Mudança climática é a maior ameaça à saúde do século 21

Falta de água e alimentos, calor extremo, enchentes constantes, poluição do ar, alteração no ecossistema, perda da biodiversidade do planeta, migrações, guerras e, claro, novas pandemias. Parece a narrativa de uma série ou filme de ficção, mas são apenas alguns dos impactos que o planeta sofrerá em breve, caso não controle a emissão de gases de efeito estufa (GEE) que colaboram diretamente para o aumento do aquecimento global. Um estudo da The Lancet, por exemplo, uma das maiores revistas científicas do mundo, aponta que as mudanças climáticas são a maior ameaça à saúde do século 21, e milhões de pessoas já vêm sofrendo graves consequências nas últimas décadas.

Em uma tentativa de frear esse cenário e contribuir com um benchmarking sobre o tema, o bem-estar dos profissionais de saúde e com a sociedade em geral, o Comitê de Sustentabilidade da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) acaba de lançar uma cartilha exclusiva e gratuita com orientações sobre o manejo e o descarte adequado de resíduos hospitalares. O material contempla conceitos, definições, legislações, procedimentos e as melhores práticas de gestão de resíduos em conformidade com as normas e resoluções ambientais. Para obter a publicação, basta acessar o link conteudo.anahp.com.br/cartilha-gerenciamento-de-rss.

A cartilha é direcionada para profissionais de saúde e gestores de áreas relacionadas, como sustentabilidade, resíduos sólidos ou análise ambiental. “O conteúdo é didático, ilustrativo e foi produzido de forma transparente, abordando também as dificuldades. A ideia é contribuir para o setor como um todo, oferecendo informações de qualidade que vão auxiliar na melhora e no gerenciamento ambiental. Trata-se de um tema que precisa ser debatido e nada melhor do que fazer isso por meio da conscientização, orientação e soluções inovadoras, como as alternativas para tratamento de resíduos de saúde apresentados na cartilha”, explica Ingrid Cicca, gerente de Sustentabilidade da Rede D’Or São Luiz e membro do Comitê de Sustentabilidade da Anahp.

A publicação foi lançada ontem, terça-feira (16), data em que se comemora o Dia Nacional da Conscientização sobre as Mudanças Climáticas, durante o evento “Emergência climática: do que estamos falando?”. O webinar promovido pelo Grupo de Trabalho (GT) Práticas da Sustentabilidade da Anahp contou com a participação de Vital Ribeiro, presidente do Conselho do Projeto Hospitais Saudáveis; Weibel Ortega, analista Ambiental do Hospital Albert Sabin (MG), e Cláudia Novaes, coordenadora de Hotelaria Hospitalar do Hospital Aliança.

Um dos principais objetivos foi abordar a intensificação e as consequências dos eventos ambientais extremos no planeta e explicar como a concentração de gases na atmosfera impactam direta e indiretamente no setor de saúde. Segundo Ribeiro, a emergência climática é a palavra de ordem do momento, mesmo em meio à pandemia. “Estamos falando sobre crises que vêm sendo anunciadas há muito tempo e os impactos das mudanças climáticas já são sentidos em todo o mundo. Não é algo que será visto apenas em um futuro distante, mas durante a nossa geração e a dos nossos filhos”, alertou.

Ainda de acordo com Ribeiro, mudanças precisam ser feitas na forma como os seres humanos consomem e se relacionam com a natureza. “Atualmente, o planeta Terra está 1,1°C mais quente do que no início da Revolução Industrial. No ritmo atual de emissões de dióxido de carbono, a temperatura global poderá crescer entre 3° e 5°C até o final deste século. Um relatório sobre a Lacuna de Emissões 2019 afirma que mesmo que todos os compromissos atuais sobre o Acordo de Paris sejam implementados, o que não vêm acontecendo, as temperaturas deverão subir 3,2ºC, com impactos climáticos maiores e destrutivos”, detalhou. Para o executivo, a relação da pandemia de Covid-19 com a mudança climática está bem clara e estabelecida. “Podemos ver isso no modo errado de ocupar o planeta e se relacionar com outras espécies. Isso significa que a recuperação depois da pandemia precisa ser vista como uma oportunidade de transformação verde, resiliente, inclusiva e sustentável para a nossa sobrevivência”, afirmou.

Preocupado com esse cenário, o Hospital Albert Sabin (MG) produziu um inventário de gases de efeito estufa (GEE), visando mitigar os impactos ambientais no planeta. Segundo Weibel, que abordou os desafios e as dificuldades nesse processo durante sua fala, os benefícios ao produzir o conteúdo são imensos. “Os fatores que nos motivaram a desenvolver o inventário englobaram a identificação de oportunidade de melhorias de processos internos, auxílio na gestão da sustentabilidade e na tomada de decisões, além do novo aprendizado e reforço do comprometimento da instituição com as mudanças climáticas. Queremos incentivar que outros hospitais, apesar das dificuldades, se alinhem a essa causa que é de todos”, contou.

Outro exemplo foi dado pelo Hospital Aliança, na Bahia. Cláudia, que é coordenadora de Hotelaria Hospitalar da instituição, falou sobre os primeiros passos para uma gestão efetiva das emissões de GEE. “É preciso promover mudanças a partir do conhecimento. Os benefícios ao realizar essa gestão são imensos: maior controle, identificação de oportunidades de melhoria nos processos, checagem dos desperdícios e maior precisão no cálculo de emissões de gases. É um caminho sem volta. O inventário auxilia no controle, pois conta com informações importantes, como as emissões por combustão estacionária, emissões fugitivas (gases de ar-condicionado, extintores e gases refrigerantes, resíduos sólidos) e emissões indiretas pela compra de energia elétrica.”

Ingrid finalizou o webinar dizendo que as mudanças climáticas são um desafio para a saúde e o planeta e destacou que esse é o primeiro de muitos encontros. O vídeo completo com mais informações e detalhes das apresentações está disponível no canal da Anahp no Youtube: youtu.be/09kHNlsJW88.

Redação

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