Pesquisa sugere ligação entre fibrilação atrial e distúrbios do sono

Noites de sono mal dormidas podem afetar a saúde humana. Segundo análise de quatro estudos publicada pela HeartRhythm em junho de 2018, existe uma ligação entre a má qualidade do sono e o desenvolvimento da fibrilação atrial (FA), tipo de arritmia cardíaca mais comum do mundo, que leva o coração a bater em um ritmo irregular e descompassado e que pode aumentar em cinco vezes o risco de acidente vascular cerebral (AVC).

De acordo com a publicação, ainda não está claro porque a má qualidade do sono é um possível fator de risco para o desenvolvimento da FA, porém em um dos estudos analisados, os pesquisadores observaram que pacientes com a doença acordavam mais frequentemente durante a noite comparado aos pacientes que não apresentavam essa arritmia.

“Dormir mal, além de trazer problemas para o convívio social, pode causar ou acentuar várias doenças. É importante destacar que o número de horas de sono ideal costuma ser em média de seis a oito horas por dia”, diz o Dr. Caio Fernandes, professor de pneumologia da Universidade de São Paulo. Outros estudos mostraram que a apneia do sono, síndrome caracterizada pela obstrução parcial ou total das vias aéreas durante o sono, também está associada a um maior risco de desenvolver a FA, apesar de o motivo ainda ser desconhecido.

Além dessa relação com os distúrbios do sono, a fibrilação atrial está ligada a outros fatores de risco como idade (conforme a idade avança , maior o risco de desenvolver a doença), problemas cardíacos (como cardiopatias congênitas e insuficiência cardíaca congestiva, por exemplo), hipertensão (principalmente quando não há controle da pressão arterial por meio de mudanças no estilo de vida ou de medicamentos), doenças crônicas como diabetes, insuficiência renal ou doença pulmonar, consumo de álcool e histórico familiar.

Um dos fatores de risco mais graves da FA é a obesidade, pois ela está associada com um aumento de gordura epicárdica, que é um depósito de gordura visceral, localizado entre o coração e o pericárdio, com potencial implicação na saúde cardiovascular. De acordo com a OMS, cerca de 300 milhões de pessoas são obesas no mundo, tornando-a uma epidemia.

O médico alerta que a obesidade é um fator de risco possível de controlar, e que, quanto mais peso o paciente perder, menos chances ele terá de desenvolver essa arritmia cardíaca. “Um estudo apresentado na 64th Sessão Científica Anual do American College of Cargiology mostrou que pacientes obesos que perderam pelo menos 10% de seu peso tinham seis vezes mais chances de evitar a FA a longo prazo, em comparação com aqueles que não perderam peso”, diz o médico.

O Dr. Caio explica que controlar os fatores de risco, como a obesidade, é um importante passo para evitar futuras complicações. “Um fato alarmante é que a principal consequência da FA é o AVC isquêmico, que quando causado por essa arritmia é um dos mais graves e pode provocar mais incapacitação e morte do que outros tipos de AVC e a maioria das pessoas desconhece a relação entre essas doenças”, declara.

Fibrilação Atrial x Brasileiros

Cerca de 2 milhões de brasileiros apresentam a FA. Além disso, estima-se que 13% da população com 80 anos ou mais têm a doença, e uma a cada quatro pessoas com mais de 40 anos pode desenvolver essa arritmia. Por isso, o Dr. Caio alerta para a prevenção dos fatores de risco. “Pessoas com hipertensão, diabetes e insuficiência cardíaca precisam ter atenção redobrada pois como já foi alertado, elas estão mais propensas a desenvolver a FA”, comenta o médico.

Com cerca de 51 mil casos de AVC decorrentes da FA todos os anos no país, o Dr. Caio explica que o diagnóstico precoce e o uso do tratamento anticoagulante adequado poderiam evitar cerca de 30 mil desses casos. “Popularmente conhecidos por “afinar” o sangue, os anticoagulantes, como a dabigatrana, ajudam na prevenção de AVC isquêmico em pacientes com essa arritmia cardíaca”, diz o pneumologista. “Além disso, esse é o único anticoagulante que possui um agente reversor específico, o idaracizumabe, que pode ser usado em casos emergenciais em que o paciente em tratamento precise passar por cirurgia, ou sofra algum acidente e corra o risco de hemorragia”, explica o médico.

Apesar de ser a arritmia mais comum do mundo, a fibrilação atrial ainda é pouco conhecida. Uma pesquisa do Ibope Conecta mostrou que 63% dos entrevistados nunca ouviram falar da FA, enquanto 99% já ouviram falar em trombose. Outro agravante é que a doença pode passar despercebida. “Apesar de causar palpitações, dores no peito, tontura e falta de ar, muitas vezes o paciente não apresenta sintomas, o que faz com que a FA passe despercebida”, diz o médico. “Cerca de metade dos pacientes não está ciente que tem a doença aumentando suas chances de sofrer consequências mais graves”, completa o Dr. Caio.

Saiba mais

Para esclarecer as dúvidas da população sobre os sintomas e os riscos da fibrilação atrial e aumentar a conscientização da importância da prevenção de complicações graves como o AVC, a Boehringer Ingelheim criou a campanha “O Som do Coração”, com apoio da Rede Brasil AVC e da AMAVC (Associação Mineira do AVC). Visite o site www.somdocoracao.com.br para mais informações.

Redação

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