Inaugurado em agosto de 1939, o Hospital Amparo Maternal (HAM) comemora 80 anos de uma história iniciada pelo empenho de três grandes personalidades que lutavam pela ideologia de olhar por gestantes sem local para dar à luz. A partir do princípio de que nenhuma parturiente na cidade de São Paulo deveria ficar sem assistência, o médico obstetra Álvaro Guimarães Filho, a madre franciscana Marie Domineuc e o arcebispo de São Paulo Dom José Gaspar D’Affonseca e Silva fundaram o Amparo Maternal. Localizada na Vila Clementino, Zona Sul de São Paulo, a Maternidade é hoje administrada pela Associação Congregação Santa Catarina (ACSC), que atua no Brasil há mais de 120 anos, e seu propósito é prestar serviços de atendimento a gestantes em situação de risco e vulnerabilidade social, sob o lema de “nunca recusar ninguém”.
Ao longo dos anos, o Amparo Maternal passou a fazer parte da vida dos paulistanos, tornando-se referência em atendimento humanizado. Atualmente, a Maternidade realiza uma média de 560 partos por mês, dos quais 71% são partos naturais, e a qualidade de seus serviços médicos é aprovada por 97% das pacientes. Vale ressaltar que os atendimentos e serviços do Hospital são realizados por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), ou seja, 100% gratuitos.
O Hospital Amparo Maternal conta hoje com 104 leitos e a sua estrutura está em constante renovação, para garantir um espaço confortável e digno para as mulheres e suas famílias. O Centro de Parto Normal da Instituição conta com sete quartos de pré-parto, parto e pós-parto imediato (PPP), dos quais quatro foram inaugurados este ano. Com estrutura moderna, os quartos PPP foram projetados para estimular o aleitamento e o contato pele a pele da mãe com o bebê desde a primeira hora de vida, chamada “hora dourada”. Além de cama e equipamentos de ponta, a nova estrutura conta com uma área assistencial, espaço para banheira descartável e banheiro amplo e exclusivo.
As cirurgias cesarianas, os procedimentos ginecológicos e os atendimentos de gestação de alta complexidade, quando necessários, são realizados no Centro Cirúrgico da Maternidade, que conta com equipe multidisciplinar composta por ginecologistas, obstetras, anestesistas, neonatologistas, enfermeiras e técnicos de enfermagem. São três salas cirúrgicas e quatro leitos na Recuperação Pós-Anestésica (RPA). Tanto no Centro de Parto Normal quanto no Centro Cirúrgico a paciente tem a garantia da presença de um acompanhante de sua escolha para dar apoio no pré-parto, participar do nascimento da criança e permanecer na recuperação pós-parto.
Para assegurar a saúde dos recém-nascidos em situação de urgência, o Amparo Maternal possui 28 leitos de atendimento neonatal, sendo 10 leitos de UTI Neonatal. Outros 70 leitos estão no Alojamento Conjunto, sistema hospitalar em que mãe e bebê permanecem juntos 24 horas por dia, no mesmo quarto, desde o parto até a alta hospitalar. Esse sistema fortalece o vínculo entre os dois, permitindo o aprendizado e a prática dos primeiros cuidados, como banho, troca de fralda e amamentação, também com auxílio da equipe multidisciplinar.
A Instituição conta, ainda, com Pronto Atendimento Obstétrico que, do início de 2019 até o momento, registrou média de 1.700 atendimentos por mês, número que vem crescendo ano a ano. Já o atendimento ambulatorial oferece consultas médicas, articuladas com a rede básica de saúde, em especialidades como cardiologia, psiquiatria e neurologia infantil e pré-natal. O Hospital também realiza exames laboratoriais e de diagnóstico por imagem, como ultrassom obstétrico, transvaginal e morfológico fetal, ecocardiografia fetal e exames radiológicos.
