
A reabertura do Centro de Diagnóstico de Imagem (CDI) foi o primeiro passo para a retomada das atividades do Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre, após ser atingido há exatos 12 meses pelas enchentes do Rio Grande do Sul. Entre a evacuação dos 280 pacientes e de 500 colaboradores e o reinício do atendimento no CDI passaram-se apenas 20 dias. Para Marcelo Antunes Marciano, gerente de Infraestrutura da AESC/Hospital Mãe de Deus, os planos de contingência de catástrofes e gestão de risco, elaborados durante o processo de acreditação do hospital, foram fundamentais para superar que a entidade superasse dificuldades provocadas pela inundação. “Como o hospital é acreditado, os gestores seguiram esses planos para evacuar o prédio, transferir os pacientes para outros hospitais e tomar as providências para sua posterior reabertura”, lembra.
Passadas as enchentes, os gestores passaram a planejar medidas para evitar catástrofes, como a elaboração de um projeto para a construção de seis bacias de contenção para conter, ou retardar, uma inundação. Como as áreas do hospitais são interligadas, outro projeto prevê a instalação de comportas para evitar a passagem da água de um local para outro.
Na visão de Marcelo Marciano, as mudanças climáticas devem provocar a incidência cada vez mais frequente desse tipo de ocorrência. “Independentemente de ser ou não uma organização de saúde, é preciso preparado para que, se algum evento adverso ocorrer, possa responder de forma rápida, segura e adequada às demandas que surgirem”, declarou.
Mãe de Deus
No século 20, o Rio Grande do Sul viveu uma grande enchente em 1941, que causou grandes transtornos para Porto Alegre. Naquela ocasião, os especialistas previram uma inundação daquela proporção só ocorreria 300 anos depois. Não precisou tanto. Em maio de 2024, 85% do Rio Grande do Sul estava embaixo d’água.
O Hospital Mãe de Deus, um dos mais importantes da capital gaúcha, tentou inicialmente conter a enchente, usando caminhões pipa para retirar a água do subsolo. Quando os gestores perceberam que essa iniciativa não seria suficiente para conter a inundação, entraram em contato com outros hospitais para transferir seus pacientes. Paralelamente, as atividades como rouparia, higiene clínica e hospitalar e a manutenção passaram do subsolo ao terceiro andar.
O hospital ficou fechado durante três semanas. Neste meio tempo, o nível da água baixou, as instalações passaram por um processo de limpeza, que incluiu a subestação de energia, permitindo a volta da energia elétrica no prédio.
“Conseguimos religar o hospital e fazer a manutenção da rede elétrica de todos os andares”, afirma Eliezer Valente, gestor executivo Engeform Engenharia, que trabalhou para o Mãe de Deus. Na sua opinião, o trabalho de restauração do hospital em tempo recorde ocorreu por causa da dedicação dos funcionários e a união das equipes. Aos poucos, a vida do Mãe de Deus voltou ao normal.
“O clima está mudando e precisamos nos preparar para o que ainda não aconteceu”, preconizou Eliezer. “Temos de pensar em fachadas resistentes a chuvas de granizo e retentores no topo dos prédios para reter a água da chuva mais tempo e permitir o escoamento mais lento, evitando inundações”, concluiu.