Na pauta do mês de abril, entram as discussões relacionadas ao Dia Mundial da Saúde, celebrado no dia 7. A data, criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), é uma oportunidade de reflexão sobre políticas que devem ser implementadas ou aprimoradas para o bem-estar da população e a crise sanitária colocou luz nos déficits e nas urgências.
A importância dos profissionais da área da saúde ficou evidente nesse contexto. Segundo a coordenadora e docente do curso de Graduação em Educação Física do Centro Universitário Senac, Lívia Cristina Toneto, nesse extenso período de pandemia, no qual foram computados mais de 600 mil óbitos, o contingente de profissionais da área, da saúde, atuantes na linha de frente dos tratamentos foram os mais afetados, considerando os médicos, os enfermeiros, a equipe administrativa nas Unidades Básicas de Saúde, nos hospitais públicos e privados.
“Outros profissionais, em especial aqueles que trabalham na reabilitação dos indivíduos contaminados, em um segundo momento, também tiveram sua carga de trabalho aumentada significativamente. É válido informar que o bem-estar mental dos profissionais de saúde que atuam na linha de frente fica comprometido em tempos de pandemia por apresentar níveis médio-altos de ansiedade, depressão, nervosismo e insônia e, em menor grau, estresse”, explica Lívia Cristina.
Desafios adicionais
Sem dúvidas, a pandemia trouxe muitos desafios e aprendizados e, entre os mais significativos estão aqueles que versam sobre os desdobramentos das patologias e de suas manifestações, sobretudo no sistema respiratório, cardíaco, circulatório, bem como os que tratam sobre força muscular. Respostas frente à reabilitação, medicações e terapias não medicamentosas, como o exercício físico foram uma crescente em termos de pesquisas e protocolos.
De acordo com a coordenadora, em se tratando da síndrome pós-Covid, ou Covid longa, como também é conhecida, houve a necessidade de reorganização dos processos e protocolos. “Hoje, sabe-se da importância do exercício e alguns cuidados a serem tomados. Mas, ainda estamos pesquisando sobre a real efetividade desses programas na reabilitação pós-Covid. A literatura sugere que a mobilização precoce e o exercício físico são benéficos para indivíduos com a doença. No entanto, muito do que foi publicado é baseado na opinião de especialistas devido à falta de ensaios randomizados”, acrescenta.
Profissionais de Educação Física e de Radiologia ganham notoriedade
O trabalho do profissional de Educação Física em equipe multidisciplinar, considerando a atuação hospitalar, já existe e a categoria faz parte da Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) a partir da denominação ‘Profissional de educação física na saúde’. Na prática, existe reconhecimento desses profissionais dentro do Sistema Único de Saúde (SUS), estruturando e realizando atividades de promoção a saúde por meio das práticas corporais mais diversas, como o atendimento domiciliar, consultas compartilhadas, realização de atendimentos em grupo, atuação em redes de serviço, planejamento de ações de atividade física na prevenção primária, secundária e terciária no SUS, entre outras.
Especificamente tratando da atuação em relação à diminuição das sequelas da Covid, apesar de ser muito nova a associação entre as sequelas e as perdas neurológicas, segundo Lívia Cristina, sabe-se que o exercício físico previne a perda neurológica de outras doenças e retarda essa perda durante o processo de envelhecimento, algo que poderia estar associado à doença. “No desempenho de uma tarefa motora, existem ganhos cognitivos. No ganho de equilíbrio, há ganho neurológico a partir de novas conexões neurais, gerando um rearranjo neural. Para manter o corpo em equilíbrio, por exemplo, precisamos coordenar a contração dos músculos”, afirma a especialista.
Sobre eventuais adaptações na formação dos profissionais em momentos de crise, em situações como atividades para grupos especiais passa a existir o quadro de pacientes pós-Covid e o estabelecimento de protocolos a serem ensinados na universidade.
Ricardo Silva Simão, professor do curso de Tecnologia em Radiologia e pós-graduação em Tomografia Computadorizada e Ressonância Magnética do Centro Universitário Senac, explica que na área do diagnóstico por imagem, o profissional da radiologia apresenta um papel fundamental, contribuindo de forma extremamente relevante para o cenário pandêmico, pois em diversos estudos publicados, a tomografia computadorizada foi considerada padrão ouro no diagnóstico da Covid-19.
“O método de aquisição e formação das imagens por meio da radiologia convencional e da tomografia computadorizada proporcionaram subsídio excelente para o momento em questão. Estas modalidades formam imagens radiológicas do corpo humano com detalhes minuciosos da anatomia (principalmente a tomografia computadorizada), contribuindo com o médico para atingir um diagnóstico mais fidedigno, bem como para a análise detalhada dos campos pulmonares”, explica Ricardo.
Do ponto de vista técnico (operacional), o profissional passou a ser mais valorizado, pois assumiu papel importante durante a aquisição das imagens, sobre o controle de qualidade e o pós-processamento dos exames.
Por fim, tivemos muitos exemplos de heroísmo por parte dos profissionais da saúde, que inclusive colocaram as vidas em risco para salvar outras.