As pesquisas realizadas na Funfarme/Famerp, de São José do Rio Preto (SP), sobre hipermobilidade articular, conduzidas pelos fisioterapeutas e pesquisadores, Prof. Dr. Mateus Lamari e Profa. Dra. Neuseli Lamari, serão apresentadas no Simpósio Científico Internacional sobre Síndrome de Ehlers-Danlos (SED) e Transtornos do Espectro de Hipermobilidade (TEH) que será realizado até dia 18 de setembro, em Roma na Itália.
Durante o evento, considerado um dos mais importantes realizados no mundo sobre SED e TEH, será apresentando o estudo mais recente dos fisioterapeutas sobre a “Hipermobilidade nas crianças brasileiras”.
“Esses resultados contribuem no diagnóstico precoce e assertivo, evitando futuros problemas relacionados, diretamente e indiretamente, à Hipermobilidade Articular e a Síndrome de Ehlers-Danlos, que infelizmente ainda acontece muito hoje em dia. São decorrentes desta síndrome lesões musculares, ligamentares, desgastes articulares, problemas na coluna, hérnias de disco, alterações vasculares, gastrointestinais e, em casos mais graves, pode levar o paciente a morte”, explica o fisioterapeuta Dr. Mateus Lamari.
A pesquisa, que será apresentada durante o Seminário, mostrou que havia prevalência de hipermobilidade articular em 65,34% das mulheres examinadas, acima dos 15 anos. Os dados foram obtidos de prontuários de 482 indivíduos com hEDS e HSD atendidos entre 2012 e 2020. “Embora não se descarte a presença dela, em crianças de todas as idades e em homens, também. Mas é mais comum em mulheres, conforme demonstrou o estudo”, afirma Lamari.
Dra. Neuseli Lamari explica que a pessoa com hipermobilidade articular, muitas vezes, é vista como desastrada. “A criança ou jovem costuma cair muito. E muitas vezes, infelizmente recebe rótulos como estabanada. Mas as quedas se dão pelo fato de a frouxidão articular levar ao deslocamento involuntário de algumas articulações, seja nos braços, pernas e joelhos, entre outros músculos ou tendões”, explica o fisioterapeuta, especialista em SED.
“Além de se mover com extrema habilidade e se contorcer como um verdadeiro elástico, o corpo dessas pessoas pode esconder graves riscos para a saúde, como osteopenia precoce, artrite reumatoide e outros. Dentre as atividades mais conhecidas, praticadas por hipermóveis, está o contorcionismo, feito por artistas circenses, ou ainda, os dançarinos de ballet, que são exemplos clássicos de elevados níveis de flexibilidade articular, que um portador do defeito genético pode alcançar”, complementa a fisioterapeuta e pesquisadora.
Ainda de acordo com a fisioterapeuta, os prontuários desses pacientes foram reavaliados seguindo as diretrizes estabelecidas, em 2017, pelo método de Beighton, que implica na realização de alguns testes simples que podem identificar a existência de hipermobilidade articular genética (HAG), a partir de movimentos atípicos das mãos, como encostar o polegar no punho, ou sentar-se em posições de “W” e/ou “côncava”, dando indícios importantes da presença da (SED).