Uma equipe de 12 médicos oncologistas da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, um dos principais hubs de saúde e referência no tratamento de câncer do país, embarca essa semana para Chicago (EUA) onde participa, de 2 a 6 de junho, das discussões sobre as mais recentes pesquisas clínicas e novos tratamentos de câncer na ASCO Anual Meeting, o maior congresso de Oncologia do mundo, organizado pela Sociedade Americana de Oncologia Clínica.
“A atualização médica é uma constante e todo ano vemos na ASCO uma ampla gama de descobertas e inovações na prevenção, no diagnóstico e no tratamento do câncer. Fazemos isto para oferecer sempre uma medicina de última geração aos nossos pacientes”, afirma Dr. Antônio Buzaid, diretor médico geral do Centro de Oncologia e Hematologia da BP.
Na edição deste ano, mais de 2.900 trabalhos científicos serão apresentados sobre diversos tipos de câncer. E a BP, que vem ampliando ano a ano sua atuação em pesquisas científicas, vai apresentar no dia 4 de junho o pôster “Eficácia da supressão ovariana com gosserrelina trimestral versus mensal em pacientes com câncer de mama na pré-menopausa”, a partir de pesquisa desenvolvida pelos oncologistas da instituição.
Com oito autores, a pesquisa sobre câncer de mama realizada entre 2020 e 2023 no hub de saúde avaliou a eficácia da supressão ovariana em pacientes com câncer de mama receptor hormonal positivo, na pré-menopausa, que receberam tratamento com gosserrelina mensal ou trimestral como terapia endócrina. “Um dos pilares do tratamento do câncer de mama na pré-menopausa, principalmente em pacientes com alto risco de recorrência do tumor, é a hormonioterapia associada a supressão ovariana. A gosserrelina é um análogo do GnRH que atua na inibição do estradiol produzido pelos ovários nas mulheres na pré-menopausa”, explica a oncologista Dra. Daniella Audi, da BP, uma das autoras do estudo. “É muito comum ainda o uso de gosserrelina mensal na maior parte dos centros, pois os grandes estudos da literatura usaram uma formulação mensal. Entretanto, na nossa prática clínica observamos que a formulação trimestral de gosserrelina se mostrava bastante eficaz”, explica.
Devido à escassez de dados nesse cenário, a equipe da BP desenvolveu um estudo retrospectivo com análise de prontuários eletrônicos das pacientes com câncer de mama na pré-menopausa que receberam esse tratamento na instituição nos últimos 10 anos. Foram avaliadas 88 pacientes, das quais 27 receberam gosserrelina mensal e 61 gosserrelina trimestral, sendo utilizado um método ultrassensível, chamado espectrometria de massa, mais preciso, para a aferição dos níveis de estradiol. O resultado da pesquisa indicou que cerca de 40% das pacientes que fizeram a aplicação mensal tiveram pelo menos uma aferição de estradiol acima do limite desejado e no grupo trimestral somente 14%, configurando uma diferença com significância estatística. “Nosso estudo sugere que a aplicação de gosserrelina trimestral pode apresentar melhor eficácia na supressão ovariana, além de proporcionar maior conveniência para as pacientes”, diz a Dra. Daniella.
Câncer de mama metastático HER2 positivo e T-DM1
Durante a ASCO, a BP também terá um segundo estudo desenvolvido na instituição publicado no formato online. Intitulado “Resultados da eficácia a longo prazo do T-DM1 após a descontinuação devido à toxicidade limitante em pacientes com câncer de mama metastático HER2 positivo”, de autoria de oito médicos da instituição, o estudo avaliou pacientes com câncer de mama do tipo HER2 positivo no cenário metastático que fizeram tratamento na BP com o medicamento T-DM1, um anticorpo conjugado à droga, utilizado geralmente em segunda linha.
De acordo com a Dra. Daniella Audi, na prática clínica observou-se que uma parcela significativa de pacientes que atingiram boa resposta com T-DM1, mas que em algum momento tiveram que interromper o tratamento por alguma toxicidade limitante (como plaquetopenia, náuseas, vômitos, fadiga, neuropatia periférica ou pneumonite), mantiveram essa resposta a longo prazo, apesar da suspensão do medicamento.
O estudo retrospectivo com 73 pacientes indiciou que 13% deles, que apresentaram resposta completa ou parcial com T-DM1 mas precisaram interromper o tratamento por toxicidade limitante, ficaram pelo menos 12 meses sem evidência de progressão de doença ou morte. Em relação ao total de pacientes analisados no estudo, cerca de 7% que receberam tratamento com T-DM1 e tiveram sua suspensão por toxicidade mantiveram resposta clínica por mais de 3 anos.
“Esse estudo sugere que o T-DM1 pode apresentar um benefício a longo prazo no tratamento do câncer de mama metastático HER2 positivo e abre portas para novas pesquisas para avaliar esse efeito duradouro com outros anticorpos conjugados à droga”, lembra a médica.
Para o Dr. Buzaid, os dois estudos demostram como a BP segue no desenvolvimento constante de soluções para gerar saúde, podendo fazer diferença na prática clínica e na qualidade de vida dos pacientes.