Tecnologia permite que pessoas com perda auditiva severa voltem a ouvir

Considerado um dos maiores avanços da medicina, o implante coclear é realidade na vida de, aproximadamente, 15 a 20 mil brasileiros, que ouvem graças a essa tecnologia. No entanto, muitos candidatos ao implante não conhecem essa possibilidade. “A tecnologia avança lado a lado com a medicina e com certeza haverá muita evolução nessa área nos próximos anos”, avalia o otorrinolaringologista, coordenador da residência médica, chefe do departamento de Otologia e do Grupo de Implante Coclear do Hospital CEMA, Dr. Andy de Oliveira Vicente. O médico, que já fez cirurgias em uma faixa etária ampla, explica que o implante é uma solução viável para muita gente.

A maior indicação de implante coclear é para pessoas com perda auditiva neurossensorial severa à profunda, que não obtiveram bom rendimento com o uso de aparelhos auditivos convencionais. Pessoas de todas as idades podem se beneficiar do implante coclear. Atualmente, já é possível fazer a cirurgia até em bebês. Com o aumento da expectativa de vida, idosos também podem se beneficiar da tecnologia. “Eu já realizei a cirurgia de implante coclear em pacientes com mais de 80 anos”, detalha o médico. Ele ressalta, no entanto, que, quanto mais tempo sem ouvir, menores são as chances de adaptação com o implante coclear. Isso porque as vias auditivas centrais acabam atrofiando após muitos anos de privação da audição, o que diminui muito a eficácia do implante.

O implante coclear é um aparelho que promove a estimulação elétrica do nervo auditivo em casos de perda auditiva severa a profunda, onde a orelha interna não é mais considerada funcional. “O implante faz um atalho e estimula diretamente o nervo auditivo”, explica o especialista. O implante coclear conta com duas partes: a unidade externa (processador de fala) – que fica visível e faz a captação de sons do ambiente, transmitindo as informações para a unidade interna, que é colocada na cirurgia e faz o papel do ouvido interno, traduzindo esses sons para o cérebro.

A cirurgia de implante coclear é rápida e segura, embora tenha que ser realizada por um cirurgião experiente, pois o ouvido é um órgão muito delicado. O procedimento tem a duração de 1 hora e meia para cada ouvido, a depender do caso. Andy Vicente, que já realizou mais de 300 cirurgias de implante coclear ao longo da carreira, explica que o diagnóstico para indicação do implante coclear é complexo e necessita ser muito preciso. Um mês após a colocação do implante (unidade interna), um profissional de fonoaudiologia ativa o aparelho e realiza o mapeamento ao longo dos meses. É necessário realizar uma terapia fonoaudiológica específica, principalmente nos primeiros 6 a 12 meses, após a colocação do implante.

Em constante evolução, o implante coclear já conta com recursos, como processadores de fala que permitem estratégias de estimulação mais eficazes, conectividade com smartphones, uso de aplicativos para regulagem dos aparelhos, a redução no tamanho dos implantes, formato mais anatômico e até mesmo a inteligência artificial. “Hoje o aparelho mais moderno do mundo está disponível no CEMA”, diz o especialista. Segundo ele, as pesquisas caminham para que, futuramente, o dispositivo seja totalmente implantável, deixando de ter a parte externa, mas os estudos ainda estão no início. Em outra frente, os cientistas pesquisam a regeneração das células auditivas com medicamentos regenerativos. “Porém, o que temos hoje já é bem evoluído. Os resultados auditivos estão melhorando cada vez mais, graças ao rápido desenvolvimento tecnológico que vem ocorrendo”, resume.

Redação

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