Sinusites e conjuntivites típicas do inverno aumentam risco da celulite ocular em crianças

Durante o outono e o inverno, as doenças do trato respiratório são muito prevalentes. Esse ano, particularmente, o número de casos dessas patologias tem aumentado bem acima da curva de outros anos.

Uma das explicações é o longo período de isolamento social imposto pela pandemia. Como as crianças ficaram em casa, estiveram menos expostas às doenças respiratórias comuns nos meses do outono e inverno.

O que poucas pessoas sabem é que algumas dessas doenças, como a sinusite, otite e, mais raramente, a conjuntivite, podem evoluir para as chamadas celulite periorbital e orbital, ou simplesmente celulite ocular.

Segundo Dra. Marcela Barreira, oftalmopediatra e neuroftalmologista, a celulite periorbital é a infecção da parte anterior (da frente) da pálpebra. “Nessa forma, os componentes da órbita e demais estruturas oculares não são afetados. Na orbital, a infecção atinge a órbita, o que inclui os músculos oculares e a gordura da região. Um ponto importante é lembrar que nenhuma das duas formas atinge o globo ocular”.

“Na maior parte dos casos, a celulite ocular atinge crianças pequenas. A razão é que a anatomia dos seios da face (ou paranasais) na infância ainda não está completa. Em geral, as cavidades dos seios paranasais são preenchidas com ar. Contudo, durante as infecções respiratórias, com resfriados e sinusites, essas cavidades podem ser preenchidas com muco”, explica a médica.

Como nas crianças os seios paranasais ainda não estão totalmente formados, a migração de bactérias e outros micro-organismos para a região ocular é significativamente maior.

Celulite Orbital é emergência médica

Dra. Marcela alerta os pais que a celulite orbital é uma emergência médica. “Trata-se de uma condição grave que pode evoluir para um desfecho muito ruim. A celulite orbitária pode causar danos no nervo óptico e, em outros casos, danos neurológicos. Caso a infecção se espalhe para a corrente sanguínea, há risco de sepse”.

Sem dúvidas, a sinusite é o principal fator de risco e quase sempre está presente nos casos da celulite orbital. Mais raramente, otites e conjuntivites podem aumentar o risco da condição, bem como picadas de insetos e traumas na região periorbital. Outras causas menos frequentes são a infecção dos ductos lacrimais e tumores.

Como diferenciar a celulite orbitária de outras condições?

Os principais sintomas da celulite periorbital e orbital são vermelhidão e inchaço nas pálpebras, além de dor no olho afetado. Contudo, esses sintomas podem ser facilmente confundidos com uma conjuntivite e até mesmo com uma alergia ocular.

“A celulite ocular é uma infecção. Portanto, a criança vai apresentar outros sintomas como febre, mal-estar geral e prostração. Nos quadros da celulite orbital, mais especificamente, há outras manifestações, que inclusive ajudam a diferenciar clinicamente as duas formas”, ressalta a médica.

“A criança pode ter visão dupla, dor importante na movimentação ocular, inchaço da conjuntiva chamada de quemose, pode ter baixa acuidade visual. Além disso, em casos mais graves, pode ocorrer uma proptose ocular, condição em que o globo ocular é empurrado para frente, o popular “olho esbugalhado”. Por fim, podemos ter a oftalmoparesia que afeta a movimentação dos músculos oculares”, afirma Dra. Marcela.

Diagnóstico e tratamento devem ser imediatos

A celulite ocular é tratada em ambiente hospitalar. Ou seja, a criança deve ser internada para iniciar, imediatamente, a administração de antibiótico na veia.

“A prevenção passa pelo tratamento adequado da sinusite e infecções do trato respiratório superior, em geral. Os pais devem ficar atentos aos sinais e sintomas e procurar um oftalmologista na presença dos sintomas citados assim que possível”, finaliza Dra. Marcela.

Redação

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