Outubro Rosa não pode acabar dia 31

Movimento internacional de conscientização para a detecção precoce do câncer de mama, o “Outubro Rosa” foi criado no início da década de 1990, quando o seu símbolo principal — o laço cor de rosa — foi criado pela Fundação Susan G. Komen for the Cure e distribuído aos participantes da primeira Corrida pela Cura, realizada em Nova York (EUA). Desde então, é promovido anualmente.

O período é comemorado no Brasil e no exterior com o intuito de divulgar informações e promover o esclarecimento sobre o câncer de mama, a fim de contribuir para a redução da incidência e da mortalidade relacionadas à doença, bem como proporcionar maior acesso aos serviços de diagnóstico e tratamento e colaborar para a redução da mortalidade.

A campanha, de repercussão mundial, é promovida durante todo o mês de outubro. “É importante dedicar um mês inteiro para divulgar esse grande movimento. No entanto, a sociedade precisa encontrar formas de alertar sobre os perigos da doença que é uma das que mais mata mulheres no Brasil e no mundo, todos os meses do ano, talvez com a criação de dias de ‘Alerta rosa’. Um dia no mês que questione: você já fez o seu exame frequente? O diagnóstico precoce é fundamental e aumenta imensamente as chances de cura”, enfatiza a Dra. Raquel Moro, ginecologista e mastologista responsável pelo Núcleo de Ginecologia e Harmonização Íntima da Human Clinic.

A pandemia atrapalhou a iniciativa nos últimos dois anos. E, por conta da Covid-19, em 2020, por exemplo, o Outubro Rosa foi menos comentado. Pesquisa do Google divulgada com exclusividade pela BBC Brasil revela que o Brasil é o país que mais acessa informações sobre a campanha no mundo todo. Mesmo assim, em 2020, a redução no volume de buscas pelo assunto foi de 20% na comparação com 2019.

Agora, com o recuo expressivo dos casos de Covid e a maior flexibilização para o acesso aos locais e os deslocamentos nas diversas regiões do país, o movimento retomou fôlego. Infelizmente, há um alerta da campanha deste ano, que é bastante preocupante: especialistas estimam que ainda haja cerca de 60 mil casos anualmente no Brasil, e muitas mulheres desconhecem que têm a doença.

Em 2021, segundo dados do Ministério da Saúde, o câncer de mama matou, em média, quase 50 pessoas por dia no país. Na série histórica de 1996 a 2021, foram contabilizados 323,2 mil óbitos em 25 anos.

O INCA (Instituto Nacional do Câncer), órgão auxiliar do Ministério da Saúde no desenvolvimento e coordenação das ações integradas para a prevenção e o controle do câncer no Brasil, aponta o câncer de mama como a maior causa de morte em mulheres em todas as regiões do Brasil, com exceção da região Norte, onde sobressai o câncer de colo do útero.

Esse cenário só demonstra a importância do Outubro Rosa.

Prevenção e fatores de risco

A produção celular é constante em nosso organismo. Células morrem e outras nascem em um ciclo contínuo. O que acontece no câncer é que uma falha genética afeta o processo e a célula passa a criar novas cópias de si mesma de maneira descontrolada e irregular, formando o tumor, que pode atingir alguma parte do corpo e se espalhar para outros órgãos e tecidos, em um processo chamado de metástase.

De maneira geral, adotar uma vida saudável, fazer exercícios físicos, ter uma dieta variada e equilibrada, evitar o ganho de peso, não fumar e não exagerar no consumo de bebidas alcoólicas são medidas que ajudam a diminuir a probabilidade de se desenvolver esse tipo de câncer.

Entretanto, mesmo com essas medidas, o tumor pode aparecer. “Existem fatores de risco sobre os quais não temos controle. Os principais são o genético (ou seja, existem pessoas que carregam genes da doença) e a idade (a doença fica mais frequente com o envelhecimento)”, afirma a Dra. Raquel Moro.

Diagnóstico e prevenção

Quando surge uma suspeita, seja pelo autoexame ou por uma avaliação no consultório, é importante fazer a mamografia, exame de imagem que detecta os nódulos, mesmo os pequenos, que não são palpáveis. Se houver indícios de um quadro mais grave, a paciente é encaminhada para uma biópsia. Nesse procedimento, o especialista tira um pedacinho do caroço e manda para análise para confirmar se é maligno.

O autoexame é o conhecimento que toda mulher deve ter sobre seu próprio corpo. Se ela perceber qualquer alteração, como um caroço no seio ou na axila; dor ou inversão do mamilo; secreção no mamilo; inchaço ou vermelhidão; alguma descamação na mama ou no mamilo, deve informar imediatamente o médico.

Mas isso não substitui a necessidade de exames de imagem. São eles que auxiliam o médico a fazer o diagnóstico preciso da doença. Também podem revelar se o câncer se espalhou, podem ser úteis em tratamentos específicos e ainda determinar como está a resposta ao tratamento.

De acordo com o Instituto Oncoguia, 95% dos casos de câncer de mama diagnosticados no início têm possibilidade de cura. “Diagnosticar o câncer de mama logo no início é o maior aliado para um tratamento eficaz, aumentando assim as chances de cura e também a qualidade de vida”, aponta a ginecologista da Human Clinic.

Tratamento

São diverso e as possibilidades englobam: hormonioterapia (administração ou subtração de hormônios), quimioterapia (uso de substâncias químicas que afetam o funcionamento celular), radioterapia (uso de raios ionizantes para tratar os tumores), terapia-alvo (uso de drogas para atacar especificamente as células cancerígenas) e cirurgia (para retirada do tumor). “O plano terapêutico adotado deve ser definido pelo médico mediante a análise de todos os exames realizados e pelos dados fornecidos pelo médico patologista, após a realização da biópsia”, orienta a Dra.Raquel.

Redação

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