O Programa de Cirurgia Robótica do Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre (RS) realizou nesta segunda-feira (2) a sua intervenção de número mil. O procedimento foi conduzido em paciente com câncer de próstata que descobriu o tumor há 45 dias. O homem de 62 anos está bem e deve ter alta nas próximas horas.
Segundo o coordenador do Núcleo de Cirurgia Robótica do hospital, André Berger, a cirurgia para tratamento do câncer de próstata é a mais realizada por meio dessa técnica. “É o procedimento número um com uso da robótica e que proporciona todos os benefícios da tecnologia, com controle do câncer e preservação da qualidade de vida do paciente”, reforça. O especialista, que é professor da University of Southern California (Los Angeles), destaca que os índices de preservação da continência (controle urinário) e também da função sexual são excelentes. “Com as abordagens aberta convencional e a laparoscópica, dificilmente era atingido esse nível de resultados”, explica.
Entre os principais benefícios da técnica em relação a uma cirurgia convencional estão cortes pequenos, com menos dor no período pós-operatório. A utilização de uma câmera de alta definição nas intervenções possibilita uma imagem em três dimensões com instrumentos altamente flexíveis, associados à experiência da equipe cirúrgica.
Segundo Berger, é possível fazer uma cirurgia mais precisa e com menos sangramento. “A necessidade de transfusão em pacientes submetidos à robótica é sobremaneira menor do que os submetidos à cirurgia aberta. Enfim, temos menos dor, menos sangramento, menos transfusão sanguínea, recuperação bem mais rápida para atividades de trabalho e até atividades físicas. Tudo isso propiciado pela experiência associada à tecnologia”, enumera.
Também na segunda-feira, foram realizadas outras duas cirurgias robóticas no hospital. Uma em paciente com câncer de rim e outra em paciente com hiperplasia benigna da próstata.
Educação e pesquisa
O Programa de Robótica do Hospital Moinhos de Vento foca ainda em educação e pesquisa. “Treinamos cirurgiões e outros profissionais da saúde, como os da enfermagem, para serem proficientes em cirurgia robótica.” Além disso, os dados dos pacientes obtidos em cirurgia, em sua grande maioria, são coletados prospectivamente no banco de dados do hospital. Dessa forma, são utilizados para trabalhos em conjunto, inclusive com outras especialidades como a Oncologia Clínica, e utilizados em outros projetos de pesquisa, já publicados em jornais de referência mundial. “Realizamos a cirurgia, educamos e geramos conhecimento. Praticamos medicina e ajudamos a desenvolvê-la e a avançá-la”, conclui Berger.
Recuperação rápida e com pequenas cicatrizes
José Amaro Thiesen, de 65 anos, passou por uma cirurgia robótica para a retirada da próstata, em agosto do ano passado. “Estou me sentindo muito bem, foi uma recuperação bastante rápida. Nos primeiros dias, devido à sonda, tive algum incômodo, mas, fora isso, tudo normal”, revelou. Até passar pela intervenção, Thiesen desconhecia a técnica. “Tive uma ótima equipe médica, foram pequenas cicatrizes”, complementou.
O catarinense José Jair Cardoso, de 70 anos, veio de Criciúma para tratar um câncer de próstata no Hospital Moinhos de Vento. Ele foi submetido a uma prostatectomia laparoscópica por robótica, em maio de 2020. “Essa nova tecnologia é uma benção. Tive um resultado espetacular, com possibilidade de cura e retirada da sonda 24 horas após a intervenção”, relatou.
Referência mundial
As cirurgias de próstata realizadas com o robô Da Vinci no Hospital Moinhos de Vento apresentam resultados expressivos. Até para o possível incômodo provocado pela sonda, em casos específicos, a equipe do Núcleo de Robótica encontrou uma solução. Em 2021, a instituição foi destaque no British Journal of the Urology, com uma mudança de protocolo que propiciou a retirada da sonda no pós-operatório ainda antes da alta, cerca de 24h após a cirurgia. “Mantivemos os resultados oncológicos, que já eram excelentes, através dos resultados funcionais de preservação da continência e da potência”, esclarece Berger.
Em virtude da expertise anterior, cirurgias avançadas para tratamento de câncer de bexiga (com reconstruções totalmente intracorporeal), rim e testículo também têm sido realizadas desde o início do programa. Nas especialidades de Cirurgia Geral, Digestiva, Colorretal, Torácica e Ginecológica, a tecnologia tem sido utilizada com regularidade e com excelentes resultados na instituição.
Cirurgia Robótica no Hospital Moinhos de Vento
O Hospital Moinhos de Vento foi a primeira instituição privada do Estado a oferecer a tecnologia, em janeiro de 2018. “Tínhamos uma demanda pela ausência dessa especialidade em hospitais privados do Rio Grande do Sul, e pacientes precisavam sair do Estado e até mesmo do país para ter acesso. Hoje, oferecemos para a sociedade gaúcha mais esta opção aqui, em Porto Alegre, seguindo os mesmos padrões do Johns Hopkins Medicine, nos Estados Unidos”, ressalta o CEO, Mohamed Parrini.
O Programa de Cirurgia Robótica do Hospital Moinhos de Vento está entre os melhores da América Latina com resultados oncológicos e funcionais entre os melhores do mundo. Em volume de cirurgias, é o maior da Região Sul do Brasil, além de apresentar a maior expertise para abordar casos robóticos complexos.