Queda na vacinação causa ressurgimento de doenças infantis que estavam erradicadas

Impulsionado pela disseminação de informações errôneas e de fake news durante a pandemia da Covid-19, o Brasil vem apresentando uma queda no número de pessoas vacinadas, especialmente de crianças. De acordo com o último relatório apresentado pelo Unicef, estima-se que, antes da pandemia, 99% dos brasileiros confiavam na segurança das vacinas infantis. No entanto, os dados mais recentes apontam que esse número caiu para 88%.

Essa queda de confiança pode ser a principal responsável pelo fato de que, segundo o próprio relatório do Unicef, 1,6 milhão de crianças não tenham recebido, entre 2019 e 2021, nenhuma dose da vacina contra a poliomielite nem da vacina DTP – pentavalente, que combate difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e hemófilo B.

Já, segundo o DataSUS, em 2021, a vacinação infantil no Brasil chegou ao seu pior nível em três décadas. Entre as maiores quedas, está a vacina tríplice viral (contra sarampo, caxumba e rubéola): em 2015, ela chegou a 96% das crianças, mas, em 2021, atingiu apenas 71%. A pentavalente e a contra a poliomielite caíram, respectivamente, de 96% para 68% e de 98% para 67%, no mesmo período.

“As vacinas são uma ferramenta vital para proteger as crianças de doenças preveníveis, evitando complicações graves e, até mesmo, a morte. O aumento do ceticismo compromete a imunidade coletiva e coloca em risco a saúde de toda a população, sobretudo dos mais vulneráveis”, explica o pediatra Flauber Santos Filho, Coordenador da UTI Pediátrica do Hospital HSANP. “O esquema vacinal existe por uma razão, e é importante que seja cumprido, tanto para o desenvolvimento saudável das crianças quanto para a erradicação de doenças e o aumento da expectativa de vida”, acrescenta.

A falta de confiança e de adesão às vacinas aumentam o risco de proliferação de enfermidades que haviam sido erradicadas, como sarampo, poliomielite, tétano, difteria e outras doenças bacterianas. Não à toa, 39 mil casos de sarampo foram relatados nos anos de 2018 a 2022, justamente o período em que houve baixa na cobertura vacinal. “Vivemos uma pandemia de urgência mundial, que fez com que as outras doenças e ciclos vacinais fossem prejudicados. Agora, temos que correr atrás do prejuízo, a começar pela vacinação das crianças que não foram imunizadas”, afirma Santos Filho.

O pediatra reforça a importância da conscientização sobre a segurança e a eficácia das vacinas infantis, inclusive contra a Covid-19, além da necessidade de aumentar a cobertura vacinal no país. “É fundamental que governos, profissionais de saúde e a sociedade em geral trabalhem juntos para fortalecer a confiança nas vacinas, combatendo a desinformação e promovendo a proteção da saúde infantil”, finaliza o especialista do Hospital HSANP.

Redação

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