Há 17 milhões de pessoas em todo o mundo que vivem com paralisia cerebral (PC). Outras 350 milhões de pessoas estão intimamente ligadas a uma criança ou adulto com PC. Isso é o que diz a Associação Brasileira de Paralisia Cerebral. Ela pode ocorrer durante a gestação, no nascimento ou no período neonatal, causando alterações neurológicas permanentes que afetam o desenvolvimento motor e cognitivo. Porém, apesar de ser irreversível, crianças e adultos com PC podem ter uma vida produtiva, desde que recebam o tratamento adequado.
O dia 6 de Outubro é lembrado como o Dia Mundial da Paralisia Cerebral, que serve justamente para chamar a atenção para essa conscientização, esclarecer os mitos que muitas vezes existem, para ajudar os pacientes e a família, já que eles dependem muito da ajuda de várias especialidades médicas, tais como fisioterapia, fono terapia ocupacional, psicologia, neurologia, ortopedia e fisiatria. Um dos tabus mais comuns é de que a deficiência pode ser adquirida depois da infância, porém segundo especialistas, existe sim uma idade limite. A paralisia cerebral, geralmente, surge nos primeiros meses de vida.
Importância do Tratamento
As formas de tratamento são multiprofissionais e multidisciplinares, segundo Hélio van der Linden Junior, neurologista infantil do Instituto de Neurologia de Goiânia: “Geralmente, esse paciente costuma ter algumas complicações, que decorrem da paralisia cerebral, como atraso motor, deformidades esqueléticas, complicações ortopédicas, como escoliose. Então, o acompanhamento do neurologista, do fisiatra, do ortopedista, são fundamentais”, fala.
“E por outro lado, é essencial o acompanhamento de uma equipe multiprofissional de reabilitação ou de habilitação, nesse caso, a fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, psicologia, dentre outros. O tratamento é basicamente estimular o cérebro para que as áreas que não foram comprometidas, possam suprir totalmente ou parcialmente aquelas áreas cerebrais comprometidas. Isso se dá graças ao que a gente chama de plasticidade neuronal, que é muito mais intenso e eficaz, na infância do que no adulto”, explica.
Mais qualidade de vida
O tratamento e o grau da paralisia que vão interferir na qualidade de vida do paciente. Segundo o médico, “depende muito do grau da doença, porque a paralisia pode ser classificada de um a cinco dependendo do nível de gravidade, sendo cinco o mais grave. Se o paciente tem uma lesão mais focal que afeta apenas um lado do corpo, as chances são maiores de uma maior capacidade de reabilitação, conseguindo atingir uma vida sem muitas restrições, Outros, por exemplo, que só têm a parte motora afetada, que não apresenta lesão cognitiva, ou seja, têm a inteligência normal, apesar do corpo comprometido, podem chegar sim a um nível bom de independência, fazer faculdade, trabalhar e constituir família. Então tudo vai depender do grau”, completa.
“Mesmo pacientes com formas graves de paralisia cerebral podem ter uma qualidade de vida razoável, aliando uma boa equipe com um tratamento adequado, evitando maiores complicações da paralisia. Hoje em dia há uma gama enorme de tratamentos para a paralisia cerebral, que vai desde medicação a cirurgias. O importante é trazer realmente benefício na qualidade de vida do paciente e dos familiares”, finaliza Hélio.