A Faculdade de Medicina de Jundiaí (SP) e o Ambulatório de pesquisa Zika no Hospital Universitário, coordenado pelo Prof. Dr. Saulo D. Passos, estão entre as seis instituições no Brasil que colaboram para avaliar as sequelas urológicas relacionadas à síndrome congênita associada ao vírus Zika (SCZ). Entre as sequelas relacionadas a Síndrome Congênita do Vírus Zika (SCVZ) está a bexiga neurogênica (BN), uma alteração grave no funcionamento da bexiga passível de tratamento, que quando é feito precocemente melhora o prognóstico da criança e reduz em até três vezes os riscos urodinâmicos que levam à lesão renal (Costa Monteiro, 2017).
E para estreitar ainda mais a relação com os outros centros, a professora e orientadora do Instituto Fernandes Figueira/FIOCRUZ, enfermeira Grace Ferreira de Araújo, esteve no ambulatório do HU para apresentar o Projeto Disfunção Miccional Bexiga Urodinâmica. “Essa primeira conversa é para demonstrar o quanto será válida essa integração dos atendimentos para tratar as crianças com sequelas”, explicou Grace.
Grace reforçou o objetivo deste projeto. “Consiste em avaliar e ampliar o cuidado com os pacientes que tem sequelas, propor melhorias na assistência, qualificar profissionais e serviços, unificar protocolos, aprimorar conhecimentos e divulgar resultados”.
A profissional foi recebida pela gerente assistencial do HU, Renata Gentil e pelo nefrologista do Projeto Coorte Jundiaí do Zika, Emmanuel Machado Oliveira, que enalteceu os benefícios do projeto. “É importante nesse momento o conhecimento dos sinais e sintomas da BN nas crianças expostas ou infectadas pelo Zika Vírus e as indicações da Urod para o diagnóstico precoce da BN e prevenção para agravos da saúde do paciente. Por isso a interação entre profissionais multidisciplinares, através de troca de conhecimentos para melhoria assistencial, torna-se necessário, hoje iniciamos com a parceria do hospital universitário, visando gerar multiplicadores para assistência, promoção e prevenção em polos que assistem essas crianças”, disse Dr. Emmanuel.
Contexto: A Coorte Jundiaí trabalha para ampliar o cuidado com os pacientes que tem sequelas urológicas por conta da Síndrome Congênita do Vírus Zika (SCVZ). Esta sequela urológica foi confirmada através de uma pesquisa pioneira no mundo, realizada em parceria FIOCRUZ/CAPES/CNPq/DECIT (Costa Monteiro, 2018 e 2019). Cerca de 50% dos pacientes tratados já foram reavaliados, e estão respondendo ao tratamento, inclusive com regressão de alterações urológicas avançadas que estavam presentes antes de tratar. O diagnóstico da bexiga neurogênica (BN) é feito pela realização de um exame específico, a avaliação urodinâmica, que é essencial para confirmar se a sequela está presente ou não.