Avanços na Medicina trazem esperança de sobrevida a paciente com Insuficiência Cardíaca

“Sem que eu começasse a falar, o senhor João, 73 anos, com insuficiência cardíaca, há dois anos, chegou em meu consultório e disse: ‘Dr., o que eu quero é poder brincar com a minha neta.’” Com esse relato, o cardiologista Miguel Morita, abriu oficialmente o Congresso Brasileiro de Insuficiência Cardíaca DEIC 2022, que ocorreu entre os dias 30 de junho e 2 de julho no Expo Unimed, em Curitiba (PR). “Com medicação, marca-passo… a três meses, o senhor João me ligou e disse que realizou o seu sonho de poder brincar com a sua neta aqui perto, no Parque Barigui. Mudar a vida dos nossos pacientes só é possível com o avanço da Medicina e é por isso que congressos como esse são tão importantes”, disse Morita, presidente do Congresso Brasileiro de Insuficiência Cardíaca.

Cerca de 1.200 médicos, estudantes de medicina e profissionais da área de saúde participaram do evento que contou com mais de 300 palestras nacionais e internacionais. Uma das mais esperadas fez parte da solenidade de abertura e traz esperança de maior sobreviva para casos de pessoas que precisam de um transplante de coração. Em transmissão on-line, o Dr. Muhammad Mohiuddin, cirurgião diretor do Departamento de Xenotransplante do Centro Médico da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, médico que liderou o transplante cardíaco com o primeiro coração de porco geneticamente modificado em humano, falou sobre o experimento. “Esse transplante realizado foi uma permissão única, muito específica, mas devido ao sucesso do procedimento, pois o paciente que iria morrer imediatamente, viveu por mais dois meses, eles estão inclinados a liberar nossos procedimentos”, contou Dr. Muhammad Mohiuddin, que faz estudos sobre a utilização de coração de porco há 30 anos.

O Dr. Fernando Bacal, cirurgião que mais realiza transplantes de coração no Brasil, e que moderou a palestra, explicou que o transplante realizado em janeiro ocorreu de modo compassivo. “Tratava-se de um paciente que não era elegível para transplante nenhum, estava em ECMO (oxigenação por membrana extracorpórea), uma espécie de coração artificial, e a única opção de vida era o transplante de coração de um porco”. Foram nessas condições que a FDA – agência reguladora de saúde dos Estados Unidos, aprovou o procedimento.

Devido aos resultados obtidos, Dr. Muhammad apontou que os órgãos reguladores estão mais propensos a liberar novos estudos de xenotransplante – como são chamados transplantes de uma espécie para outra, podendo ser células, tecidos ou mesmo órgãos.

No Brasil, Dr. Fernando Bacal anunciou que a Universidade de São Paulo está iniciando trabalhos na área e que alguns avanços podem ocorrer em 5 anos. “Está sendo montado na Universidade de São Paulo um laboratório para começar a estudar a genética desses porcos para ser aplicada em humanos. Isso demora muito tempo, desenvolver essas modificações genéticas não é simples e nem rápido. Imaginamos algo em torno de cinco anos”, diz o Dr. Bacal. “Os estudos pré-clínicos já estão em andamento e farão parte de toda a linha de pesquisa. O primeiro passo é montar o estatuto, toda a parte técnica, todos os aspectos dos animais, os laboratórios de genética”, pontuou o cardiologista.

Participação do Paciente

Um dos objetivos do Congresso Brasileiro de Insuficiência Cardíaca DEIC 2022 foi trazer os pacientes mais próximos para também poderem debater as novidades que chegam para problemas que eles conhecem tão de perto. “Essa aproximação é um ganho para o paciente, para a comunidade científica e para a sociedade como um todo. Fazer essa associação com a academia é muito importante, pois os pacientes querem cada vez mais informações e ser envolvidos na tomada de decisões”, disse a presidente do Instituto Lado a Lado, Marlene Oliveira, que participou no sábado, 2, da Mesa Redonda: “Como Trabalhar com Associações de Pacientes no Atendimento ao Paciente? Qual é o Papel das Associações na Jornada do Paciente?”, no auditório Arena, que contou também com a Associação Brasileira de Apoio à Família com Hipertensão Pulmonar e Doenças Correlatas (Abraf), Associação de Diabetes Juvenis e o Crônicos do Dia a Dia (CDD).

“Como cardiologistas, sempre soubemos o que queremos que o paciente faça, mas nunca ouvimos dos pacientes o que eles realmente precisam e o que querem ter de orientação”, afirmou o presidente do DEIC (Departamento de Insuficiência Cardíaca da Sociedade Brasileira de Cardiologia), o cardiologista Dr. Múcio Tavares de Oliveira Júnior.

Redação

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