Responsável pelo atendimento pré-hospitalar de um município que contabiliza quase 419 mil habitantes, o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) é hoje o principal componente móvel da rede de atenção às urgências não só em Jundiaí (SP), mas em todo país. Dentre as mais de 80 ligações diárias recebidas na base do serviço no município, as equipes são direcionadas às ocorrências de pacientes graves como vítimas de acidentes de trânsito, problemas cardíacos, quedas, ferimentos por arma de fogo e arma branca, entre outros casos que apresentam risco eminente de perda de membros, lesão grave ou, no último estágio, a morte.
Com a pandemia mundial, o trabalho incansável dos profissionais da saúde, atuantes em hospitais, clínicas e no próprio SAMU, tomou destaque nas mídias e no dia a dia da população, trazendo reconhecimento aos trabalhadores e evidenciando a importância que sempre tiveram na sociedade. O coordenador médico da unidade em Jundiaí, Dr. Mário Jorge Kodama, conta que existem muitas dúvidas relacionadas ao serviço, o que dificulta a rotina dos profissionais.
“Ao todo, somos sete pessoas no atendimento telefônico, três realizam o primeiro contato e em menos de um minuto o solicitante já está conversando com um dos três médicos reguladores, que identificam a urgência da ocorrência e avaliam a necessidade do deslocamento das viaturas, feito por outro membro da equipe. É importante que a população utilize o serviço de forma correta e se conscientize sobre a necessidade ou não de acionar o SAMU. Em média, 50% dos casos são resolvidos via telefone, com a orientação do médico para o familiar ou para o paciente que, muitas vezes, não necessita ir até o hospital ou, se eventualmente precisar, consegue ir por meios próprios. Isso garante que em casos realmente graves, nós tenhamos ambulâncias disponíveis na base”.
O médico também explica que os trotes, crime previsto pelo artigo 266 do Código Penal, atrapalham o bom funcionamento do serviço. Em variadas situações, os profissionais recebem desde xingamentos gratuitos, ameaças e até ligações de ocorrências falsas, ocasionando no deslocamento desnecessário da ambulância e resultando na demora do atendimento de urgência. Ainda assim, em meio aos desafios, a equipe possui muitas histórias emocionantes de superação para contar.
“Recentemente atendemos uma ocorrência referente à queda de uma criança de 1 ano e 9 meses de um prédio, de uma altura de aproximadamente 5 metros. Nossa equipe prestou o primeiro atendimento e devido a gravidade, acionamos a helicóptero Águia, da Polícia Militar, que encaminhou a criança para a UNICAMP. O paciente se recuperou super bem pois as crianças têm um poder de regeneração muito maior do que os adultos. Quando ocorrem essas situações, com desfecho favorável, positivo, que felizmente acontece na maioria dos casos, é um combustível enorme para a equipe, mantém nosso estímulo, nossa motivação em meio a tantas dificuldades da profissão”.
Combate ao Coronavírus
O primeiro caso da Covid-19 atendido pelo serviço foi no dia 13 de março e desde então os treinamentos e capacitações para esse tipo de ocorrência são frequentes e baseados em protocolos da Organização Mundial da Saúde (OMS).
“Criamos normativas técnicas que seguimos rigorosamente. É um procedimento que garante a segurança do profissional, de que ele está realizando o procedimento correto para não se contaminar. Produzimos vídeos, orientações escritas e rodas de conversa, e em todo momento que foi oportuno nós levamos e repassamos as informações para que eles pudessem trabalhar com segurança. Eles também recebem todo EPI (Equipamento de Proteção Individual) necessário para minimizar a exposição e qualquer risco possível”, explica o médico.
Atualmente o serviço recebe de 16 a 20 chamadas diárias para atendimentos de Covid. Até o momento, mais de 800 ocorrências relacionadas à doença foram registradas e atendidas pelo SAMU.
“O atendimento ao paciente com Covid é diferenciado, porque o colaborador já tem que sair da base paramentado, com todos os equipamentos de proteção individual (EPI), o que vai garantir a sua própria segurança e a do paciente. Essas ações demandam mais tempo do que o normal em saídas para ocorrências. No local do atendimento, nós realizamos uma avaliação clínica e levamos esse paciente para o serviço de referência que pode ser público ou privado no caso do paciente ser conveniado. Quando a viatura retorna para a base, é necessário fazer a descontaminação do veículo, um processo minucioso de limpeza para descontaminação da maca e de tudo que tem dentro da viatura, para garantir que aquele ambiente esteja adequado para atender a próxima ocorrência, que pode ser Covid ou não. Só o processo de higienização rigorosa leva em média 40 minutos”, explica Dr. Kodama.
O coordenador médico do serviço que funciona 24 horas via telefone 192, também chama atenção para o fato de que o telefone não deve ser utilizado para tirar dúvidas sobre a doença. É importante que a população se conscientize dessa questão e utilize o número 136, que foi disponibilizado pelo Ministério da Saúde para esclarecimentos de todos os tipos de dúvidas relacionadas à Covid-19 ou o 156, da Prefeitura Municipal de Jundiaí.
Equipe do SAMU recebe doação de EPI
Por meio do Hospital de Caridade São Vicente de Paulo (HSV), de Jundiaí (SP), o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), recebeu a doação de 825 macacões impermeáveis Tyvek DuPont, de vários tamanhos, da empresa Correias Mercúrio, maior fabricante de correias transportadoras da América do Sul.
O item tem sido utilizado durante os atendimentos aos pacientes com suspeita ou confirmação da covid-19. Resistente a líquidos, o Equipamento de Proteção Individual (EPI) protege o profissional contra infiltração, sendo confeccionado em não tecido 100%.
O traje conta com elásticos no capuz, cintura, tornozelos e pulsos, fechamento frontal em zíper e sobreposição com uma pala. Em treinamento, os profissionais do SAMU reforçaram as orientações sobre o procedimento correto de paramentação e desparamentação.
“Foi uma doação importante. O DuPont é uma fibra de altíssima qualidade, que oferece máxima segurança para quem utiliza o macacão. Eles ficam armazenados em um local específico e só são utilizados nos casos de ocorrência para atendimento covid-19”, explica o coordenador médico do SAMU, Dr. Mário Jorge Kodama.