Começa a seleção de médicos do Espírito Santo para o curso de pós-graduação Lato Sensu em Hansenologia que será ministrado por especialistas da Sociedade Brasileira de Hansenologia (SBH). O curso é gratuito e promovido em parceria com a Secretaria Estadual da Saúde do Espírito Santo – a primeira turma brasileira já está em formação em Cuiabá (MT).
Na quinta-feira (30) foi lançado o edital, pelo Instituto Capixaba de Ensino, Pesquisa e Inovação em Saúde (ICEPi), para selecionar 20 candidatos com especialização ou residência em Clínica Médica, Dermatologia, Infectologia, Neurologia, Medicina de Família e Comunidade ou Medicina Preventiva e Social. O curso é destinado para médicos do Sistema Único de Saúde (SUS) nas esferas municipal, estadual ou federal no Espírito Santo.
Há 40 anos não existe um curso para formação de hansenólogo no país. O presidente da SBH, dermatologista e hansenólogo Claudio Salgado, explica que esta é uma ação fundamental para a estratégia de controle de hanseníase no país e lembra que em todas as regiões brasileiras onde a SBH ofereceu treinamentos e capacitação para profissionais da saúde da Atenção Básica o número de novos diagnósticos aumentou significativamente, o que confirma a endemia oculta no país. “Temos alertado autoridades brasileiras e estrangeiras a respeito do subdiagnóstico da hanseníase em vários países, inclusive o Brasil, em congressos médicos, em reuniões, audiências públicas e publicações científicas”.
Segundo Salgado, a doença não é enxergada, os médicos receiam confirmar o diagnóstico e os pacientes vivem anos passando por vários sérvios de saúde e com vários diagnósticos diferentes até que depois de cinco, dez ou mais anos a doença fica visível pelas sequelas e, então, o paciente tem maior chance de diagnosticar a hanseníase e tratar. “A gravidade deste cenário está no tempo em que o paciente segue contaminando seus comunicantes, o sofrimento com as dores que a hanseníase ocasiona, os riscos de cegueira, deformidades no rosto, mãos, pés, riscos de acidentes porque a doença afeta primariamente nervos e o paciente vai perdendo a sensibilidade e, finalmente, o risco de as sequelas tornarem-se incapacitantes e irreversíveis – o que não é raro”, explica.
O Brasil é o segundo país com mais casos de hanseníase – o primeiro é a Índia. “A formação de hansenologistas é o ponto inicial para uma estratégia sustentável na busca do controle da hanseníase no país”, alerta o presidente da SBH.
Curso
A primeira turma já está em andamento no Mato Grosso, por uma parceria entre a SBH, Secretaria Estadual da Saúde e Escola de Saúde Pública do Estado – serão formadas três turmas de 20 alunos cada uma. No Espírito Santo, em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde, também serão formadas três turmas, totalizando 60 alunos.
Segundo o ICEPi, do Espírito Santo, o objetivo da pós-graduação é formar profissionais especialistas em Hansenologia, garantindo capacidade técnica para a realização do exame clínico dermato-neurológico minucioso da pessoas com hanseníase, incluindo testes complementares, exames laboratoriais, manejos de tratamento e reações adversas, estados reacionais e tratamento adequado, técnicas de prevenção de incapacidades e reabilitação física, além de conhecimentos em saúde pública para o controle da doença e seus contatos familiares, exercendo de fato a vigilância epidemiológica da doença. O curso terá carga horária total de 440 horas e duração máxima de um ano, com previsão de início em agosto de 2022 e término em agosto de 2023.
As aulas acontecerão em diferentes campos de práticas em municípios da Região Metropolitana de Vitória, uma vez ao mês e de segunda à sexta, das 8h às 17 horas. Assim, totalizando 40 horas/aula por mês.
As inscrições podem ser feitas até 17 de julho, pelo site icepi.es.gov.br/editais/abertos.