Transplante de fezes ajuda pacientes com tipo de colite que afeta principalmente idosos internados

O intestino é um dos maiores órgãos do corpo humano e nele habitam mais de 1000 espécies de bactérias distintas. Essa grande flora intestinal, essencial para inúmeras funções relacionadas ao equilíbrio e à boa saúde, tende a permanecer estável ao longo da vida adulta, mas algumas condições como o envelhecimento, o uso de antibióticos, alterações do estilo de vida podem trazer perturbações com potenciais impactos no dia a dia.

Cada vez mais, esse tem sido objeto de estudo de inúmeras pesquisas no mundo interno, em diversas áreas da medicina, como câncer, alterações de humor, obesidade e doenças infectocontagiosas. Uma das situações mais conhecidas relacionadas a essas perturbações é colite pseudomembranosa. Esse tipo de infecção intestinal acomete, pincipalmente idosos internados, geralmente submetidos a tratamentos com antibióticos. “Ao eliminar os micro-organismos naturais da região com o uso de antibióticos para tratar outras condições infecciosas, abre-se oportunidade de uma bactéria mais patogênica popular a microbiota intestinal, atacando o organismo e levando ao desenvolvimento do quadro de colite”, explicam os Drs. Lucio Rossini e Matheus Franco, responsáveis pelos serviços de endoscopia digestiva do Sírio-Libanês em São Paulo e de Brasília.

Nessa população, é a causa de diarreia dentro do hospital mais comum e pode implicar, não apenas no prolongamento da internação, mas também em possíveis complicações, como dor, distensão abdominal, febre, desidratação e, em casos mais graves, até perfuração intestinal e morte.

O tratamento padrão desta condição prevê o uso de antibióticos específicos, mas ainda que eles sejam tomados de forma correta, o quadro pode não ceder ou recorrer. Sabe-se que nessas situações a chance de resposta com outros antibióticos ou mesmo com novos cursos do mesmo antibiótico diminui ao longo do tempo. Desde de a década de 50 estuda-se uma alternativa que pode parecer um tanto quanto estranha, mas que, ao longo do tempo se consolidou como um tratamento de bastante eficácia para os pacientes que tenha a doença recorrente ou refratária: o transplante de fezes (microbiota fecal). Essa técnica consiste em levar fezes, após rigorosa triagem e preparo, de um indivíduo saudável, portanto com uma flora bacteriana “normal”, para alguém doente, dando-lhe a chance de recolonizar o intestino e, portanto, tratar a condição. “Trata-se de um procedimento simples, por endoscopia ou colonoscopia, e que pode trazer a cura, quando os antibióticos falharam no tratamento. Os riscos de complicação, na maioria das vezes, são muito inferiores ao benefício da técnica, mas o procedimento precisa ser cautelosamente avaliado e conduzido por profissionais médicos capacitados”, explicam a dras. Juliana Drigo e Thicianie Fauve, gastroenterologistas dos serviços de endoscopia do Sírio-Libanês em São Paulo e em Brasília.

Apesar de já ser prática em muitos países no mundo, esse tipo de tratamento, até muito pouco tempo, não era validado pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo (CREMESP), que, após cuidadosa avaliação por sua câmara técnica especializada, reverteu seu parecer para permitir a realização desse tipo de procedimento. “O Hospital Sírio-Libanês trabalhou em parceria com o CREMESP para chegarmos à autorização desse tipo de procedimento, visto que ele é muito importante para idosos com esse tipo de colite e muito eficiente”, afirma o dr. Felipe Duarte, gerente de Pacientes Internados e Práticas Médicas do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. A partir de agora, com reconhecimento pelos órgãos reguladores da prática médica no Brasil, os centros de saúde poderão ofertar este serviço, atendendo aos requisitos de qualidade e segurança descritos no parecer divulgado. O Sírio-Libanês, que passou a oferecer esse tipo de procedimento desde então, se orgulha da sua trajetória de excelência e de pioneirismo no cuidado.

Redação

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