A aplicação das primeiras doses da vacina contra a Covid-19 foi realizada simultaneamente em sete profissionais de saúde no Hospital do Servidor Público Estadual (HSPE). O critério para a escolha dos primeiros imunizados foi definido pela Coordenação de Vigilância em Saúde (Covisa) que liberou 2.700 doses para a primeira etapa da vacinação.
Conheça a história dos primeiros profissionais vacinados no HSPE:
Selma Maria da Silva, 54 anos, técnica de enfermagem da UTI Covid-19 HSPE
Comorbidades: diabetes e hipertensão
Perfil: Solteira, sem filhos, 15 anos de profissão, atua há uma década como técnica de enfermagem no HSPE.
Relato: Para a profissional de enfermagem, a primeira semana na linha de frente do combate à pandemia da Covid-19 foi impactante. Quando chegou ao HSPE ficou impressionada com as novas alas lotadas para atender os infectados pelo novo Coronavírus. Apesar do sentimento de medo e angústia, nunca pensou em abandonar os pacientes e colegas de trabalho, principalmente no momento em que mais precisavam.
Dr. Luciano Narciso Sanches, 59 anos, médico intensivista da UTI HSPE
Comorbidades: diabetes
Perfil: Casado, dois filhos, 35 anos de profissão, mais de duas décadas no HSPE, no qual também foi residente entre 1986 e 1989.
Relato: O médico conta que no início da pandemia um paciente de 43 anos, evangélico, não bebia e nem fumava, tendo sempre uma vida saudável, deu entrada na internação em estado grave por complicações da Covid-19. Em questão de dias, o paciente foi a óbito. Segundo Dr. Luciano, a maneira com que essa doença levou este jovem foi marcante. O mais doloroso para o especialista foi comunicar o falecimento para a esposa do paciente.
Sueli Gonçalves, 54 anos, fisioterapeuta da UTI Covid-19 HSPE
Perfil: Casada, dois filhos, 26 anos de profissão, sendo 24 deles no HSPE (entre UTI e Moléstias Infecciosas)
Relato: Mesmo com medo, Sueli assumiu o compromisso de lutar por vidas. Foram muitas histórias marcantes contadas pelos pacientes internados por Covid-19. Mas o que a tocou bastante neste período foi cuidar dos hospitalizados que eram seus colegas de trabalho, profissionais que se contaminaram por estarem na linha de frente do combate ao novo Coronavírus. A alegria tomava conta quando esses colegas tinham alta hospitalar, mas a tristeza também abatia quando faleciam pela doença.
Benedito Moraes Neto, 55 anos, enfermeiro da UTI Covid-19 HSPE
Perfil: Casado, dois filhos, 28 anos de profissão. 15 anos como enfermeiro da UTI no HSPE.
Relato: Emocionado por ser um dos primeiros a receber a vacina no HSPE, o enfermeiro Benedito se recorda de quando cuidou do primeiro paciente internado por Covid-19 no HSPE, o Sr. Carlos Frederico de 65 anos, que venceu a doença depois de quase 80 dias de internação. Benedito revelou ainda sentir a angústia ao relembrar das despedidas dos familiares ao internar os pacientes sem certeza de poder revê-los. Porém, orgulha-se de pertencer a um dos poucos hospitais do país com a menor taxa de mortalidade de intubados pela Covid-19 no Brasil, cerca de 59%, de acordo com a Epimed Solutions que analisa as UTIs Brasileiras.
Dr. Antônio Mitihossi Nagamachi, 69 anos, médico infectologista da enfermaria Covid-19 no HSPE
Comorbidades: hipertensão e diabetes
Perfil: Casado, três filhos, 42 anos de profissão e 39 de HSPE
Relato: Para o Dr. Antônio, todos os pacientes são prioridade e salvar vidas é o grande objetivo. A Covid-19 surpreendeu todos seus colegas médicos de uma forma como nenhuma outra doença havia feito. Os pacientes também deixaram suas marcas nele. Acompanhar tantos idosos perdendo a vida de maneira tão rápida, em consequência da Covid-19, o atingiu de modo muito íntimo, pois com 69 anos se imaginava sofrendo como um daqueles pacientes.
Leandro Azevedo Machado, 46 anos, enfermeiro de uma das alas Covid-19 do HSPE
Perfil: Casado, dois filhos, seis anos de profissão e de atuação no HSPE.
Relato: Todo o período à frente da pandemia foi muito incerto. Relata ter sido gratificante receber cartas, mensagens de agradecimento, por vezes, até em guardanapo, dos pacientes e familiares atendidos. Conta que esse ato de demonstração de carinho conforta e o faz ter certeza de ter escolhido a profissão certa.
Cristina Aparecida Lopes, 48 anos, técnica de enfermagem de uma das alas Covid-19 do HSPE
Comorbidades: pré-diabetes, hipertensão e obesidade
Perfil: Solteira, sem filhos, seis anos de profissão e de HSPE.
Relato: O maior susto foi chegar no dia 21 de março de 2020 e observar o setor em que trabalhava transformado em área exclusiva para o tratamento de pessoas com Covid-19. O medo a assolou, pois a técnica em enfermagem mora com sua mãe de 82 anos que é asmática. O medo de se contaminar e levar para sua mãe a assombrava todos os dias, mas sabia que não poderia abandonar seus pacientes. Até o momento não foi contaminada, mantendo todos os cuidados. Sente-se feliz e lisonjeada por receber a vacina. Para a técnica de enfermagem, estar imunizada a deixa mais confiante quanto à proteção de sua mãe.