Médico piauiense prevê faturar R$ 4 milhões em 2022 com curso de medicina humanizada

Wilderi superou uma infância pobre, se tornou médico e hoje, ensina sobre atendimento humanizado

A insatisfação com a forma que sua avó era assistida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na cidade de Picos, no interior do Piauí, fez com que Wilderi Sidney Guimarães resolvesse cursar medicina. De origem humilde, com uma renda familiar que girava em torno de R$ 700,00, o neto da dona Raimunda passou por muitas dificuldades financeiras e preconceitos até conquistar o tão sonhado diploma de médico. Formado pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Dr. Guimarães se especializou em Medicina de Família e Comunidade e atuou por anos como professor universitário na UFAM. “Depois que meu avô morreu, assumi a chefia da família. Eu tinha apenas 14 anos e a renda que tínhamos para pagar todas as contas era fruto da pensão que ele nos deixou. No cursinho pré-vestibular, estudava 14 horas por dia para conseguir minha vaga em uma federal, mas valeu a pena. Eu fui o primeiro da minha família por parte de pai e mãe a conquistar um diploma universitário”, conta Wilderi.

Mas ao começar sua carreira, Sidney viu que colocar em prática tudo que havia almejado para a sua profissão, com atendimentos humanizados e personalizados, não seria uma tarefa tão simples. “Eu queria muito dar uma vida melhor para a minha família e foi isso que eu fiz, mesmo antes de me formar: tirei eles do Piauí e levei para o Amazonas. Comecei a pagar um plano de saúde para a minha avó, mas foi então que eu vi que o problema não estava só no atendimento do SUS, como também em todo o sistema de saúde brasileiro, que é indiferente ao paciente e só foca em tratar patologias e não pessoas”, afirma. Depois de trabalhar como médico em comunidades indígenas e ribeirinhas no Amazonas e atender pacientes em diferentes clínicas e hospitais públicos e privados de Manaus, Guimarães se viu descrente da profissão e do seu propósito.

Afinal, no Brasil, ao contrário do que muita gente pensa, a realidade da maioria dos médicos é dura e lotada de horas e horas em plantões e inúmeros outros vínculos. Em resumo, sobra muito pouco tempo para que os médicos invistam em um atendimento mais personalizado. “Foi nessa rotina maluca de plantões e faculdade que eu me dei por conta do porquê de ter escolhido ser médico. Eu queria atender as pessoas de uma forma diferente, mas me deparei fazendo a mesma medicina desumana e pouco resolutiva que eu tanto critiquei no passado”, lembra Sidney.

Além dessa constatação, a experiência acadêmica fez com que o médico percebesse outra coisa: a faculdade e a residência não ensinava o viés humano da profissão. “No curso de medicina e até mesmo na residência, não aprendemos a atender as pessoas. Somos treinados para fazer diagnósticos e tratamentos. Depois que comecei a enxergar isso, passei a ter mais empatia pelos colegas. A maioria dos médicos não faz um mal atendimento de propósito, mas sim porque ele e eu fomos ensinados de que esse é o normal”, explica Wilderi.

Em 2018, em paralelo a sua rotina agitada de plantões de hospitais, atendimentos em consultório e a docência na universidade, Wilderi Sidney investe no estudo de temas fora dos livros de medicina, tais como criatividade, empreendedorismo, marketing, gestão, vendas, etc. Tudo isso culminou na criação do Círculo Virtuoso da Medicina (CVM), uma metodologia baseada em ciência que tem como um de seus objetivos conscientizar médicos sobre atendimentos mais humanizados para os pacientes e ao mesmo tempo valoriza o trabalho médico. Depois de algumas tentativas fracassadas de emplacar o negócio digital entre 2018 e 2019, foi apenas no ano de 2020, contudo, que o formato EAD realmente começou a dar certo. Tão certo que no final de 2020 o médico, educador e agora empreendedor digital conquistou a marca do primeiro milhão de faturamento. Em 2021, conseguiu dobrar esse valor e a previsão para 2022 é fechar o ano com faturamento de mais de R$ 4 milhões. “Os primeiros três lançamentos foram um desastre. No primeiro, em 2018, não tivemos nenhuma matrícula sequer. No primeiro semestre de 2019, quando eu estava quase desistindo, reencontrei um ex-aluno e amigo médico, O Artur Ribas. Firmamos uma sociedade que me deu um gás para continuar tentando. Daí as coisas começaram a melhorar e no segundo semestre de 2019 tivemos uns 30 alunos no total. Dessa vez, mergulhamos de cabeça no universo do marketing digital para entender as estratégias certas de lançamento. Eu sabia que o nosso método era bom, eu só não sabia como lançar isso para o mercado”, lembra Wilderi.

E a aposta foi certeira. Em 2020, o Círculo Virtuoso da Medicina faturou R$ 1 milhão. No ano seguinte, o médico piauiense comprou a parte do sócio e resolveu tocar o negócio sozinho, ano em que o faturamento dobrou e chegou a R$ 2 milhões faturados.

Para esse ano, a expectativa do médico é faturar entre R$ 4 e 5 milhões. “Hoje o CVM já tem quase mil alunos. São médicos de todas as partes do Brasil, homens e mulheres de quase todas as especialidades médicas, com idade entre 26 e 82 anos. O mais legal é ouvir os depoimentos deles e saber que estamos ajudando a mudar não só a vida desses médicos e suas respectivas famílias, mas também a vida de seus pacientes, fazendo diferença lá na outra ponta. É uma alegria inexplicável contribuir para o resgate da boa medicina no Brasil tanto para médicos como para seus pacientes, pois isso faz com que minha vida tenha muito mais sentido”, finaliza o empreendedor.

Redação

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