Em fevereiro de 2020, o Instituto Nacional do Câncer lançou a publicação “Estimativa 2020 – Incidência de Câncer no Brasil”. O material indicou que, no triênio 2020-2022, serão registrados 625 mil novos casos de tumores no país. Entre os principais, estão os de mama, próstata, cólon e reto, pulmão e estômago. Com risco ampliado pelo estilo de vida, como sedentarismo, má alimentação e tabagismo, essas doenças também têm origem em causas hereditárias, pela herança genética familiar.
Em muitos casos, quanto mais cedo o câncer for detectado, maiores são as chances de cura. Para ampliar a conscientização sobre sua prevenção, diagnóstico e tratamento, em 4 de fevereiro comemora-se anualmente o Dia Mundial do Câncer. E, nesta data, às 9h, o Hospital Moinhos de Vento, de Porto Alegre (RS), inaugura uma nova estrutura que se soma ao combate dessas doenças: o Laboratório de Genética e Biologia Molecular.
No local, serão realizadas análises moleculares relacionadas a diferentes patologias, em especial aquelas no âmbito da Oncologia e Hematologia. Serão oferecidos testes para biomarcadores que determinam tratamentos específicos, definem um diagnóstico ou prognóstico, monitoram a efetividade de um tratamento, ou ainda identificam pacientes com risco aumentado para câncer.
A unidade, resultado de um investimento de R$ 2,1 milhões em obras e equipamentos, integra o Serviço de Patologia do Moinhos, que foi entregue em novembro passado, chefiado pelo médico Antonio Hartmann. Com o espaço, a instituição se tornou autossuficiente em exames anátomo-patológicos, podendo realizar três mil procedimentos por mês — avanço que se consolida com a Genética e Biologia Molecular.
O coordenador do laboratório, biólogo molecular Gabriel Macedo, explica que as aplicações dos exames são muito variadas, facilitando e promovendo a medicina de precisão — que permite desfechos mais assertivos para o caso específico do paciente. Ele dá o exemplo do adenocarcinoma de pulmão: “existem algumas drogas de alvo molecular e imunoterapias contra esse câncer. Com o teste molecular, o oncologista saberá exatamente qual a melhor escolha para aquele paciente”, afirma Macedo.
Outro avanço trazido pela estrutura é a possibilidade de realizar aconselhamento genético — ou seja, identificar se o paciente possui alguma falha nos genes que, futuramente, poderá desencadear um câncer. “Se uma alteração molecular herdada é identificada, o manejo do paciente pode ser modificado. Isso no intuito de reduzir os riscos de um tumor ou, ainda, possibilitar um diagnóstico mais precoce”, destaca Gabriel Macedo.
No laboratório, será realizada ainda a chamada “biópsia líquida”, que identifica os “rastros” deixados pelos tumores nos fluidos corporais, como células e frações de DNA tumorais circulantes. “Essas tecnologias nos colocam muito à frente na batalha contra esse grande desafiante, que é o câncer. Teremos muito mais ferramentas à mão para trazer melhores desfechos aos pacientes”, celebra Sérgio Roithmann, chefe do Serviço de Oncologia do Hospital Moinhos de Vento.
O espaço participará ainda de programas de certificação internacional, buscando a qualificação contínua e as melhores práticas. “Com essa estrutura, estamos alinhados ao que há de mais moderno no mundo em termos de genética e biologia molecular, reforçando nossa instituição em sua permanente missão de cuidar de vidas”, afirma o superintendente médico do Hospital Moinhos, Luiz Antônio Nasi.
Após a inauguração, ocorrerá um Grand Round virtual, que discutirá a Biologia Molecular e suas aplicações na medicina. O evento, gratuito, terá a apresentação do Dr. Gabriel Macedo, com as participações do geneticista Roberto Giugliani, do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, que falará sobre o papel da genética na medicina no século XXI, e de Rui Manuel Reis, coordenador do Centro de Pesquisa em Oncologia Molecular do Hospital do Câncer de Barretos, abordando o tópico “dos genes ao fármaco em oncologia”. As inscrições podem ser feitas no site grandroundbiologiamolecular.eventize.com.br.