Incentivado por sua mulher durante a campanha Novembro Azul em 2019, Cid de Campos Bretas, 75, realizou naquele ano o exame preventivo de câncer de próstata, quando foi identificado um inchaço da glândula do sistema genital masculino.
Por conta da anomalia, a Unidade Básica de Saúde (UBS) de Itanhaém (litoral de São Paulo), onde foi atendido, encaminhou o senhor Cid ao Ambulatório Médico de Especialidades (AME) da Praia Grande, para a realização de novos exames, que incluía uma biópsia. E, para a tristeza de todos, ele foi diagnosticado com um tumor na próstata, de pequeno porte.
Diante da constatação, o paciente foi encaminhado para o Hospital Estadual Guilherme Álvaro, em Santos, que conta com serviços gerenciados pelo CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, onde se deu o início do tratamento de radioterapia (38 sessões).
Este ano, durante exames periódicos para o acompanhamento da evolução do tratamento, foi apresentada ainda uma anomalia, confirmada, em junho, como um aneurisma na aorta abdominal, com taxa de 5,5 cm e acometimento de ilíacas.
Como o senhor Cid acumulava comorbidades, como diabetes, hipertensão, dislipidemia e etilismo social, o cirurgião-vascular do hospital, então, recomendou a realização de uma cirurgia, por haver perigo iminente de rompimento da artéria, possibilidade diante da qual não haveria mais recurso para contenção. As evidências de complicação com ruptura mostram uma mortalidade que pode chegar a 90%.
“A princípio, fiquei meio cético, em dúvida, então decidi procurar saber mais. Conversei com o cirurgião-vascular e ele me encaminhou para a equipe da Hemodinâmica, onde conheci o Dr. João William Teixeira, médico vascular da equipe, que me explicou o procedimento detalhadamente. Então, decidi me submeter à cirurgia”, conta o senhor Cid.
Dr. João explica que o procedimento realizado no paciente foi de alta complexidade e executado em dois tempos.
“Havia outro agravante. Além da aorta estar dilatada, o senhor Cid tinha uma dilatação das artérias ilíacas. Então, foi preciso fazer um tratamento em estágios: primeiro entupir o aneurisma da ilíaca de um dos lados. Na ocasião, foi realizado um procedimento menor, uma embolização da ilíaca interna. Num segundo momento, o tratamento foi feito de forma completa e a embolização realizada do outro lado”, detalha.
A partir dos exames de imagens, o médico vascular fez as medidas para escolher a prótese mais adequada para o caso do senhor Cid. “A prótese reveste toda a aorta e o sangue passa por dentro dela, deixando de circular na área em que a parede é mais fraca”, explica.
O senhor Cid ainda está em acompanhamento, mas agora somente para monitoramento. “Ele é um paciente muito querido e ficou muito agradecido pelo tratamento. Nós sabemos que ele está bem porque ele se faz presente no nosso dia a dia”, afirma o especialista.
Em novembro, o paciente relata que foi até a unidade de Hemodinâmica agradecer à equipe pelos cuidados prestados ao longo de seu tratamento. “Todos os profissionais que eu conheço no Hospital Guilherme Álvaro sempre me trataram com o maior carinho e respeito. Sempre indico o atendimento do hospital, no qual já faço tratamento há mais de três anos.”
Aneurismas da aorta
Conforme Dr. João William, especialista pela Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, normalmente, o paciente está fazendo alguma outra investigação quando o exame de imagem aponta uma anomalia.
“Os aneurismas são traiçoeiros. Geralmente, o sintoma aparece quando o caso está agravado”, explica.
É importante realizar exames periódicos porque, apesar de ser evitável e tratável, a doença da aorta pode evoluir e atingir o tórax ou outras regiões. “Os aneurismas são condições graves que merecem, no mínimo, um acompanhamento anual com o médico vascular, pois é uma doença evitável que, sem o tratamento adequado, pode levar a óbito”, alerta.
No caso do senhor Cid, o diagnóstico foi de aneurisma de aorta abdominal. Porém, há outros tipos de aneurismas que requerem outros procedimentos cirúrgicos.
“Atualmente, com o tratamento que o hospital oferece, endovascular, os riscos são menores. Antigamente, a cirurgia era feita aberta, então o risco era muito maior, as complicações eram mais frequentes”, finaliza o médico, destacando que a principal causa da doença da aorta é o tabagismo.