizar virtualmente várias operações cirúrgicas em 3D, deste modo, os alunos podem errar e serem corrigidos pelo corpo docente para a próxima tentativa.
Do mesmo modo, a Miller Scholl of Medicine da University of Miami, que possui o Education Simulation and Innovation Center utiliza a realidade virtual e a realidade ampliada para treinar profissionais envolvidos no tratamento de pacientes com traumas, incluindo acidentes vasculares (AVC), infarto do miocárdio ou ferimentos por armas brancas ou de fogo. Os estudantes praticam desde cirurgias básicas a complexas, principalmente as cardíacas, interagindo no aprendizado de diversas matérias em um modelo do corpo humano chamado Harvey.
Tratamento de doenças psiquiátricas. A realidade virtual também é empregada, por psiquiatras, para tratar o estresse pós-traumático. Vários hospitais dos EUA já oferecem terapia psiquiátrica usando realidade virtual para veteranos de guerra como Iraque e Afeganistão. Nomeada de Bravemind, o tratamento tem como objetivo aliviar os sintomas do estresse pós-traumático. Usando o fone de ouvido, os pacientes podem ser imersos em muitas cenas virtuais diferentes, incluindo cidades temáticas do Oriente Médio e ambientes de estradas desérticas, possibilitando analisar momentos-gatilho.
Além disso, em 2020, um jogo de realidade virtual chamado EndeavorRX da Akili Interactive, se tornou o primeiro videogame com prescrição aprovado pelo FDA (Food and Drugs Administration) para tratar o TDAH em crianças.
Recentemente, a Microsoft apresentou o Mesh, uma plataforma para pessoas em diferentes locais no mundo participarem de experiências holográficas 3D em vários dispositivos. A empresa imaginou avatares de estudantes da área de saúde, aprendendo sobre anatomia, reunidos em torno de um modelo holográfico e retirando os músculos das costas para ver o que está por baixo.
Por fim, muitas são as novidades e evoluções. Imagino que no futuro teremos consultórios on-line, onde médicos e pacientes estarão virtualmente inseridos dentro do mesmo ambiente. Tecnologias permitirão a realização de exame clínico e/ou laboratorial à distância, com visualização holográfica de órgãos projetados em 3D exames de imagem on time, nano robôs sendo inseridos em nosso corpo, para rastreamento e tratamento de doenças. Pode parecer inimaginável, mas essa realidade já está bem próxima.
Walderez Fogarolli é diretora de gestão de saúde da WTW Brasil