Brasil tem potencial para ser um dos maiores players mundiais na produção de Heparina

Os insumos farmacêuticos ativos são de extrema importância na fabricação de medicamentos pela indústria farmacêutica. Atualmente, 90% dos insumos utilizados no Brasil são importados da China e da Índia. Em 2019, o Brasil importou US$ 2,26 bilhões de insumos farmacêuticos ativos, evidenciando um aumento de 5,17% em relação ao ano de 2018 (US$ 2,14 bilhões).

Dentre os insumos mais importados, destaca-se a heparina: um anticoagulante obtido de fontes animais – mucosa intestinal suína e bovina -, muito utilizada nos procedimentos de hemodiálise. Além disso, ela também vem sendo testada no tratamento das complicações causadas pelo covid-19, o que só vem a aumentar sua demanda. Estimular a produção nacional desse insumo seria de suma importância para evitar uma futura crise sanitária, ainda mais nesse momento de tamanha vulnerabilidade pela qual o setor vem passando.

Sendo um dos maiores produtores de proteína animal do mundo, e com rastreabilidade, o Brasil tem plenas condições e altíssimo potencial de se tornar um dos maiores players mundiais na produção de heparina. “O Brasil tem potencial para se tornar um dos maiores produtores mundiais na fabricação da cadeia completa de heparina, uma vez que se destaca como um dos mais importantes produtores de proteína animal, o que nos proporciona matéria-prima em abundância e tecnologia adequada para processá-la e atender todo o mercado nacional, além de boa parte do internacional”, declara Norberto Prestes, Presidente Executivo da ABIQUIFI – Associação Brasileira de Insumos Farmacêuticos.

A baixa produção de insumos farmacêuticos no país e o seu grande volume de importação tendem a agravar o quadro da saúde pública nacional. Segundo Norberto, é necessário criar uma estratégia para o favorecimento e estímulo na fabricação de insumos como a heparina, de modo a se evitar futuros problemas nesse setor. “É necessário que o Brasil crie, o quanto antes, uma base para a produção de insumos e matéria-prima, de modo a atender as farmacêuticas que operam no país. Somente dessa maneira conseguiremos reverter esse cenário de vulnerabilidade sanitária pelo qual estamos passando e, desse modo, evitar futuros problemas na saúde pública”, complementa Prestes.

Além de uma melhora significativa no setor da saúde, sobretudo na pública, a produção nacional de insumos farmacêuticos contribuiria para o desenvolvimento de um setor estratégico e importante para a economia, estimularia a produção cientifica, a geração de empregos altamente qualificados, o aumento na exportação e redução no déficit na balança de medicamentos e geração de novas oportunidades de negócio.

Mesmo com muitos pontos a favor, será necessário um grande esforço do Governo, juntamente com a iniciativa privada, para que o Brasil seja colocado no mapa como um novo grande player na fabricação de insumos farmacêuticos, haja vista a necessidade de grandes investimentos nas áreas de inovação tecnológica e desenvolvimento, assim como mecanismos que possibilitem competitividade nesse mercado.

Redação

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