Desospitalização: os benefícios de se recuperar em casa

Permanecer em um hospital nem sempre é a melhor opção para quem está doente. Foto: Daniel Castellano

Conceito bastante difundido e aceito em países europeus, nos últimos anos, a desospitalização segura tem sido parte importante de debates de medicina mundo afora. A discussão sobre o tema foi iniciada a partir de uma percepção comum a muitos países quando o assunto é saúde: o número de pacientes presentes nos hospitais.

De acordo com médica Mirella Massolo, coordenadora do Núcleo Interno de Regulação do Hospital Angelina Caron, de Campina Grande do Sul, na Grande Curitiba (PR), estudos apontam que os pacientes liberados para finalizarem a recuperação em casa demonstram melhora rápida.

Diferente do que pode parecer, Mirella afirma que permanecer em um hospital nem sempre é a melhor opção para quem está doente. “Ir para casa não é mais arriscado do que permanecer dentro do hospital; pelo contrário. O paciente que permanece internado por um longo período de tempo está mais sujeito a infecções por bactérias de origem hospitalar, por exemplo”.

Além disso, com mais leitos disponíveis, os hospitais podem atender mais pessoas com necessidades mais urgentes. “Há pesquisas que afirmam, por exemplo, que a diminuição de um dia de permanência em um hospital de 250 leitos representa, ao longo de um ano, a liberação de 60 espaços para atendimento de outros pacientes”, relata a médica.

Isso aumenta a possibilidade de os hospitais atenderem mais pacientes sem necessitar despender de recursos para investir nessa área ou, no caso de hospitais públicos brasileiros, aguardar verbas do Sistema Único de Saúde (SUS) para poder aprimorar o tratamento dos pacientes.

Como é feita a desospitalização segura

Os pacientes que podem ir para casa são aqueles em convalescença, ou seja, em período de transição após uma doença, no qual a saúde é recuperada gradativamente. “Mesmo que estejam se recuperando de uma enfermidade, esses pacientes não estão clinicamente instáveis e nem possuem possibilidades de se tornarem instáveis nas próximas horas ou dias”, explica Mirella.

Uma avaliação criteriosa determina se o paciente será capaz de terminar o tratamento em casa, considerando, além do seu estado de saúde, as condições da família de oferecer cuidado, o acesso às medicações que ele irá tomar e o tipo de acompanhamento que terá em casa.

Orientações

A família e o paciente são orientados em relação aos cuidados de higiene e alimentação e sobre os sintomas que podem representar um agravamento da doença. “O paciente sai sabendo quais são os sinais de alerta, o que fazer se eles se manifestarem e o que deve esperar da recuperação de sua doença”, afirma a coordenadora.

A médica ainda relata que todos os pacientes do Hospital Angelina Caron que passam pela desospitalização segura saem do internamento com – além da receita e das orientações de alta – consultas agendadas ou com a explicação de como agendá-las para poder ter o acompanhamento dos especialistas que darão seguimento ao tratamento.

Benefícios da desospitalização segura

1 – Convívio social

Nos hospitais, as visitas são restritas a curtos períodos e o paciente acaba ficando longas horas sem contato com pessoas conhecidas. Em casa, ele tem a presença frequente dos familiares, o que é comprovadamente benéfico para a recuperação.

2 – Conforto

Também por se sentirem mais aconchegados em um ambiente conhecido, os pacientes se recuperam mais rápido em casa.

3 – Alimentação

Muitos pacientes não conseguem se adaptar às refeições do hospital e prejudicam a própria recuperação por se alimentarem pouco. Em casa, podem preparar a comida da maneira com que estão acostumados, mesmo que com algumas restrições orientadas pelo médico.

4 – Menos riscos

No hospital, o paciente tem contato com outros enfermos, então pode contrair doenças que não tinha anteriormente e agravar seu quadro clínico, aumentando o tempo de recuperação.  Além disso, a falta de mobilidade por estar no leito hospitalar aumenta o risco de problemas circulatórios, como trombose, ou dermatológicos, como escaras.

5 – Mais leitos disponíveis

Aumentando a rotatividade de leitos, um hospital com número de leitos reduzido pode atender um maior número de pacientes com a mesma eficiência.

6 – Menos contaminações

Com menos pacientes permanecendo por longos períodos nos leitos, é diminuída significativamente a quantidade de bactérias circulantes no hospital, o que minimiza os casos de infecção hospitalar. Isso contribui com o bem-estar de quem precisa ficar internado e dos colaboradores da instituição.

Redação

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