Práticas diferenciadas destacam a humanização
De acordo com a diretora executiva do Amparo Maternal, Fernanda Allucci, ao comemorar 80 anos de atividade, o propósito do Hospital se fortalece: ser referência na excelência da assistência ao parto humanizado e seguir elevando os serviços de nascimentos na rede da saúde pública brasileira. “Temos uma conduta humanizada que estimula o parto normal como processo natural. Aqui, a gestante é encorajada a caminhar, a ingerir líquidos e ter dietas livres, além de assumir a posição que considerar mais confortável no trabalho de parto, seja deitada, de cócoras ou ajoelhada, favorecendo um nascimento seguro e saudável para a mãe e seu bebê. Individualizamos o tratamento das dores do parto de acordo com a tolerância de cada paciente”, salienta a diretora.
A Maternidade estimula o aleitamento logo na primeira hora de vida do recém-nascido, prática que gera diversos benefícios, como uma melhor imunização do bebê e redução do risco de mortalidade neonatal, bem como conta com uma Sala de Ordenha de Leite Humano. Em 2019, o Hospital registra a média de 98% de neonatos amamentados na primeira hora de vida e 94% de aleitamento materno exclusivo na alta. Esses são apenas alguns dos esforços do Amparo Maternal para melhorar indicadores que são urgentes para a Organização Mundial da Saúde (OMS), como a redução da taxa de mortalidade materna, por ser um importante indicador de saúde da população feminina. Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), a meta é reduzir a mortalidade materna para 30 para cada 100 mil nascidos vivos até 2030. Dados do Ministério da Saúde registraram mais de 64 mortes para cada 100 mil nascidos vivos no Brasil em 2016, e 47/100 mil nascidos vivos no estado de São Paulo. O Hospital Amparo Maternal atualmente apresenta a razão de 6,9 mortes para cada 100 mil nascidos vivos, o que revela o êxito de seu modelo assistencial. Outro dado a ser destacado é que, em 2018, apenas 5% dos nascidos vivos na Instituição necessitaram de internação na UTI Neonatal.
A estrutura do Hospital também dispõe de Cartório de Registro Civil para que o bebê já saia com todos os documentos necessários. A Maternidade oferece curso para gestantes e promove visitas semanais para futuras mães conhecerem sua estrutura. De acordo com avaliações internas, essas medidas elevam o grau de satisfação do cliente. Atualmente, na avaliação ambulatorial, 97% das respostas das pacientes correspondem a ótimo ou bom, envolvendo recepção, tempo de espera, atendimento do médico, higiene e espaço físico. Para a paciente que necessita de internação, o índice de aprovação está em 91%.
Voluntárias ajudam a manter trabalhos de doulas e o Centro de Acolhida
Desde 1985, o Amparo Maternal conta com o auxílio de um corpo de voluntárias que foi ganhando reconhecimento e muitos adeptos ao longo dos anos. Das mais de 120 voluntárias que colaboram atualmente com o Amparo Maternal, 40 são as doulas, mulheres que se dedicam a apoiar as gestantes antes, durante e após o parto, orientando e proporcionando conforto físico e emocional. Além disso, a Instituição oferece, periodicamente, curso de formação de doulas para quem deseja iniciar essa atividade tão nobre
Há ainda 26 voluntários que colaboram no Centro de Acolhida, abrigo provisório mantido em parceria com a Prefeitura de São Paulo. Nele, gestantes em situação de vulnerabilidade e risco social, como moradoras de rua e refugiadas de outros países, podem residir por um período determinado e participar de ações pedagógicas, artesanais e motivacionais, realizadas diariamente pelos voluntários. A intenção é profissionalizar essas mulheres para reinserção social, familiar e no mercado de trabalho, favorecendo o processo de reconstrução de vida.
Para homenagear e refletir sobre a importância do trabalho realizado pelo Hospital Amparo Maternal há 80 anos, a Instituição vai realizar uma missa no dia 23 de agosto, na Paróquia São Francisco de Assis, às 15h. A comemoração se estenderá para o dia 10 de setembro, em um bingo beneficente no Terraço Itália, onde o Hospital contará com doações para compor suas prendas. As entradas custam R$ 100 e o valor será revertido para a manutenção da Maternidade. Para a compra dos ingressos ou doações, falar com Margarete Cristina de Andrade, da Captação de Recursos, no telefone (11) 5089-8271, ou com Rose Silva, do setor de Doações, em (11) 5089-8275.