Serviço Geológico importa detectores de radônio para prevenção de câncer

O Serviço Geológico do Brasil (SGB-CPRM) concluiu a importação de 500 equipamentos para dar continuidade a um programa pioneiro que busca medir o risco de contaminação por radônio no Brasil. Os detectores de radônio chegaram no dia 15 de janeiro no aeroporto de Brasília (DF), vindos de Portugal.

A aquisição para o Programa de Risco de Radônio no Brasil representa a primeira importação do SGB-CPRM, empresa pública ligada ao Ministério de Minas e Energia, utilizando os benefícios previstos para os Institutos de Ciência e Tecnologia (ICTs), que inclui isenção dos impostos de importação e sobre Produtos Industrializados (IPI), PIS/PASEP, tributos estaduais (ICMS), entre outras facilidades. O SGB foi credenciado como Instituição de Pesquisa Científica junto ao Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTI)/CNPQ em 1º de novembro de 2018.

Os dispositivos são utilizados para medir o nível de exposição em ambientes fechados por radônio, gás radioativo originado do decaimento do Urânio e do Tório. Estes elementos estão naturalmente presentes no solo, rochas e água. No entanto, ao emanar do solo, o gás se infiltra nas habitações e ambientes fechados, podendo se acumular a níveis elevados.

O RADÔNIO E OS RISCOS PARA A SAÚDE HUMANA – As agências internacionais de saúde e de proteção radiológica o consideram como o maior causador de câncer de pulmão em não fumantes, estimam que dezenas de milhares de pessoas são vitimadas anualmente por câncer induzido pelo radônio e recomendam, como prevenção, a sua medição em ambientes residenciais ou laborais fechados.

De acordo com o pesquisador em Geociências, Oderson Souza Filho, uma das metas visando instituir o programa nacionalmente e apoiar a criação de leis e políticas de prevenção é criar um indicador de risco que aponte níveis de concentração de radônio no Brasil, pois a exposição em excesso e continuada desse elemento aumenta as chances para o desenvolvimento da doença.

Para isso, o pesquisador explica que os detectores serão utilizados para medição em residências nas áreas de estudo. “Os mapas de exposição ao radônio e as informações epidemiológicas são uma das ferramentas que auxiliarão no planejamento assertivo das políticas de prevenção do câncer de pulmão e planos de mitigação das residências. Visto que não se dispõe de uma estimativa da patologia induzida pelo radônio, o programa tem potencial para evitar que centenas de brasileiros sejam vitimados pela doença”, explicou.

Embora os riscos de contaminação pela radiação do radônio sejam ainda pouco difundidos no Brasil, os dispositivos de medição importados pelo SGB chegam ao país justamente no mês de janeiro, período em que a Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA) promove uma ampla campanha de prevenção ao contágio por radônio. A EPA recomenda a testagem do gás nos ambientes internos das casas e escolas em todo o país estadunidense, o que pode ser um estímulo maior para destacar a importância Programa de Risco de Radônio no Brasil do SGB-CPRM. A testagem é obrigatória em zonas de alto risco nos EUA.

IMPORTAÇÃO PARA CIÊNCIA – O SGB-CPRM adquiriu os equipamentos fabricados por uma empresa húngara como ICT. As ICTs são organizações sem fins lucrativos e seu objetivo principal é a criação e o incentivo a pesquisas científicas e tecnológicas. O CNPq é o responsável pelo controle e distribuição da cota global anual estabelecida pelo MCTI entre as ICTs credenciadas. O processo de aquisição envolveu os setores de compra do SGB-CPRM e foi conduzido pela Chefe do Serviço de Administração e Finanças de Brasília, Valdineia Oliveira, da Diretoria de Administração e Finanças (DAF) e suporte do Técnico em Geociências Bruno de Oliveira do CEDES

“Trata-se da primeira importação realizada pelo Serviço Geológico do Brasil a se beneficiar das facilidades concedidas pelo governo federal às ICTs. Para nós, isso representa um grande avanço e um enorme incentivo para pesquisa de ponta que realizamos. Também significa que se abre uma porta para que outros importantes programas e projetos sejam beneficiados com essas facilidades, reduzindo custos, ampliando acesso a novas tecnologias vindas de fora e impulsionando as pesquisas em benefício do conhecimento geocientífico no Brasil”, comemorou o diretor-presidente do SGB-CPRM, Esteves Pedro Colnago.

COOPERAÇÃO COM AS ÁREAS MÉDICAS – O Programa de Risco de Radônio é coordenado pelo Centro de Desenvolvimento Tecnológico (CEDES) do SGB-CPRM e consiste de uma ação que envolve profissionais das geociências, saúde pública e medicina, com instituições nacionais e internacionais. O SGB-CPRM, em parceria com a UTFP, UFPR e UNIPAMPA, já realizou medições preliminares de concentração de radônio nos municípios de Carambeí (PR) e em Caçapava do Sul (RS), contando com o apoio das secretarias municipais de saúde. Os estudos epidemiológicos estão planejados para este ano de 2021 e outros municípios já estão sendo avaliados para estes levantamentos. Maiores informações, contatar radônio.brasil@cprm.gov.br.

“Por ser um país de dimensões continentais, as informações epidemiológicas e de radiação serão complementadas pelas informações de exposição natural calculadas a partir de dados aerogamaespectrométricos. A estratégia adotada definirá áreas de risco para o desenvolvimento da doença, com melhor disponibilização de recursos financeiros e de profissionais”, acrescentou Oderson.

Ao final da pesquisa, os municípios envolvidos serão informados sobre as localidades com maior risco para radônio, indicação das áreas para monitoramento e práticas de mitigação, conforme a situação. A ação também distribuirá cartilhas informativas sobre o risco do gás radioativo e prevenção de câncer. Para maiores informações, contatar radonio.brasil@cprm.gov.br.

SAIBA MAIS SOBRE OS DETECTORES – Os equipamentos são pequenos, não radioativos e não interferem na rotina das residências. São posicionados em ambientes fechados, como salas em escolas, hospitais, escritórios e dormitórios. Os 500 detectores adquiridos são do modelo RSKS da empresa húngara RADOSYS. São compostos por uma placa de polímero polialil diglicol carbonato (PADC/CR-39). O polímero é sensível ao choque de prótons energéticos e às partículas alfa que criam traços em sua superfície. O detector permanece dentro de uma câmara de difusão, um invólucro selado que protege a placa de poeira e outras impurezas que podem comprometer a leitura, e deve ser à prova de choque, de proteção eletrostática e ter código de identificação. O conjunto placa – invólucro tem dimensões de 26 x 55 mm.

Redação

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