Um ano de pandemia no Brasil: diagnósticos de câncer caem pela metade

Neste mês de março, quando completamos um ano de pandemia, o Instituto Oncoguia, com o apoio da Roche, divulga novos dados do Radar do Câncer que destacam os impactos da pandemia de Covid-19 em todas as etapas da jornada dos pacientes com a doença. As informações foram compiladas por meio da coleta de dados do DATASUS, mapeando procedimentos de rastreamento, diagnóstico e tratamento dos pacientes e os comparando com o período de 2019.

Um dos principais procedimentos para o diagnóstico do câncer, as biópsias, tiveram uma redução de 39,11%, quando comparados os meses de março a dezembro de 2019 e 2020. Em 2019 foram realizados 737.804 desses procedimentos e, em 2020, um total de 449.275. As maiores quedas ocorreram nos meses de abril (-63,3%) e maio (-62,6%). “A redução do número de biópsias para diagnóstico de câncer tem repercussão muito grande na mortalidade. Quando vemos essa queda, entendemos que muitas pessoas estão deixando de ser diagnosticadas e tratadas, o que permite que o tumor cresça e se torne menos curável”, comenta Rafael Kaliks, oncologista clínico e diretor científico do Oncoguia.

Outros exames importantes para a saúde da mulher, como o citopatológico cervico vaginal, tanto para diagnóstico, como para rastreamento de câncer do colo do útero, também apresentaram queda, assim como a mamografia. Houve redução de mais de 50% nos exames citopatológicos e a mamografia de rastreamento, fundamental para o diagnóstico precoce, apresentou queda de 49,81%. “São dados extremamente preocupantes”, lamenta a fundadora do Instituto Oncoguia, Luciana Holtz. “A pandemia afetou e continua afetando profundamente o cenário do câncer. Exames, tratamentos e consultas pré-agendados foram suspensos ou cancelados, tanto a pedido do paciente, como por medida de segurança adotada pelas instituições de saúde”, explica.

A cada ano no Brasil, cerca de 700 mil pessoas recebem o diagnóstico de câncer e 225 mil morrem por conta da doença. Em situações normais, o país já possui uma alta taxa de diagnóstico tardio, agora, com a pandemia, tudo indica que o problema vai aumentar muito. Essa é uma das principais preocupações surgidas pós-levantamento desses dados públicos feito pelo Instituto Oncoguia, que realizou duas fases de uma pesquisa, em 2020, para compreender, pela voz do paciente e do familiar, as dificuldades e os desafios que as pessoas com câncer têm enfrentado para realizar seus tratamentos.

“Apesar de termos acompanhado muito de perto as preocupações, os sentimentos e os cancelamentos vividos pelos pacientes com câncer durante todo esse período, esses novos dados do Radar do Câncer materializam uma realidade que temos que começar a enfrentar desde agora”, reitera Luciana. “Onde estão essas pessoas que não fizeram seus exames e, em especial, as biópsias? O câncer não espera, e os cuidados com a saúde não devem ser interrompidos.”

Patrick Eckert, Presidente da Roche Farma Brasil, explica que pela gravidade e pelo grande número de casos, o diagnóstico e o tratamento do câncer precisam ser um tema de interesse de toda a sociedade. “Apoiar a análise dos dados sobre esse impacto nos coloca no caminho de traduzir essas preocupações em ações, sem deixar nenhum paciente para trás, ainda mais em um momento de pandemia, em que a falta de atenção adequada pode resultar em avanço da doença”, exemplifica.

Todos os dados e gráficos podem ser acessados no Radar do Câncer, disponível em: radardocancer.org.br/painel/covid

Redação

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