Já se sabe que é possível encontrar, por meio de Big Data e Inteligência Artificial, sinais de instabilidade de saúde e até o melhor tratamento para determinada queixa. A coleta de dados de perfil, comportamento e sinistros de saúde já está acontecendo entre as maiores empresas de convênios e planos médicos.
Agora, os dados também poderão ser usados para atender dois grandes anseios desses clientes, sejam eles os usuários finais ou as empresas que ofertam o benefício no modelo coletivo. Uma nova pesquisa Datafolha, lançada em dezembro, mostrou tudo o que os consumidores deste mercado esperam: transparência, serviços personalizados e opções digitais.
Com a tecnologia presente em todos os momentos de nossas vidas, surgem a todo o momento perguntas que precisam ser respondidas. A falta de retorno para essas cria gaps de transparência que enfraquece a relação cliente e empresa. Por que o meu convênio aumentou? Por que o médico está me pedindo de novo este exame?
Em contrapartida, ao mesmo tempo em que se exigem respostas, é preciso ter atenção à confiabilidade de dados e um armazenamento correto e seguro pode responder às questões sem expor os envolvidos.
Os dados coletados também dão a oportunidade de personalizar os serviços e oferecer respaldo que vai além de uma consulta médica. Dos entrevistados pelo Datafolha, 64% esperam que um médico acompanhe seu histórico clínico, independentemente da especialidade.
Mais uma vez, o armazenamento de dados de forma correta e a possibilidade de fazer correlações entre eles surgem como forma de resolver essa questão. É possível reunir em um único espaço dados de uma consulta com o cardiologista, da última visita ao nutricionista e as sensações ao longo do dia, como cansaço ou pressão arterial irregular.
Fechando a pesquisa, 48% dos respondentes gostariam de contar com serviços de forma digital e 42% com oferta de equipe especializada para orientação médica à distância.
Se havia preconceito ou desconfiança com esse teleatendimento, a forma como os smartphones e a internet passaram a substituir blocos de anotação, carteiras e até documentos derrubou essas barreiras. Healthtechs de saúde já são responsáveis por armazenar dados, recomendar tratamentos e acompanhar milhares de vidas com equipe multidisciplinar remotamente.
A Associação Brasileira das Startups (Abstartups) estima que 3% das 7 mil empresas de sua base atuem na área de saúde. Esses pequenos e médios negócios têm surgido como um elo que conecta o serviço de saúde ao consumidor.
Há quem ofereça consultas mais baratas, convênios diferenciados, e também quem atue na gestão da carteira de beneficiários de grandes empresas, responsáveis pelos prêmios de seus funcionários em planos corporativos.
Este mercado, inclusive, é uma aposta para 2019. A grande perda sentida nos últimos anos se estagnou e, comparando os últimos meses de 2018 com o mesmo período de 2017, houve um aumento de 0,2% de apólices corporativas. Isso significa cerca de 100 mil pessoas de volta aos planos.
Enquanto isso, um mecanismo de alta tecnologia e qualidade só tende a desonerar o profissional de saúde e oferecer mais agilidades às operações dos planos. A partir dai, é possível avançar na relação entre consumidor e prestador, num mercado que pede por mais transparência, personalização e tecnologia.
Tatiana Giatti é diretora executiva da startup Saúde Concierge, empresa de gestão e tecnologia para serviços de saúde