Na luta incessante contra a pandemia do novo Coronavírus, os rostos escondidos por equipamentos de proteção individual – máscaras, óculos e toucas – são os verdadeiros protagonistas da batalha. Em todo o mundo, milhares de profissionais da saúde se revezam diuturnamente para prestar assistência aos doentes da Covid-19, sendo em muitos casos, o último contato visual dos enfermos com o mundo.
Os profissionais de saúde dedicam suas vidas para cuidar do próximo, praticando, por meio de suas profissões, a mais pura caridade cristã. Neste momento de extrema dificuldade para a humanidade, eles reforçam sua importante atuação, salvando milhares de vidas e mantendo acesa a esperança cristã da recuperação plena de sua saúde pela fé em Deus.
Este ano, o Dia Mundial do Enfermo, comemorado há quase três décadas pela Igreja Católica no 11 de fevereiro, tem como tema principal “A relação de confiança, na base do cuidado dos doentes”. Em sua mensagem, o Papa Francisco ressalta que “quando a fé fica reduzida a exercícios verbais estéreis, sem se envolver na história e nas necessidades do outro, então falha a coerência entre o credo professado e a vida real. O risco é grave; Jesus, para acautelar do perigo de derrapagem na idolatria de si mesmo, usa expressões fortes e afirma: «Um só é o vosso Mestre e vós sois todos irmãos» (Mt 23, 8). (Cf www.vatican.va/content/francesco/pt/messages/sick/documents/papa-francesco_20201220_giornata-malato.pdf, última visita em 26 de janeiro de 2021)
Na Pró-Saúde, a missão cristã de cuidar dos doentes está expressada em valores concretos de humanização e solidariedade. São cerca de 16 mil profissionais comprometidos diariamente nos cuidados aos enfermos. Este reconhecimento é necessário. Enquanto todos pausaram ou adaptaram suas atividades para cumprir o isolamento social na segurança de seus lares, médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e tantos outros profissionais que atuam em unidades de saúde se mantiveram firmes em seus postos, em muitos casos, abdicando até mesmo do contato com seus familiares e entes queridos.
Francisco recorda com precisão que “a doença obriga a questionar-se sobre o sentido da vida; uma pergunta que, na fé, se dirige a Deus. Nela, procura-se um significado novo e uma direção nova para a existência e, por vezes, pode não encontrar imediatamente uma resposta. Os próprios amigos e familiares nem sempre são capazes de nos ajudar nesta busca afanosa”. Cuidar da saúde das pessoas em seu momento de maior fragilidade é a missão fundamental que deu origem à Pró-Saúde, em 1967. Essa vitalidade que perdura meio século só é possível graças a todos os que vieram antes de nós, e que assumiram a verdadeira vocação de acolher e cuidar de pessoas nos cantos mais remotos do Brasil.
Em consonância com as palavras do Santo Padre, a Pró-Saúde, além de já ter prestado assistência médica para mais de seis mil pacientes com a Covid-19 em todas as regiões do país, também atua fortemente para garantir o apoio religioso por meio da Pastoral da Saúde, proporcionando aos enfermos momentos de fé, esperança e acolhimento espiritual, durante este período desafiador.
Todos os enfermos, sem distinção, precisam ter ao seu alcance condições para que possam reestabelecer sua saúde nos momentos de maior necessidade. Um cuidado integral, humano e digno, tanto em grandes centros urbanos como em meio à floresta Amazônica. É isso que nos move diariamente. Como ressalta o Santo Papa Francisco “a proximidade é um bálsamo precioso, que dá apoio e consolação a quem sofre na doença”.
Que Deus os abençoe!
Dom João Bosco Óliver de Faria é Arcebispo Emérito de Diamantina (MG) Presidente da Pró-Saúde