Presença digital ressignifica relação médico-paciente

Profissionais da saúde e pacientes nunca estiveram tão conectados uns aos outros. Apesar desse cenário ter ficado mais evidente durante a pandemia da Covid-19, a proximidade entre as duas partes vem amadurecendo à medida que as mídias sociais ganham espaço nos consultórios, tornando mais humana o que antes era uma relação distante e impessoal. Agendamentos pelo WhatsApp, consultas online e esclarecimento de dúvidas pela “DM” do Instagram já fazem parte da rotina de médicos e demais profissionais da área da saúde que utilizam estrategicamente essas e outras plataformas para conquistar novos pacientes e manter uma relação duradoura com os atuais.

Esse foi o caminho que o médico ortopedista e cirurgião da coluna Carlos Augusto Costa Marques, de Cuiabá (MT), seguiu para se destacar entre a concorrência local e não depender apenas da indicação boca a boca. Hoje, muitos pacientes que chegam ao consultório pela primeira vez dizem ter encontrado o  profissional pelo Google, após pesquisarem sobre especialistas e assuntos relacionados à ortopedia e acessarem a página de avaliações ou o blog com artigos assinados pelo médico. Ele também marca presença no Facebook e no Instagram, onde compartilha links dos artigos publicados em seu blog. Além disso, utiliza a plataforma do iMedicina para enviar e-mail marketing com artigos de interesse do paciente e lembretes de consultas e confirmações.

Fora a divulgação do trabalho e da excelência do atendimento no dia da consulta, Carlos Augusto se dedica na estruturação de ações que ofereçam uma boa experiência pós-consulta. “Cada paciente tem um tipo de patologia, então, após uma consulta, envio algo sobre aquela doença, lembretes e informações sobre determinado remédio que prescrevi, pergunto se ele já deu início às sessões de fisioterapia e, em caso de dúvidas, deixo o canal aberto para entrar em contato comigo”, conta. O ortopedista e cirurgião explica que essas estratégias têm impactado na fidelização, que aumentou quase 50%, e hoje, pelo menos 90% de seus pacientes retornam ao consultório para novas consultas.

Pacientes mais informados e exigentes

Ao longo do século 20, as práticas médicas passaram a adotar condutas terapêuticas que permitem maior autonomia do paciente para participar, inclusive, de decisões sobre o próprio tratamento. A internet potencializou essa emancipação, e agora os consultórios recebem pacientes cada vez mais exigentes, informados sobre doenças, diagnósticos e tratamentos.

“A medicina mudou. É o médico quem precisa se adaptar às necessidades do paciente, não o contrário. Eles buscam por um atendimento personalizado, com empatia e com um profissional de quem eles se sintam próximos. As ferramentas digitais contribuem muito para esse atendimento individualizado e facilitam que nós, médicos, possamos acompanhar de perto os resultados do tratamento e dos processos de melhora, cura e mudança de vida”, acredita o médico Carlos Augusto.

Onde estar, eis a questão

Considerando a presença dos médicos nas redes sociais, o novo Código de Ética (Resolução CFM nº 2.217/2018), em vigor desde abril de 2019, passou a dispor também sobre as práticas dos profissionais no ambiente digital. Conselhos de outras especialidades da saúde também perceberam a necessidade de atualizar seus códigos diante dessa realidade. A legislação permite que os profissionais da saúde produzam conteúdos educativos para blogs, canais de vídeo, podcast, sites, redes sociais ou qualquer outra plataforma, seja ela própria ou de terceiros.

Mas é preciso marcar território em todos os canais disponíveis? Para o oftalmologista e CEO da empresa de soluções em tecnologia em saúde iMedicina, Raphael Trotta, não é bem por aí. “Ao estar presente no ambiente digital, o profissional da saúde precisa ter em vista os seus objetivos e selecionar os canais de maneira estratégica”, explica. Segundo ele, um ponto de partida para começar a maturar a estratégia da presença digital é procurar onde estão os profissionais de maior referência da área. “Se a maioria deles está no Youtube e no Instagram, então, o profissional precisa marcar seu território nessas redes”, completa.

Um levantamento divulgado pelo Google em 2019 aponta que 26% dos brasileiros recorrem a sites de busca para pesquisar temas relacionados à saúde. E foi nesse site que Carlos Augusto resolveu investir seus anúncios no formato de links patrocinados. O médico também impulsiona os posts em suas redes sociais para que o conteúdo chegue a mais pessoas. Mas a mensagem precisa chegar ao público certo. “Seleciono o perfil de pessoas que eu acredito que irá se interessar pelo assunto do post, então, direciono esse conteúdo definindo gênero, idade, cidades de abrangência etc.”, revela o ortopedista e cirurgião.

Essa estratégia é muito importante para qualificar o público e tornar o conteúdo relevante. Segundo Raphael Trotta, as redes sociais e outras plataformas digitais funcionam de formas diferentes. Cada uma possui uma dinâmica própria. Podem ter públicos mais segmentados e funcionar melhor com um tipo específico de conteúdo. “Se o paciente não é candidato a uma cirurgia bariátrica, por exemplo, não faz sentido receber conteúdo sobre esse procedimento. O médico que alimenta suas redes com conteúdo não precisa criar fluxos para todo tipo de paciente que entra no consultório dele, mas é importante desenvolvê-los de modo a entregar valor para quem recebe”, finaliza.

Redação

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