Detecção precoce, tratamento adequado e garantia dos direitos de pacientes são as principais bandeiras da FEMAMA, pelas quais já luto, pessoalmente, há mais de 14 anos. Estamos no momento da consulta pública da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para incorporação de novas tecnologias. Este é o momento de unirmos esforços para tornar a medicina personalizada uma realidade para os usuários de plano de saúde, que representam 25% da população, e, com isso, poder diminuir drasticamente a judicialização pela falta de acesso.
Toda paciente é única, assim como o câncer de mama de cada pessoa é diferente um do outro. Cada paciente precisa de tratamentos específicos e individualizados, sempre tendo seus direitos assegurados durante toda a jornada de cuidado.
Nos últimos anos, o avanço da medicina trouxe mais qualidade de vida, melhores desfechos, novos tratamentos e um olhar personalizado para o câncer de mama. Estamos agora em uma janela de oportunidade de nos mobilizarmos como sociedade para conquistarmos esse avanço. O motivo? A cada dois anos, a ANS, responsável pela regulação do setor de planos de saúde no Brasil, abre o ciclo de atualização do Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde que, em termos práticos, garante o que os planos de saúde precisam cobrir, obrigatoriamente, em termos de exames, procedimentos, remédios, tratamentos, intervenções e tecnologias.
Durante esse processo de avaliação, é aberta uma consulta pública para ouvir a sociedade civil sobre a incorporação das tecnologias. E é nessa janela de tempo que a sociedade civil, além de médicos e pacientes, pode contribuir de forma mais ativa com sua opinião, influenciando decisões que afetam a vida de milhares de pessoas.
Com o propósito de atuar durante toda a jornada de pacientes com câncer de mama, a FEMAMA lançou a campanha “Dê mais Atenção #ELAPRECISA” para informar a população sobre a consulta pública, como isso afeta a vida de pacientes e orientar por meio de um passo a passo a forma de participar desse processo de decisão. De nada adiantam essas janelas se não empoderarmos a população com informação científica para saber como fazer valer seus direitos e mudar a realidade do acesso a tratamentos inovadores – já em uso em protocolos internacionais – para o câncer de mama e outros cânceres também. Esse é o objetivo: chamar a atenção de todos nesse momento único que demanda participação ativa de todos nós.
Em avaliação para câncer de mama, temos o Teste de 21 Genes, que oferece diagnóstico molecular do tumor da mama e indica as chances do câncer de mama voltar no período de 10 anos em estágio mais agressivo após o diagnóstico, indicando se há ou não benefício no uso de quimioterapia adjuvante. Com a análise do teste, a paciente recebe uma nota e, a partir desse resultado, é possível indicar o melhor caminho terapêutico a tomar. Esse é um exemplo de tecnologia que, se incorporada, pode, inclusive, representar uma economia aos planos de saúde – evitando que tratamentos desnecessários sejam manejados; além de poupar a paciente de efeitos adversos da quimioterapia, como fadiga, náusea, vômito e perda de cabelo, por exemplo.
Dentre os medicamentos, também estão inibidores de CDK, classe de tratamento para tumores de mama HR+/HER2- avançados ou metastáticos e o inibidor de PARP, relacionado enzimas associadas às mutações dos genes hereditários BRCA1 e BRCA2. Ambos são quimioterapias orais, que podem ser manejadas no conforto de casa e deixam clara a necessidade de termos medicamentos específicos para cada subtipo da doença, o que representa um ganho às pacientes.
Ter acesso às melhores tecnologias significa garantir o controle efetivo do câncer de mama, por isso nós lutamos para que pacientes consigam ter tratamento ágil e eficaz para assegurar qualidade de vida durante o enfrentamento da doença. Sabendo dos seus direitos, pacientes também se tornam agentes transformadores da realidade brasileira da assistência oncológica.
Por tudo isso, convido pacientes, cuidadores, familiares, profissionais de saúde, membros de ONGs e demais pessoas envolvidas com o câncer de mama a participar da consulta pública. Conheça as tecnologias em avaliação e o posicionamento da FEMAMA sobre cada uma delas e faça a sua parte, contribua. A comunidade do câncer precisa da sua atenção.
Maira Caleffi é mastologista, presidente voluntária da FEMAMA (Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama) e do e Instituto da Mama do RS, chefe do serviço de mastologia do Hospital Moinhos de Vento (Porto Alegre/RS) e líder do Comitê Executivo do City Cancer Challenge Porto Alegre