Incidência de doenças cardiovasculares é maior nos portadores de HIV

Embora haja avanços na prevenção e conscientização das populações sobre a Aids e redução dos níveis epidêmicos e de letalidade, a doença continua sendo um grave problema mundial de saúde pública. O coquetel de medicamentos reduziu a mortalidade, mas continua alta.

No Dia Internacional da Luta contra a Aids, é importante lembrar dos cuidados com o coração. Dentre os problemas crônicos que aparecem precocemente em portadores do vírus HIV, as doenças cardiovasculares destacam-se e a incidência chega a ser 50% maior nesses pacientes. Sendo assim, são recomendadas estratégias preventivas mais intensas e precoces. É preciso lembrar que nesse grupo há prevalência de outros fatores de risco importantes, como tabagismo, uso inadequado de álcool, sedentarismo e níveis elevados de colesterol e triglicérides.

De acordo com Dr. Bruno Caramelli, da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (Socesp), para não causar problemas de interação medicamentosa entre o coquetel da Aids e remédios destinados ao tratamento de doenças cardiovasculares, é preciso um trabalho conjunto entre o infectologista e o cardiologista.

Com relação ao tratamento, dois aspectos sobressaem para portadores de Aids que também são cardíacos, pois há cuidados diferenciados em relação aos não portadores da doença. O primeiro é a interação entre medicamentos contra o vírus (antirretrovirais) e remédios cardiológicos, como antitrombóticos, hipolipemiantes e anticoagulantes. A segunda questão é a maior presença de um tipo específico de dislipidemia (aumento dos lipides no sangue e, consequentemente, do risco cardiovascular), com aumento do colesterol e dos triglicérides.

Dados epidemiológicos

Os números mais recentes do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS) são taxativos: 36,9 milhões de pessoas em todo o mundo viviam com HIV em 2017; mas, somente 21,7 milhões tiveram acesso à terapia antirretroviral; houve, nesse ano, 1,8 milhão de novas infecções pelo HIV; 940 mil pessoas morreram por causas relacionadas à AIDS em 2017.

No caso das mulheres, há alguns fatores agravantes: todas as semanas, cerca de sete mil jovens entre 15 e 24 anos são infectadas pelo HIV; na África Subsaariana, três a cada quatro novas infecções são entre meninas com idade entre 15 e 19 anos. As jovens entre 15 e 24 anos têm o dobro de probabilidade de estarem vivendo com HIV do que homens; mais de um terço das mulheres em todo o mundo sofreram violência física e/ou sexual em algum momento de suas vidas, fator que aumenta a probabilidade de se infectarem.

Redação

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