Coronavírus avança 384% na Região Metropolitana de Campinas após atraso na divulgação dos dados

O atraso na atualização dos dados referentes à Covid-19 no Estado de São Paulo, provocado por problemas nos sistemas de informação do Ministério da Saúde entre os dias 6 e 9 de novembro, fez com que a taxa de novos casos na RMC – Região Metropolitana de Campinas (SP) avançasse 384% na 46ª Semana Epidemiológica, correspondente ao período de 8 a 14/11. Apesar das distorções causadas pelos números represados, o aumento de 18% nas internações no Estado de São Paulo, e de 19% no Departamento Regional de Saúde de Campinas (DRS-Campinas), sugere mudanças no cenário da pandemia na região nas próximas semanas (VEJA NOTA COMPLETA).

Embora imprecisos para fins de análise sobre o comportamento da doença, os dados observados pelo Observatório PUC-Campinas mostram que o aumento de 384,5% na RMC, resultante de 2,8 mil novas infecções no período, foi também evidenciado no DRS-Campinas, que manifestou alta de 350,8% depois de contabilizar 3.859 contaminações na 46ª Semana Epidemiológica. A cidade de Campinas, com 764 casos, exibiu acréscimo de 255,3%.

Para o infectologista da PUC-Campinas, Dr. André Giglio Bueno, a criação de uma base de dados municipal com estatísticas de atendimentos diários a sintomáticos respiratórios em unidades de pronto atendimento, bem como de internações por suspeita de Covid-19, ajudaria a entender o panorama da pandemia em tempo real. Ele diz, contudo, que não há como ignorar o crescimento das hospitalizações em todo o Estado, levantando indícios sobre o avanço do vírus nos próximos meses.

“Devemos, portanto, seguir recomendando o máximo rigor na adesão às medidas de prevenção, como distanciamento físico, utilização de máscaras, higiene adequada das mãos e de superfícies, além de evitar exposição em ambientes fechados e com pouca ventilação”, reforça o professor da Faculdade de Medicina da PUC-Campinas.

Do ponto de vista econômico, a possibilidade de uma segunda onda gera preocupação, uma vez que a atividade econômica e o mercado de trabalho ainda sentem os prejuízos iniciais da Covid-19. Na comparação com 2019, os setores da Indústria e de Serviços apresentam quedas de 7,2% e 8,8%, respectivamente. O comércio, que atingiu os patamares do ano passado, sobretudo após a reabertura dos estabelecimentos, teme novos efeitos negativos em caso de recuo nas medidas de flexibilização para o funcionamento das atividades comerciais.

De acordo com o economista Paulo Oliveira, que coordena as análises referentes ao Coronavírus pelo Observatório PUC-Campinas, o possível avanço da pandemia assusta, ainda, trabalhadores acometidos pelo fechamento de vagas e diminuição da oferta de postos de trabalho no decorrer do ano. Apesar da geração positiva nos últimos três meses, o saldo de emprego na RMC em 2020 segue negativo em 19,4 mil postos, segundo os últimos dados divulgados pelo CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério da Economia.

“Os dados do mercado de trabalho preocupam e indicam a dificuldade de uma recuperação da economia que dependa do consumo das famílias, especialmente diante da possibilidade do fim ou redução dos programas de transferência de renda, como o Auxílio Emergencial”, diz Oliveira, reforçando que a retomada também depende da política de gastos públicos e da recuperação da economia internacional.

Os dados da Covid-19 na RMC podem ser obtidos no Painel Interativo do Observatório, pelo site observatorio.puc-campinas.edu.br/covid-19.

Redação

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