Setor de Psicologia de hospital segue atento à saúde mental de pacientes e colaboradores

O mês de janeiro é dedicado à campanha Janeiro Branco, que destaca a importância dos cuidados com a saúde mental, sobretudo em momentos de pandemia. A campanha está em sua oitava edição, com o tema “Todo Cuidado Conta”. Mas a atenção à Saúde Mental vai além de um mês dedicado a lembrar da importância desse fator na qualidade de vida. As perdas provocadas pela Covid-19 estão afetando toda a população. Desde a perda derradeira, que é a de familiares, amigos, colegas de trabalho para a doença, até a perda de liberdade pelo isolamento, o excesso de informações, a perda do emprego e do poder econômico, todas afetam profundamente o equilíbrio emocional e mental e é nesse momento que a atenção à Saúde Mental deve ser vista com todo o cuidado.

Há cerca de 15 anos, o Hospital Santa Isabel, de Blumenau (SC), realiza o atendimento psicológico a pacientes e familiares, como forma de acolher, amenizar e remodelar toda a carga emocional decorrente de um processo de internação e de adoecimento. Quando a pandemia da Covid-19 surgiu, o trabalho se estendeu a pacientes que precisavam lidar com uma doença desconhecida, que os isolava do convívio com a família. E para amenizar tais fatores e buscar manter a saúde emocional de todos – colaboradores, pacientes e familiares -, o Hospital Santa Isabel adotou medidas de acolhimento e escuta, desde o começo, em março de 2020. Inicialmente, foram realizadas intervenções terapêuticas individuais e em grupo com os colaboradores, estendendo-se aos pacientes e familiares. Horários foram flexibilizados para os colaboradores, permitindo que eles pudessem redimensionar os cuidados aos filhos e familiares. Com as restrições de visitas aos pacientes (necessários para precaução e evitar aumento de contágios), estabeleceram-se medidas informativas, ampliando a comunicação por meio de videochamadas, acompanhamento terapêutico, assistencial e médico diariamente por telefone. Os colaboradores receberam atendimentos individuais e acompanhamento terapêutico, restabelecimento emocional e fortalecimento de recursos para enfrentamentos, que ainda são realizados por uma equipe de psicólogos, conforme a demanda.

“A sobrecarga da jornada de trabalho, somada à jornada domiciliar e aos fatores emocionais, bem como, o estar vulneral e o grau de responsabilidade impresso, aumentou os índices de problemas relacionados à saúde mental, influenciando nas taxas de suicídio, desajustes alimentares, conflitos pessoais, conjugais e familiares, distúrbios de sono, alterações de humor, entre outros. Mascara-se as alterações de humor e os sentimentos a todo o momento, muitas vezes não nos sentimos à vontade em demonstrar, falar e expressar nossos medos, receios e ansiedades com naturalidade. Precisamos ficar alertas aos nossos sentimentos e, de quem convivemos, buscar escutar sem prejulgamentos e discriminações. É importante destacar ainda o quão danoso é, ao nosso bem estar e à nossa saúde mental, quando os receios, ansiedade e imprevisibilidades tomam força, seja internamente ou externamente”, chama a atenção Jaqueline Franzmann Zachow, Psicóloga Hospitalar do Hospital Santa Isabel.

Segundo ela, os sentimentos como ansiedade e depressão podem representar danos à saúde, por estarem vinculados às frustrações e angústias geradas pela ausência de projeção futura de pequeno, médio e longo prazo, o que aumenta a incerteza e o nível de ansiedade, afetando diretamente a qualidade de vida, sono, oscilações constantes de humor, alteração e reflexos alimentares.

“É essencial que, a todo o instante, estejamos atentos ao que estamos ouvindo, sentindo, pensando e fazendo. Nossa mente é a nossa maior aliada. É ela que nos possibilita ultrapassar as adversidades diárias”, afirma a psicóloga do HSI.

Ela recomenda que é preciso garantir momentos que possam ajudar a amenizar a sobrecarga de estresse e trabalho e, dentro do possível, buscar opções que tragam prazer. “Uma boa leitura, filmes, atividades físicas, filtrar as informações recebidas, buscar auxilio (a participação de grupos para troca de experiências, com pessoas próximas ou por meio de tratamento profissional) na intensão de dividir os pensamentos e sentimentos, bem como, ponderar as auto críticas e cobranças, são alguns dos exemplos que podem ajudar a diminuir os efeitos de toda a pressão que a pandemia está impondo às pessoas”, explica Jaqueline.

Redação

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