Da bancada de pesquisa para o dia a dia da assistência ao paciente, rumo ao desenvolvimento de um novo sinal vital. A Braincare, empresa brasileira responsável pelo desenvolvimento do único método não-invasivo de acesso à morfologia da pressão intracraniana (PIC) terá sua inovação adotada pelo Hospital Sírio-Libanês. A monitorização não-invasiva da PIC, sem necessidade de cirurgia no crânio para inserção de um sensor, pode ser utilizada em vários momentos da jornada de atendimento de pacientes. Entre eles: triagem, em que permite confirmar a existência de problemas neurológicos, antes mesmo do aparecimento de sinais clínicos; definição de diagnóstico, acelerando e qualificando a identificação de casos de hidrocefalia, AVC, doenças hepáticas e renais, pré-eclâmpsia, hematoma subdural, hipertensão arterial, meningite e trauma; monitorização contínua em procedimentos cirúrgicos e de pacientes sob cuidados intensivos, além de acompanhamento de pacientes com patologias relacionadas a PIC.
“O acordo assinado com o Hospital Sírio-Libanês vai colocar nosso método no cotidiano de uma instituição de saúde que, além de reconhecida por sua excelência em pesquisa e assistência, está alinhada ao propósito da Braincare de proporcionar os benefícios do acesso não-invasivo da PIC a um número cada vez maior de pessoas, inclusive, por meio de sua gestão social. Nossa visão é estabelecer a PIC como um sinal vital de verificação corriqueira e de fácil acesso como são hoje a pressão arterial, a temperatura, as frequências cardíaca e respiratória”, afirma o CEO da Braincare, Plínio Targa. Como um dos exemplos da importância da inserção da PIC no conjunto dos sinais vitais, o executivo cita o dado norte-americano de que cerca de 10% da população do país diagnosticada com Parkinson e Alzheimer tem, na verdade, hidrocefalia, uma patologia curável com a colocação de uma válvula no cérebro. “E a monitorização da PIC pode contribuir muito para o diagnóstico correto”, diz.
A intenção do Hospital Sírio-Libanês é usufruir ao máximo as possibilidades da solução da Braincare. “O Sírio-Libanês é impulsionado à inovação pelos seus valores de busca, excelência, calor humano e solidariedade. Vimos no propósito da Braincare a mesma motivação, por meio de uma solução não-invasiva para medição da pressão intracraniana. Queremos entender muito rapidamente como poderemos aplicar essa solução para um número cada vez maior de diagnósticos e tratamentos”, diz Dr. Paulo Chapchap, Diretor Geral do Hospital Sírio-Libanês.
Como é feita a monitorização
A monitorização não invasiva Braincare entrega a morfologia do pulso da PIC expressa em dois gráficos: um mostra a morfologia da curva em intervalo de tempo de poucos segundos e o outro, a evolução da pressão ao longo de um período de tempo. Os dados são coletados por meio de um sensor não invasivo posicionado na cabeça do paciente. As informações são enviadas pela internet para o sistema da Braincare, que analisa até 16 parâmetros da curva. O método permite visualizar as informações de duas maneiras: em tempo real, em que o médico acompanha na tela do monitor os pulsos capturados pelo sensor, e por meio de relatórios da PIC, recebidos da plataforma em nuvem para serem visualizados impressos.
Quebra de um paradigma da Medicina
O desenvolvimento dessa solução revolucionária foi possível graças aos estudos do Professor Sérgio Mascarenhas de Oliveira, físico e químico brasileiro reconhecido por sua atuação em Ciência e Educação no Brasil e no exterior, que derrubou um dos pilares da Doutrina de Monro-Kellie, estabelecida há 200 anos, que afirmava que a caixa craniana é inexpansível nos adultos. Com base nesse pilar da doutrina, para ter acesso à PIC é preciso realizar uma cirurgia no crânio para inserir um sensor.
Diagnosticado, em 2005, aos 77 anos, com hidrocefalia, doença que provoca acúmulo de liquor em cavidades do cérebro, Mascarenhas fez uma cirurgia curativa para implantar uma válvula que drena o excesso de líquido e retornou a sua vida normal. Movido pelo inconformismo diante da realidade dos tratamentos invasivos realizou experimentos que provaram que o crânio é expansível e que essa deformação pode ser captada por fora. O resultado derrubou a afirmação referente à inexpansibilidade da caixa craniana e abriu espaço para o desenvolvimento do método Braincare.