Estudo brasileiro mostra eficácia de quase 100% do tratamento endovascular para aneurisma cerebral

Acaba de ser publicado pelo Journal of Neurointervencional Surgery, um dos veículos médicos mais importantes do mundo, um estudo científico realizado por pesquisadores brasileiros a respeito da eficácia do tratamento endovascular para aneurisma cerebral.

Segundo o artigo científico, após seis meses de embolização, 70,1% dos 127 pacientes embolizados, com 177 aneurismas intracranianos tratados, tiveram a oclusão total dos aneurismas (fechamento total) e 87,3% tiveram oclusão favorável (quando existe enchimento de até 5% do aneurisma, quase uma oclusão).

Após 12 meses do procedimento, o resultado foi de 83,3% de oclusão total e 97,7% de oclusão favorável. Outra boa notícia é que, em relação às questões de segurança, 97,6% dos pacientes não apresentaram efeitos adversos graves durante período de acompanhamento de 12 meses e não houve mortalidade relacionada ao procedimento.

Para o Dr. Renato Tosello, médico Neurorradiologista Intervencionista, diretor-médico da Clínica Tosello e um dos autores do estudo, o Brasil firma-se como um importante centro de tratamento endovascular de aneurismas cerebrais a partir de constatações como as apresentadas nesta publicação. “Sabemos que, atualmente, o tratamento endovascular, também conhecido como embolização, é padrão-ouro para aneurismas cerebrais porque é o método menos invasivo e que permite a melhor e mais rápida recuperação do paciente. Sem a necessidade de abertura do crânio, essa cirurgia se dá com baixíssimos índices de complicações e óbitos, bem como grandes chances de cura em curto e médio prazos”, diz o médico.

O estudo foi realizado de dezembro de 2016 a setembro de 2019 e envolveu 127 pacientes com 177 aneurismas intracranianos, tratados em três centros diferentes.

Para ter acesso ao estudo, clique aqui: pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/35705359

Aneurisma Cerebral

O aneurisma cerebral é uma “dilatação” que se desenvolve em um local de fragilidade da parede de um vaso sanguíneo (artéria ou veia) que irriga o cérebro. Frequentemente, se forma na bifurcação das artérias intracranianas. Por causa da dilatação, a parede do vaso fica mais enfraquecida e afilada à medida que aumenta de tamanho, como se fosse a borracha de uma bexiga que vai ficando mais fina e frágil enquanto se enche de ar até romper. Ao se romper e sangrar, o aneurisma causa um AVC hemorrágico sendo o do tipo subaracnóide, o mais comum.

Sintomas

O aneurisma normalmente não causa sintomas enquanto está pequeno, não comprime tecido cerebral ou nervos adjacentes e mantém sua parede íntegra (ou seja, quando não há ruptura).

Dependendo da localização e do tamanho do aneurisma, ele pode pressionar o tecido cerebral e os nervos ao seu redor, podendo gerar alguns sintomas como dor de cabeça; dor acima e atrás de um olho; dilatação da pupila de um olho; mudança na visão ou visão dupla e dormência de um lado do rosto e do corpo.

Se a pessoa não procura assistência médica, mas o aneurisma cresce e um dia se rompe e sangra, os sintomas podem variar conforme a seriedade do quadro.

Das pessoas que sofrem de aneurisma roto cerca de 40 – 50% morrem e ao redor de 20 – 25% ficam com algum déficit neurológico moderado ou grave.

Por que o diagnóstico ainda é pequeno

Os diagnósticos precoces do aneurisma cerebral são poucos porque, justamente, não existe uma recomendação médica para um check-up neurológico preventivo – um erro que pode custar uma vida. “A cada dia, percebemos que é necessário fazer uma correlação entre doenças e as cardiológicas estão diretamente ligadas às cerebrais. Por isso, é importante realizar um checkup cardiológico e um neurológico anualmente”, aconselha o Dr. Tosello.

Redação

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