Nos últimos dois anos, as inovações ligadas à saúde tiveram um boom no Brasil e no mundo, devido à crise sanitária provocada pela pandemia da Covid-19. Segundo dados da Liga Ventures, em parceria com a PwC Brasil, o número de startups que oferecem soluções para o setor de saúde no país, as chamadas healthtechs, aumentou 16,11% entre 2019 e 2022, totalizando 545 iniciativas mapeadas.
Telemedicina, marketplaces de medicamentos, exames e diagnósticos, monitoramento hospitalar e gestão de processos foram algumas das tecnologias que tiveram um crescimento em 2022. Mas quais serão as tendências para 2023? Abaixo algumas delas para ficarmos de olho:
Agendamento de consultas online
Considerada líder global no segmento, a Doctoralia tem como missão tornar a experiência em saúde mais humana, atendendo diferentes públicos e oferecendo uma gama diversificada de serviços, como marketplace que permite agendamento e avaliação de consultas, sistema SaaS (Software as a Service) voltado para otimização da gestão do consultório, fluxo de pacientes e realização de teleconsultas.
De acordo com Cadu Lopes, CEO da Doctoralia, o investimento em tecnologias cada vez mais eficientes na área da saúde é imprescindível para garantir uma jornada realmente focada no paciente. “A inovação é uma grande aliada por oferecer uma redução do tempo de permanência do paciente em clínicas, hospitais e pronto atendimentos. Apesar de já observar um crescimento na procura por agendamento de consultas online atualmente, acredito que essa ainda será uma tendência muito forte em 2023, uma vez que a população tem demandado por novas experiências de atendimento”, explica.
Investimentos na experiência do paciente
A experiência do cliente vem sendo amplamente debatida pelos gestores da saúde, que buscam focar cada vez mais em um atendimento humanizado, a partir da metodologia conhecida como PX, sigla para patient experience ou experiência do paciente. Inclusive, segundo um levantamento da Digital Commerce 360 Statistics, organização líder em pesquisa, 81% dos executivos dos sistemas de saúde afirmam que aprimorar a experiência do paciente tornou-se prioridade para suas respectivas organizações e estarão no radar em 2023.
“O atendimento é parte fundamental da experiência do paciente. Presente em diversos pontos de contato com a instituição, o tratamento de forma respeitosa, acolhedora e empática, ao longo de toda a jornada do paciente, considerando o indivíduo em sua totalidade, isto é, além de sua enfermidade. Não à toa, dispor de um atendimento humanizado tornou-se item obrigatório e, por isso, as organizações investirão no próximo ano ainda mais em metodologias de NPS e outras métricas de satisfação, a fim de demonstrarem o forte compromisso pela excelência e cuidado para com o paciente”, afirma Tomás Duarte, cofundador e CEO da Track.co.
Metaverso
Com os recentes avanços e experimentações de novas tecnologias no setor da saúde, a ideia de um consultório, ou até mesmo, um hospital totalmente virtual a cada dia que passa, se torna mais factível. A Telemedicina já exerce o papel do contato digital entre médico e paciente, porém, quando falamos em Metaverso, criamos uma série de novas possibilidades. “No Metaverso é possível simular a experiência em um consultório tal qual ela é enfrentada por profissionais de saúde e paciente. Este cenário pode ser muito útil para o treinamento de profissionais, mas também com a adição de avatares que podem simular o comportamento de pacientes, outras possibilidades muito promissoras surgem na área da Saúde. O Metaverso já tem se mostrado uma ferramenta bastante útil para o tratamento de fobias, por exemplo”, explica Paulo Melo, Gerente Sênior do Manaus Tech Hub, espaço de inovação criado e mantido pelo Sidia Instituto de Ciência e Tecnologia.
Busca por atualização científica de maneira prática
Com o surgimento cada vez mais rápido de inovações e descobertas na área da saúde, a tendência é que profissionais da área busquem com mais frequência, caminhos para a atualização científica de qualidade de maneira prática. “Cursos, eventos, grupos de discussões e videoaulas, todos de forma online, vão atrair cada vez mais especialistas que precisam estar preparados e ao mesmo tempo, necessitam de ferramentas eficazes em meio a rotinas repletas de compromissos. A busca por conteúdos confiáveis e de fácil acesso, seguirá em alta”, diz André Brandão, CEO da Medictalks.
Cobots na indústria farmacêutica
Os robôs colaborativos devem ganhar cada vez mais espaço nas indústrias farmacêuticas, segundo Bruno Zabeu, Gerente de Desenvolvimento de Negócios da Universal Robots na América do Sul. “Os cobots são capazes de trabalhar com precisão e de forma ininterrupta, trazendo mais produtividade para as fábricas. Além disso, oferecem mais segurança para os colaboradores, já que podem trabalhar ao lado destes sem riscos e fazem tarefas repetitivas que tendem a prejudicar a saúde das pessoas. Assim, funcionários são migrados para atividades mais estratégicas. A tendência é que cada vez mais indústrias vejam os benefícios dos robôs colaborativos para a produção de medicamentos e embalagens”, informa.
Materiais de alta qualidade e precisão na área de ciências da vida
A indústria e academia necessitarão cada vez mais de itens de alta qualidade e precisão para aumentarem a eficiência de laboratórios e reduzirem custos e prazos. “A qualidade dos materiais laboratoriais faz toda a diferença para obtenção de resultados confiáveis no menor espaço de tempo possível. Esses fatores são cruciais quando falamos de produção e inovação tecnológica, seja voltada para cultivo celular, bioprocessamento, genômica, microbiologia ou química de precisão”, explica Flávio Guimarães, Presidente da Corning na América Latina e Caribe.
Atenção à saúde mental
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a saúde mental é uma das áreas mais negligenciadas da saúde pública. “Temos notado avanços nas lideranças de empresas no sentido do cuidado com a saúde mental de seus funcionários. O potencial da análise de dados de questionários sigilosos que fazemos com colaboradores, daqui para frente, poderá trazer cada vez mais resultados. Podemos avaliar, de acordo com as informações coletadas, quais gestores proporcionam ambientes de trabalho saudáveis para que as pessoas não adoeçam e possam conciliar vida profissional e pessoal e quais precisam reavaliar sua postura”, afirma Alekssandre Mesquita, CEO da Amar.elo Saúde Mental, graduada no ciclo 2022.1 do InovAtiva Brasil, maior programa de aceleração de startups da América Latina.
Plataformas de Software as a Service (SaaS) serão imprescindíveis para profissionais da saúde
A área de saúde passou por mudanças bruscas durante a pandemia, especialmente no que se refere à adoção de tecnologias capazes de melhorar processos, reduzir barreiras e otimizar o atendimento ao paciente. Desta maneira, o investimento em softwares com diversas aplicações continuarão sendo tendência no próximo ano. De acordo com o Mapeamento do Ecossistema Brasileiro de Startups 2022, realizado pela Associação Brasileira de Startups (Abstartups), 71,4% das healthtechs atuam com o modelo SaaS (Software as a Service) de negócio, utilizando ferramentas capazes de ajudar a fazer melhorias no setor. “Podemos notar que o setor de saúde e life science no ecossistema de startups tem preparado um terreno bastante fértil para inovar ainda mais e entrar nos consultórios, hospitais, clínicas e todos os outros espaços de atuação da saúde. O investimento em soluções que foquem na melhora da experiência no dia a dia no centro médico-hospitalar só tende a crescer”, finaliza Paulo Buso, diretor de marketing e vendas da Abstartups.
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