Às 17h do dia 22 de março de 2018 irá marcar para sempre a história do casal Jéssica da Silva Capitula Morais e Bruno França Morais. Foi neste horário que a pequena Maria Tereza, aos 51 centímetros e 3,4 quilos, decidiu antecipar sua chegada ao mundo. “Maria, em homenagem à bisavó materna. Tereza, em homenagem à bisavó paterna. Maria Tereza como sinônimo de força e união”, revelou a mãe de primeira viagem com os olhos saltando em alegria – e alívio.
Muito além dos nove meses de gestação, uma trajetória de amor e superação já estava sendo escrita – capítulo a capítulo – pelos mesmos corredores do hospital em que a bebê nasceu: o Santa Rosa, em Cuiabá (MT). É o que relembra Jéssica em seu primeiro Dia das Mães (celebrado em 13 de abril) ao voltar no tempo. Mais especificamente, 11 meses.
O NOIVADO – Jéssica e Bruno planejavam ter um Dia dos Namorados digno de seus sonhos – com jantar especial e sorrisos a longo prazo. No entanto, o destino tinha outros planos para o casal. Por conta de uma infecção urinária grave, Jéssica teve que trocar as festividades a dois por uma cama de hospital. Mas, o que parecia conspirar contra seu dia feliz provou que para o amor não há fronteiras e que o imprevisível também é uma forma de sonhar.
“Há uns quatro anos atrás, tive uma fístula, que me levou para uma operação de emergência com um quadro de infecção muito alto. Após dois anos, ela voltou e não cuidei. Logo, acabei parando no hospital novamente com infecção. Na ocasião, tomei antibiótico e fui liberada. Mas, aí, uns 25 dias depois, retornei para o hospital – há poucos dias do Dia dos Namorados – com um quadro de infecção ainda mais forte, o que me levou a tomar medicação na veia porque meu corpo não estava respondendo ao tratamento”, explica.
Com a ajuda de parente e dos colaboradores da instituição, seu – até então – namorado elaborou um plano para surpreendê-la: convocou ambas as famílias, comprou alianças durante o horário do almoço, encheu balões em forma de coração, preparou um buquê de flores e organizou um esquema para levar a amada até a capela da Santa Rosa.
“Queria alta. Estava muito chateada por estar ali no Dia dos Namorados. Aí, de repente, me chamaram para refazer uma tomografia – naquela época, já tinha feito várias. Assim que o enfermeiro apareceu no quarto de máscara para me levar de cadeiras de rodas ao ‘exame’, contestei e, assustada, pedi para ler o prontuário. Acabamos seguindo caminho, mas na frente da capela ele parou. Pensei: “estou morrendo. Devo estar com algo muito sério”. Porém, ao entrar, todo mundo estava ali. Ganhei um roupão escrito noiva atrás, que na hora nem assimilei, e ele – com o buquê em mãos – me pediu em casamento”, relembra.
BEBÊ A BORDO – Dois meses após a alta e o noivado, a saga de Jéssica teve um novo desdobramento. Uma nova cirurgia de emergência foi realizada em outra instituição de saúde. Mas, o que ninguém poderia imaginar é que, em meio à recuperação, algo diferente surgia. Ou melhor, alguém: Maria Tereza entrava em cena para revezar o papel de guerreira com sua mãe.
“Não sabia, mas já estava grávida de três semanas quando operei. Fiquei feliz e preocupada por conta da quantidade de medicamentos que tomei – que chegaram até a ser morfina por causa do local da cirurgia, que não se dá ponto e tem que fechar de dentro para fora. Mas, Maria Tereza foi uma guerreira. Suportou tudo desde o princípio – vencendo a fase de nidação [implantação do óvulo], que foi quando fiz o procedimento cirúrgico”, ressalta.
E foram meses entre idas e vindas no Santa Rosa. “Me fiz forte para segurar uma gravidez tranquila. Mas, tive vários sangramentos e devo ter feito umas 20 ultrassonografias até o parto. Entre atestados, devo somar quase três meses em repouso. Foi um período tenso e sofrido. A cirurgia prévia também resultou em curativos incansáveis para colocar medicação na área lesionada. Sem contar que havia o dreno da operação, o que incomodava muito e inflamava. Pensava o tempo todo ‘a dor eu consigo suportar, mas que nada de ruim aconteça com ela’. Aquele bebê não foi planejado por nós, mas por Deus”, comenta.
DE MÃE PARA FILHA – Perto da data prevista para o parto, um novo destino estava para ser traçado. Dessa vez, na maternidade. Aconselhada por sua mãe, Astelita Bueno Capitula, Jéssica decidiu procurar o médico responsável por trazê-la ao mundo 26 anos atrás. “Minha mãe me falou ‘Jéssica, o doutor Ademar é fantástico. Ele fez meu parto quando você nasceu. Confio nele e acho que vale a pena marcar uma consulta. Marquei e ele, de cara, me passou segurança”, pondera.
Até que o grande dia chegou. “Ela adiantou. Levei um susto. A bebê estava encaixada e querendo nascer. Não tinha como adiar. Era para ser naquela data. Estava preocupada porque tive alergia da anestesia em outro procedimento, mas me acalmaram e explicaram que não aconteceria nada desse tipo. E foi ao ver ela, perfeita e saudável, constatando que nenhum medicamento a prejudicou, que senti um alívio tão grande. Ela foi – e é – muito forte. Um milagre. Estamos apaixonados pela Maria Tereza, que – sem dúvidas – tem uma missão muito boa aqui”, ressalta.
O ginecologista e obstetra do Santa Rosa, Ademar Rodrigues Carvalho, complementa que é raro ter o privilégio de trazer à luz duas gerações. “Com poucos médicos isso ocorre. Tanto que me sinto muito orgulhoso e valorizado por ter feito o parto da mãe da Jéssica, agora vovó, e o de sua filha. Inclusive, outro dia, um caso similar aconteceu. Também fiquei muito emocionado”, finaliza.
ACREDITAÇÃO – Ao completar 20 anos, o Santa Rosa é o único hospital de Mato Grosso certificado pela Acreditação Canadense, nível Diamond – uma das principais certificações de qualidade em saúde no mundo. A instituição também é certificada em Excelência, Nível III, pela Organização Nacional de Acreditação (ONA) e em Nível 6 da EMR Adoption Model (EMRAM) pela Healthcare Information and Management Systems Society (HIMSS) Analytics.