Fazer as contas baterem e fechar o mês no azul é o grande desafio de gestores e profissionais das áreas de faturamento e negociação das instituições de saúde. Para manter a empresa sustentável, é preciso conhecer seus custos, acompanhar as despesas e controlar os desperdícios. É o que conta a Dra. Pina Pellegrini, médica, administradora hospitalar, consultora na área de saúde e auditora de contas médicas e de OPME.
“É importante ter protocolos bem formatados pelas equipes cirúrgicas e também protocolos administrativos, para que todos os colaboradores conheçam suas funções e atribuições, controlando o material gasto em cada atendimento, para que não haja perda de receita”, expõe.
Para saber onde reduzir custos, Dra. Pina diz que o hospital deve fazer o diagnóstico institucional para identificar os pontos frágeis e sanar as falhas, podendo, a partir daí, preparar protocolos, fazer gestão para conhecer verdadeiramente o seu negócio e, desse modo, preparar equipes de trabalho comprometidas com suas atividades.
De acordo com ela, para fazer a cobrança correta de acordo com o consumo é importante que o prontuário do paciente esteja corretamente preenchido, com todas as ações realizadas no paciente, pois, se a equipe atende, mas não faz as anotações necessárias, a instituição perde dinheiro. “É fundamental fazer revisão ou auditoria do prontuário com a respectiva cobrança, verificando se tudo foi realmente lançado na conta do paciente. Com as anotações corretamente feitas, as cobranças naturalmente serão mais efetivas”, conta a consultora.
Dra. Pina acrescenta a necessidade de todos os colaboradores serem capacitados e atualizados em relação ao mercado de saúde, pois a cada dia há mudanças e, se os profissionais não estão preparados, ou se não se tem um gestor comprometido, cada um faz seu trabalho como “acha” que tem de fazer e não como deve ser feito. “Treinamento é a palavra chave de um negócio bem-sucedido”, destaca.
Equilíbrio financeiro
Segundo a consultora, equilíbrio financeiro é o resultado esperado quando existe qualidade no serviço assistencial prestado, pois entende-se que o pessoal está preparado e os gestores estão acompanhando o desenvolvimento do trabalho, avaliando o desempenho das atividades. Dessa forma, os pacientes têm o melhor atendimento com o mínimo de desperdício, levando assim, ao equilíbrio financeiro da instituição.
“Quando todos conhecem o trabalho que realizam, participam obtendo o melhor desempenho da organização. Portanto, devemos: fazer um bom diagnóstico institucional, conhecer nossos pontos frágeis, sanar as falhas, treinar as equipes e realizar reciclagens periodicamente, para não perder as informações que são necessárias para a qualidade do serviço”, finaliza.
Despesas hospitalares
Segundo o Observatório Anahp 2017, elaborado pela Associação Nacional de Hospitais Privados, quase metade das despesas dos hospitais vem dos gastos com pessoal, que, em 2016, responderam por 45,8% do total. A participação do custo de pessoal, porém, caiu na comparação com 2015, reflexo principalmente da redução no ritmo de contratações.
O segundo principal componente dos custos são os insumos hospitalares, que responderam por cerca de 40% da despesa total em 2016. A série histórica aponta uma tendência de redução na participação dessa rubrica no total das despesas hospitalares, reflexo da pressão cada vez mais intensa das operadoras de planos de saúde para o estabelecimento de regras comerciais e mudanças no sistema de remuneração. Além disso, nota-se que os setores de suprimentos dos hospitais têm atuado fortemente para a redução dos gastos médios com insumos hospitalares, mesmo diante do aumento dos preços dos produtos (os preços dos medicamentos no varejo, por exemplo, subiram 12,5% em média em 2016, segundo dados do IPCA/IBGE).
Matéria originalmente publicada na Revista Hospitais Brasil edição 90, de março/abril de 2018. Para vê-la no original, acesse: portalhospitaisbrasil.com.br/edicao-90-revista-hospitais-brasil