Durante o mês da mulher, diversas pautas são levantadas com o objetivo de mostrar a importância de cada uma no ambiente de trabalho e também fora dele. Segundo dados da Receita Federal, a presença feminina tem se intensificado na área da saúde desde 2009, quando o índice de mulheres era de 40,5% e o de homens era de 59,5%. No ano de 2022, a proporção era de 51,4% de médicos e 48,6% de médicas e a inversão está prevista para o próximo ano, com estimativa de 50,2% de profissionais do sexo feminino.
De acordo com a Demografia Médica no Brasil 2023, o mais recente estudo sobre as características e a evolução da população de médicos no país, as mulheres serão maioria entre os médicos no Brasil a partir do ano de 2024.
Na Doctoralia, plataforma de agendamento de consultas médicas, 60% da sua base de profissionais de saúde é formada por mulheres. As 10 especialidades de saúde com maior presença de profissionais mulheres na plataforma são:
- Nutricionista (89,2%)
- Dermatologista (81,8%)
- Psicólogo (80,1%)
- Pediatra (79,9%)
- Ginecologista (74,6%)
- Endocrinologista (73,2%)
- Psicanalista (69,5%)
- Dentista (64,4%)
- Psiquiatra (48,9%)
- Oftalmologista (42,5%)
Segundo Christiane Ribeiro, psiquiatra, especialista em saúde mental da mulher e membro da Doctoralia, infelizmente em algumas áreas na saúde ainda existe um certo preconceito relacionado à mulher exercer determinadas funções.
“Já tive experiências pessoais relacionadas a isso. Em uma oportunidade que eu era mais qualificada do que outro candidato, preferiram escolher o outro por ser um homem, a justificativa era por ser psiquiatria, por lidar com pacientes mais agressivos, sendo que a capacidade de resolver as situações são as mesmas”, afirma Dra. Christiane.
De acordo com a psiquiatra, atualmente no Brasil existem mais cargos ocupados por mulheres na saúde, mas mesmo assim, não são valorizadas da forma que deveriam, principalmente por questões de média salarial. Além disso, temos uma presença grande de mulheres no mercado de trabalho informal, já que, por questões culturais, ainda são as mais responsáveis pelo cuidado com a família e filhos, e muitas vezes não têm a rede de apoio necessária, gerando consequências como ansiedade. “A cada quatro pessoas com ansiedade de duas a três são mulheres”, completa a especialista.
Já para a endocrinologista e membro da Doctoralia, Dra. Dhianah Santini, as mulheres necessitam passar respeito e credibilidade. “Nós precisamos nos impor, atitudes, formas de se falar, se vestir, para passar respeito e credibilidade junto com o domínio da profissão”, completa.
A especialista acredita que as mulheres são vistas como figuras importantes no ramo da saúde e não vê dificuldade de inserção. “A mulher passa cuidado e a beleza, coisas importantes na saúde que é até mais comum nas mulheres”, afirma. Dra. Dhianah completa que na área de atuação dela existe um número muito maior de mulheres comparado aos homens, pelo perfil da especialidade e também pela maior possibilidade de fazer a própria agenda.
“Acredito que a mulher tem condições de estar em destaque em todos os momentos da profissão, desde quando entra na faculdade até dentro das especialidades escolhidas”, ressalta a profissional.
Na área da dermatologia, por exemplo, a Dra. Camille Tostes, também membro da Doctoralia, afirma que por mais que a grande maioria seja mulher, os homens ainda se destacam. “Se formos comparar a porcentagem de mulheres e homens dentro da dermatologia, as mulheres são a grande maioria (77% segundo a SBD – Sociedade Brasileira de Dermatologia), portanto a porcentagem de professores palestrantes homens se destaca”, finaliza a especialista.
