O tratamento oncológico caminha para a organização de uma nova área: o câncer em Adolescente e Adulto Jovem, já conhecido de especialistas como AYA, do inglês Adolescent and Young Adult. Trata-se de um novo segmento para atender pacientes com faixa etária de doze a 30 anos. Atualmente a oncologia pediátrica cuida de crianças e adolescentes com até 18 anos.
“A grande questão é que, além dos tipos de cânceres serem diferentes, o tumor que atinge uma criança de três anos tem outras características biológicas quando comparado com um adolescente de 16 anos, ou jovem adulto de 25. Por isso o Memorial Sloan Kettering e o M.D.Anderson, entre outros cancer centers de ponta nos Estados Unidos, já possuem seus núcleos de AYA para atender um público que fica entre o infanto-juvenil e o adulto e nós já caminhamos nesta linha”, destaca Cecília Maria Lima da Costa, líder do Departamento de Oncologia Pediátrica do A.C.Camargo Cancer Center, de São Paulo (SP).
Cerca de 70 mil jovens com idades entre de 15 a 39 anos são diagnosticados com câncer todos os anos nos Estados Unidos, correspondendo a aproximadamente 5% dos diagnósticos, de acordo com o National Cancer Institute (NIH). O número é quase seis vezes maior que os diagnosticados em crianças de até 14 anos. Leucemia, linfoma, câncer testicular e câncer de tireoide são os cânceres mais comuns entre os jovens de 15 a 24 anos.
No Brasil, segundo o INCA (Instituto Nacional de Câncer), para cada ano do biênio 2018-2019, ocorrerão 12,5 mil casos novos de câncer em crianças e adolescentes (até os 19 anos), sem considerar o câncer de pele não melanoma.
“Este olhar específico em paciente da faixa etária do AYA é fundamental e permite um tratamento mais adequado, com melhores resultados e cuidados como, por exemplo, na preservação da fertilidade em homens e mulheres. Trata-se de uma idade de conquista de independência, ingresso em faculdade ou emprego – e iniciar o tratamento de um câncer neste cenário muitas vezes parece impedir a vida”, explica a especialista.
Atualmente o A.C.Camargo Cancer Center leva casos desta faixa etária nas reuniões do Tumor Board, quando cirurgiões, oncologistas clínicos, radioterapeutas, patologistas, pesquisadores e outros profissionais se reúnem para discutir a conduta terapêutica mais efetiva para determinados pacientes, sob uma visão multidisciplinar. “A especialização é um caminho, mas a troca de experiências e visões já nos possibilita aprimoramentos em prol do paciente, que é o que almejamos todos os dias”, diz.