Litotripsia intravascular associada a uma angioplastia coronariana é a nova técnica disponibilizada no Hospital Unimed Chapecó, no oeste catarinense. O procedimento, pouco invasivo, é utilizado para o tratamento da doença arterial coronariana, que é o estreitamento de artérias do coração pelo acúmulo de gordura, que ao longo da vida vai se calcificando.
A doença arterial coronariana é a principal causa de morte no mundo, principalmente, nos pacientes que têm infarto. No Brasil, segundo dados do Cardiômetro (criado pela Sociedade Brasileira de Cardiologia), ocorrem mais de 1.100 óbitos por dia, cerca de 46 por hora, o que equivale a um falecimento a cada 90 segundos por doenças cardiovasculares, afecções do coração e da circulação.
De acordo com o cardiologista intervencionista Dr. Guilherme Luiz de Melo Bernardi existem três tipos de tratamento para doença arterial coronariana: o tratamento clínico com a utilização de remédios, a cirurgia de revascularização do miocárdio mais conhecida como “cirurgia de ponte de safena” e a angioplastia coronariana (utiliza um pequeno balão para dilatar a área obstruída do vaso e o implanta de stent, um pequeno tubo metálico que mantém a artéria aberta).
O médico explica que essa nova técnica foi utilizada pela primeira vez no Hospital Unimed Chapecó com o objetivo de desobstruir duas artérias do coração de um paciente que apresentava acúmulo de gordura, estreitamento e, consequentemente, obstrução do fluxo sanguíneo. “Essa gordura com o tempo calcifica, ou seja, fica com deposição de cálcio o que dificulta o tratamento com angioplastia. As artérias ficam mais duras e isso impede a passagem do material e a expansão do stent utilizado para tratar essas lesões”, explica o cardiologista.
O implante de stent em uma posição inadequada e com pouca abertura, ou seja, mal expandido, pode resultar com o tempo em complicações como novos estreitamentos da artéria no local do stent, novas obstruções no fluxo de sangue e trombose do stent (quando formam coágulos e o fechamento do dispositivo cardíaco).
“Para evitar esses inconvenientes é aplicada a nova técnica na artéria calcificada antes da inserção do stent. O cateter, denominado de Shockwave, provoca uma litotripsia intravascular localizada, ou seja, libera ondas de choque – semelhantes as utilizadas para quebrar as pedras nos rins – para fragmentar o cálcio depositado na artéria. Isso permite que a artéria fique mais elástica e possibilita a inserção do stent com expansão adequada, recuperando a luz do vaso”, explica.
Esse novo procedimento foi realizado em dois pacientes pela equipe de médicos cardiologistas intervencionistas do Hospital Unimed Chapecó. “A impressão da nossa equipe é de que a nova técnica com Shockwave foi imprescindível para o tratamento dos pacientes. Sem o dispositivo não teríamos conseguido colocar os stents na posição correta. É um procedimento inovador, que está disponível no Brasil há menos de dois meses. Sem dúvida passa a ser mais uma ferramenta em nosso arsenal para tratar nossos pacientes de forma mais segura e eficiente, retornando à circulação de sangue para o músculo do coração e prolongando a vida”, complementa Dr. Guilherme.
A equipe de médicos cardiologistas intervencionistas do Hospital Unimed Chapecó é composta por Julio Roberto Barbeiro (coordenador), Mateus Rossato, Adalberto Gloeckner de Meira, Rogério Tadeu Tumelero, Fernando Bernardi e Guilherme Bernardi.